Este lugar em que moramos é um grande museu ao ar livre sobre o meio século em que o café foi o ítem mais importante da economia do país e do estado do Rio de Janeiro. Andando de bicicleta pelas estradas da região vemos as imponentes construções erguidas num tempo em que não existia cimento nem casas de material de construção. As casas-grande se multiplicaram pelos caminhos longe das sedes das cidades. No estado do Rio o café foi um negócio que não se sustentou, durou de 1830 até 1880, mas deixou ricos e belos casarões. As datas que aparecem nos frontões é do auge da produção de café, a década de 1860. Suas formas variam conforme a cultura de seus propritários e as sacas que suas terras produziam.
Com sua mania de normatizar tudo os arquitetos e historiadores tentam encaixar os casarões em cinco estilos. No livro os estilos são bem descritos e começa pelas mais simples.
Antes, uma consideração. O ciclo do café no estado do Rio sucedeu a criação de gado e plantação de cana de açúcar feita sem nenhuma ambição de exportar. As poucas casas de fazenda eram pequenas e atarracadas. Quando os cafezais começam a produzir não há mãos a medir para plantar e colher para o mundo todo. Então, não se vê uma evolução na forma de construir. As novas casas-grande seguem o estilo da época, os oitocentos, e as velhas casas são jogadas abaixo, se o local em que estão é previlegiado, ou simplesmente contróem-se novas em outro ponto das terras. Poucas são reformadas e a maioria se acaba.
Em uma trilha chamada Cafarnaum, que vai de Barra Mansa para Rancho Grande, distrito de Bananal, São Paulo, vê-se um casarão do estilo dosvelhos tempos. Um só andar suspenso do chão, o porão aproveitado para guardar materiais.
Uma variante é o varandão tomando toda a frente da casa-grande que continua com um só andar. Esta, no alto da serra de Bananal tem lareira na sala com assoalho de largas tábuas corrida bem rústicas.
Logo os casarões ganham um segundo andar por onde se sobe por uma bela escadaria. Esta é a fazenda Santana da Cachoeira toda reformada com muito capricho. Fica numa estrada vicinal entre Barra Mansa e Quatis.
Daí os arquitetos acrestam uma cobertura na porta de entrada, um alpendre, que tanto protegia o visitante que batia e fica esperando que abrissem a porta, às vezes sob chuva forte, e para proteger a própria porta contra as intempéries.
Mas o dinheiro entrando a rodo, o proprietário sendo mais culto (como era o caso do barão de Barra Mansa) e contratando e ouvindo as sugestões do arquiteto vindo da Europa surgem casas de fazenda deslumbrantes como a fazenda Criciúma no velho caminho de Barra Mansa para o distrito de N. S. Amparo.
São tantas e tão variadas que classificá-las em cinco tipos é uma simplificação. O fato é que andando de bicicletas por estes caminhos a gente se demora olhando e imaginando o esforço, o suor e os sonhos de tanta gente que realizaram essas belas construções.