bikenauta

Agosto 24 2011

Domingo a noite, 21/08/2011, os carros varando a escuridão gelada, voltávamos de um pedal em Valença. Saímos seis de Volta Redonda para pedalar com Nilson nas estradas daquele município. Enquanto o aquecedor espalhava um ar quente pela cabine o amigo João2010 filosofava: "Não sou uma má pessoa mas admiro o companheirismo e a dedicação de nossos colegas". Essa declaração revela uma importante criação humana, o clube de cavaleiros.

Individualmente, tensionados por forças primitivas como o instinto de sobrevivência e a proteção da prole, a pessoa é levada, muitas vezes, a agir fora das regras do bom comportamento. Assim, desde tempos imemoriais, formaram-se grupos de convivência, clubes em que amigos prometiam, seja por escrito, em rituais ou sub-repticiamente, nunca traicionar e sempre ser fiel a amizade de sua turma. Quem não ouviu falar dos cavaleiros da Távola Redonda nos tempos do rei inglês Artur? E assim, como cavaleiros, procedemos quando nos juntamos para pedalar. Foi o que sucedeu neste domingo gelado.

O dia estava sombrio, frio e uma leve garoa umidecia o ar seco desses dias invernais. Mas Marcus levando João Bosco, Edinho com Fabiano66 e nós, o comboio levava, além das bicicletas, um bolo gostoso e pão fresco para um fraterno café da manhã preparado por "dona" Jaqueline, esposa de nosso anfitrião, no belo sítio da família.

 

Depois, as bikes preparadas, rodamos primeiro nas encostas da serra da Concórdia, depois em um trecho pelo asfalto até entrar por uma estrada de chão com boas descidas até Ipiabas. Enquanto aguardávamos a abertura do restaurante fizemos as devidas libações em agradecimento a nossa boa sorte de ter saúde para pedalar e de ter sabedoria para pedalar e ter boa saúde. O frio aumentava com o vento e uma garoa fina. Almoçamos com vontade.

A conversa em volta da mesa abarcava diversos temas, da política da presidenta Dilma aos futuros passeios. Chegou a hora de rodar e tocamos para o Ronco D'água rodeando uma serra para ter uma bela vista das cachoeiras. Então, como quem sobe tem de descer o contrário também é verdadeiro, e tocamos a subir e subir de volta.

 

Chegamos ao ponto de onde partimos, estávamos enregelados e ansiosos para experimentar um outro programa preparado pelo dono do sítio, andar a cavalo e de charrete. Por conseguinte deixamos nossas enciumadas magrelas nos esperando e a passo e a galope rodeamos o bairro de São Francisco lá pelos altos. Depois de um lanche gostoso, aquecidos pela casa e pela amizade, nos despedimos e com as bikes nos carros voltamos para nossas casas estimulados por mais este encontro da confraria dos cavaleiros ciclistas. (Fotos de Edinho, João Bosco e Fabiano66)

        

publicado por joseadal às 00:01

Agosto 10 2011

Excelente exercício o ciclismo combina a tração de muitos músculos - costas, braços, pernas, tórax e barriga - com o deleite dos sentidos - a visão enchendo-se de imagens da natureza, como dos coqueiros jerivá destacando-se na paisagem do Cafarnaum por onde passamos ontem, e o olfato, o tempo todo agredido pelos odores civilizados, regenerado pelo ar puro dos campos.

Excelente, palavra irmã de excelso, remete a imaginação para o que é elevado. O ciclismo difere do exercício dentro de uma academia em muitos graus. Primeiro, porque ao invés de confinar o espaço expande-o em todas direções e muito especialmente para cima, para a vastidão azul do céu.

Segundo, não falo por mim, não as frequento, mas ouço falar da sensualidade que a vista de mulheres em posições excitantes cria nos que se exercitam neste lugares. No ciclismo, mesmo quando temos companhia das meninas a sensualidade se dissipa pelo espaço aberto, pela velocidade em que rodamos e pela camaradagem. Enquanto pedalamos somos estimulados por outras emoções que não o narcisismo de ficar com o corpo malhado. Da contemplação do belo na natureza se pode chegar mesmo a um estado de meditação. O ciclismo excede um simples exercício.

E assim foi ontem, domingo, 07/08/2011, por toda manhã. A estrada empoeirada desdobrava-se ante as rodas das bikes, umas poucas subidas nos distraia do ritmo sempre igual dos pés no pedais, a vegetação variava dos pastos pardacentos do inverno sem chuvas para matas sombreadas, a travessia dos riachos de águas límpidas era motivo de brincadeiras e a serra da Bocaina, imponente, estava sempre vigiando nosso avanço pelo vale formado pelos sedimentos que desceram dela por séculos e séculos.

A volta sob um sol forte de inverno nos avisou que neste verão o ideal será sair cedo, não ir muito longe e estar de volta pelas 14 horas. O que passar disto é sacrifício. Em casos excepcionais, é um excelente esforço e uma prova de valor.              

 

publicado por joseadal às 23:15
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