Fui pedalar com meu filho caçula, Márcio Aurélio, no entorno da serra de São José, num distrito afastado em Itaborai. O lugar guarda mistérios e energias estranhas.
Antes, pesquisei sobre aquele recanto. A serra não é resultado de um vulcanismo, as rochas antigas foram empurradas para cima no que os geólogos chamam de "orogênese ", o forte tranco provocado pelo choque das placas tectônicas da África e da América do Sul quando se formou o supercontinente Rodínia. Mas ao norte, ao pé da serra, formou-se uma bacia, uma grande depressão, seu fundo abaixo do nível do mar. Com o rolar dos séculos ela foi sendo aterrada por todo tipo de sedimentos, em especial por toneladas e toneladas de carapaças de caramujo formando um rico depósito de calcária. Por muitos anos, durante o século 20, a Bacia de São José foi explorada pelo Cimento Mauá, que ao abandonar a mina deixou aberto um lago muito fundo. Enquanto arrancavam o calcário estudantes e professores de paleontologia recuperaram dali inúmeros fósseis que contam dos animais monstruosos que rondavam a serra e a depressão, como tigres de dente de sabre e preguiças gigantes. O acervo está no pequeno museu do local.
Foi com a impressão de grandes cataclismos e enormes feras rondando nossa imaginação que andamos quase 50 km conversando muito, como só pai e filho amigos sabem fazer.