Lili diz que encho o computador de fotos, mas digo mais, encho a internet de fotos. Quer coisa melhor do que registrar um momento único, que jamais vai se repetir?
- Mas pra que, Zé? Fica tudo lá, no computador, nos CDs e na internet criando poeira e teia de aranha. Quando é que você vai ver de novo aquela foto antiga?
Não pense assim, amigo. Dia desses mesmo cacei uma foto pra colocar na minha área de trabalho e peguei essa aqui.
Olhando-a, depois de três anos, voltou-me a memória o esforço que foi chegar neste píncaro da serra da Carioca, em Rio Claro. Subimos durante mais de uma hora empurrando a bicicleta num trilho de passagem de cavalos. Perto do final, recordo bem, estava rezando para Jesus me empurrar até o cimo e implorando a Ele que não faltasse muito. Não tinha mais braços nem pernas e o coração batia desesperado tentando bombear sangue para cada célula dos músculos que, coitados, trabalhavam sem dó nem piedade.
Passado o primeiro impacto das lembranças veio um constatação maravilhosa. Olhe bem esta foto. Não dá pra ver o rosto do outro ciclista, mas dá para perceber que é jovem. Na época tinha 65 anos e Pedro Eduardo uns 15 anos. Então, dei-me conta deste fato espetacular. Duas pessoas com diferença de três gerações (podia ser pai da mãe dele, dona Malu) pedalando e, por que não dizer, escalando serras, juntos. Sem diferenças de opiniões e gostos, pelo menos enquanto estamos focados na aventura de pedalar. Olhe mais uma vez, podia ser um avô em companhia do neto.
Se pudesse te enfiar uma idéia na cabeça era esta: ande com teu filho (a) ou com teu neto (a). Busque um ponto de contato nas vidas tão diferentes que afastam os jovens dos mais vividos neste mundo pós-moderno. Nada melhor que um exercício ao ar livre, junto a Natureza. Natureza aqui significando todos os meios que Jesus usou, todas as leis da física e da química, para moldar nosso planeta tornando-o tão variado, tão cheio de belezas que entram por nossos olhos e ouvidos, vão a mente e ao coração chegando até o ponto de junção de nós como almas e como espíritos. Olhe de novo a foto.
- Pô, Zé, de novo?
É, olhe aí, podia ser você e teu filho olhando o mundo lá de cima da montanha.