Voltar as 7 Quedas é um desafio e uma bela aventura. Quando ainda estamos longe, a uns 30 km, ela aparece majestosa como uma anfitriã aguardando os convidados.
Visitar as 7 Quedas não é como ir a um lugar só para ver as belezas do local, todo caminho revela um visual magnífico e grandioso. A cachoeira despencando lá de cima da serra, quando ainda nem começamos a subida, já é um espetáculo.
Então começa a subida forte porque de Bananal, a 600 m do nível do mar, até lá em cima, a 1600 m de altura se sobe 500 m a cada quilômetro. Sobe-se um prédio de 20 andares a cada 1000 m de aclive. De bicicleta, rodando com a própria força do corpo, é um exercício formidável que dá ao ciclista um orgulho de super-homem. A estrada vai dando voltas e a cada curva o panorama vai ficando mais vasto. Chegamos ao quilômetro 12 com sua bica d’água que no verão é um refrigério, mas neste outono frio só dá pra se admirar. O vale vai ficando cada vez mais lá embaixo e o caminho pelo qual passamos ainda a pouco é uma linha fina serpenteando entre a vegetação. Acima o céu costuma estar de um azul muito intenso. Olhe para cima, a serra continua imensa e nosso destino parece inalcançável.
Chegamos ao km 17, aqui a estrada se bifurca. O asfalto continua para o largo do Brastel com seu lago, pousada e uma encruzilhada de caminhos que varam o alto da serra. Mas nós tomamos o caminho da esquerda, chão de terra com muitas pedras soltas. Esta é a senda para a Estação Ecológica e para 7 Quedas. A inclinação é mais forte. O mundo fica lá embaixo e parecemos gigantes. Finalmente alcançamos o ponto mais alto do caminho apesar das encostas continuarem para muito além. Mas vamos descer e já dá para escutar o rumorejar do rio.
A vegetação é diferente, aqui ainda é o reino das araucárias. As sombras do bosque ao estilo suíço tornam a temperatura enregelante. Então, as placas indicam que chegamos. Descemos das bikes e as empurramos por um trilho até a margem da primeira queda, um remanso tranquilo e dourado e a primeira pedra que é um tobogã muito divertido.
O outro remanso é bom de nadar e termina numa beira de pedra natural que represa a água que cai para o terceiro remanso onde o barato é a ducha forte e estimulante. Mas não neste frio. O remanso raso só serve para ficar estirado quando é verão e o sol ainda está a pino. Da beirada se avista a terceira, quarta e quinta queda. A sexta se perde na mata.
Para se ver a sétima é preciso voltar às bikes e descer até a Estação Ecológica. Nos fundos dela, numa mata de contos de fada, com um caminho onde se pisa no musgo verde, chega-se ao pequeno lago formado pela sétima queda. É tudo obra da Natureza com um pouco de organização do homem, o senhor da ordem e da desordem.
Subir de novo até a virada é penoso, mas a descida de vinte e tantos quilômetros com o ar frio fustigando o rosto e congelando a ponta do nariz e os dedos das mãos, e a paisagem passando céere ao nosso lado é outro prêmio para quem tem coragem de subir às 7 Quedas.