bikenauta

Fevereiro 05 2012

Há 8 anos, quando comecei a pedalar, ouvi falar da serra do Funil,
em Rio Preto, MG. Fui postergando até que decidi subir lá com minha bike.


Comecei a me informar e ciclistas muito bons e com a metade de minha idade avisaram: é difícil, seu Zé, eu tive de empurrar.

Mas já subi a Bocaina, a Beleza, o Pacau e até o Alto Caparaó, o Funil não me assustava. Até que neste
sábado, 04/02/2012, acompanhado do colega Nilson de Valença, empreendemos o
desafio. Chegando a Pentagna (10 km do percurso de 100 km) um frequentador do
bar no qual paramos sentenciou: a serra do Funil é onde Deus descansa os pés.
Aí, eu tremi.

Quando tinha 10 anos meu pai, Sr. Gumercindo, presenteou-me com uma Bíblia
novinha e, certa noite, ouvindo um pregador, acompanhei-o na leitura do Salmo
110:1: “Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés”. Em casa
perguntei: o que é “escabelo”. Meu pai respondeu: é uma almofada onde o rei,
sentado no trono, pousa os pés. Agora sabia que a serra do Funil seria uma brabeza, era onde Deus
pousava Seus divinos pés.

Almoçamos em Rio Preto e fizemos a digestão subindo devagar de 400m de
altitude para 900m, em 18km. Já subi até 1200m em 22km indo para 7 Quedas, na
Bocaina, sem precisar desmontar. Será que o Funil seria assim tão difícil? É,
sim. São duas subidas, uma com 6km e outra com 10km. Saímos de Rio Preto antes
de 13h e chegamos lá às 16:30. Foram 3:30h de suor e dor temperado por uma
vista maravilhosa.

Depois de beber quase 2lt de líquido e descansar subimos a pé uma escadaria, os
degraus feitos na própria pedra, até a igreja dentro da gruta. Antes fomos ver o rio de
águas marrons escoar e sumir num funil. As águas nascidas nas serras vêm
abrindo caminho para baixo desgastando as pedras e delineando seu leito.
Possivelmente um desmoronamento tapou a passagem do córrego e ao invés dele
encher, represado, e passar por cima dos blocos que fecharam seu caminho ele achou outra solução. como
as serras são formadas por calcário ele encontrou buracos na pedra para seguir
por uma caverna e surgir à luz do sol mais abaixo. É um sumidouro. Aquele alto de serra impressiona.

A volta foi mais suave, mas o tempo planejado – estar de volta até 17h –
extrapolou completamente, chegamos com o cair da noite, eram 19:30. Mas não foi um
sacrifício, foi um esforço para alcançar um objetivo.  

Na condução vi a lua crescente me seguindo no céu e, como tem muitas
árvores a beira da estrada, ela parecia correr acima delas atrás de mim. Ela tinha de me olhar, afinal subi a serra do Funil!

publicado por joseadal às 18:31

Fevereiro 05 2012

Desde que começou construir suas casas e ajunta-las em
cidades as mulheres e os homens perderam um bocado de sua relação com o Deus.

Cercado de casas e prédios, às vezes, sem conseguir ver um
morro e sua cobertura vegetal, todos seus sentidos só percebendo as obras
humanas, as pessoas embotaram sua espiritualidade.

Voltado para o que faz ele perde sua bússola, seu GPS que lhe diz quem é e porque está neste planeta.

Mas quando saímos por uma estrada, caminhando ou pedalando, o
globo em que vivemos se expande perante nossos olhos admirados.

Um espetáculo assim se descortina melhor no alto de uma
serra. A estradinha serpenteando em volta dela apresenta um visual que nem a TV
nem o cinema conseguem mostrar.

Foi assim nossa subida na serra do Funil, em Rio Preto, MG.

A esfera que chamamos de Terra se abre em um mar encapelado de morros.

O denteado da cadeia de montanhas lá para o lado de
Ibitipoca, as colinas e morros se desdobrando até onde a vista pode alcançar ou
a curvatura de nosso planeta esconde, é de uma magnitude que nos torna humildes.

Longe da característica da construção humana que delimita
o espaço, como o corpo faz com nossa alma, a amplidão que se vê saindo pelos
caminhos faz o espirito dentro de nós lembrar que veio de espaços infinitos e
que para lá ainda vai de volta.

  

Abra seus caminhos, saia de casa, ande com suas próprias
pernas, vá além das últimas casas do derradeiro bairro de sua cidade e veja que
há muitas belezas que não foram feitas pelos humanos.

Na realidade, quando chegamos aqui há milhares de anos já estavam feitas.

Abra, passe a porteira e veja o mundo.

publicado por joseadal às 13:10

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