bikenauta

Maio 31 2012

Entre o diversificado grupo de homens maduros e quase todos aposentados que pedalou
mais de 1000 km num extenso circuito por dezenas de cidades de Minas Gerais
estava Nilson. Cada um deles tem uma qualidade marcante, a dele é a hospitalidade.

(ele é o dá direito, ao lado do irmão, João 2010; estava tão integrado ao grupo que não achei nenhuma foto dele sozinho) 

Segundo o matemático e filósofo grego Pitágoras o número sete representa a totalidade dos objetos abstratos que regem nosso
universo de matéria. São sete os dias da semana, as notas musicais e as cores do arco-íris. O que é executado
com o número sete consegue paz em seu interior. É a força que impulsiona os idealistas e os que têm fé e que os torna
muito exigentes consigo mesmos. Guiados pela força cósmica do sete os ciclistas que empreenderam esta
estupenda aventura estiveram o tempo todo atentos às pessoas e lugares e
aproveitaram para meditar e repensar suas vidas. O sete comanda a criatividade e leva à conquista do objetivo.

(em Bicas, sábado a tarde, segundo dia da viagem; na foto aparecem amigos que pedalaram junto com eles por pouco tempo)

Cada indivíduo precisa de privacidade, momentos em que está voltado para si mesmo.
Esta situação é o contrário de ser hospitaleiro. Nilson também sente prazer com sua
própria companhia pedalando escoteiro pelas trilhas de Valença, mas quando está
num grupo é todo atenção com os colegas. Conversando em cima de suas bikes
tanto falando quanto ouvindo ele é pura empatia.

(impossível comer pouquinho quando todo corpo gastou muita energia; o lema do Nilson é a fé remove montanhas e a fome uma montanha de comida)

Um homem cansado por dias seguidos percorrer 100 km costuma ficar irritadiço e
com um nível muito baixo de paciência e compreensão. Nilson não. Em nenhum momento
mostrou irritação, pelo contrário, sempre contribuiu para o bem estar da turma.

(na balsa atravessam a represa próximo a Carrancas)

Por tudo isto, pelo naipe de gente que João Bosco juntou neste desafio, é que a decisão
de andar por mais de 1000 km foi um sucesso para eles e ficou como um exemplo
para seus amigos e para todos que amam o ciclismo por caminhos do sertão.  

 

publicado por joseadal às 12:39

Maio 26 2012

Entre os que pedalaram por 1.145 km fazendo um grande circuito
pelo sul de Minas Gerais está Epifânio, o Peixe. Foi uma equipe de sete homens
que realizaram esta proeza pedalando e só parando para se alimentar e dormir, durante 14
dias. (hora do almoço em Piqueri, no segundo dia da viagem)

Cada pessoa é um universo, uma personalidade carregada de experiências e
com diversas facetas. Necessariamente para uma equipe dar certo precisa ter um
objetivo, seus membros ter paciência e empatia, e não serem muito parecidos.
Numa equipe, quanto mais diferentes melhor. (em Conservatória, ainda no primeiro dia)

Peixe me faz lembrar o mestre do futebol, Nilton Santos. Quem
o viu jogar dizia que ele era o maestro da equipe. Dominando o meio de campo e
tendo uma visão total dos colegas espalhados pelo gramado ele percebia que jogada
ensaiada era a ideal para o momento e lançava a bola com uma precisão
espetacular. Epifânio é assim. Não é de muito falar e pedala bem forte, mas não
se esquece dos companheiros e ora está lá na frente se distraindo com a
paisagem e ao lado dos líderes naquele momento, ora está lá a trás dando apoio
a um colega cansado, com os músculos em frangalhos, pedindo descanso e
alimento. Peixe joga para o time. (lugarejo pequeno por onde passamos no terceiro dia, um domingo ensolarado)

Sua tranquilidade é como uma onda de energia boa que flutua
em volta de si até alcançar cada indivíduo do grupo. Como não demonstra cansaço
ou negativismo quando se posiciona ao lado de alguém, mesmo sem falar, passa
conforto e ânimo. O gostar dos outros, nele, não se expressa tanto em palavras,
quanto em ações, olhar e presença amiga. Dias e dias vencendo uma centena de
quilômetros da manhã até a tarde, e usando só a força do próprio corpo esgotado
faz o homem mais determinado se condoer de si mesmo. Então, é importante ter ao nosso lado, como parte da
equipe, aquela criatura que não reclama, que está sempre sorrindo e que distribui 

palavras de afeto e compreensão. Este é o amigo Peixe. (fotos de João Bosco)

Se ele viveu em Assis, na Itália, por volta de 1200 com certeza estava no grupo do irmão Francisco,

fez parte daquela caravana de frades e andava com eles por longas distâncias.
Também tenho convicção que o pobrezinho de Assis, num momento em que
descansavam todos da caminhada, diria de Peixe: ‘Meu irmão Epifâncio, você é um
instrumento de Deus entre nós, pois onde aparece uma discórdia trazes a paz e a
união e quando surge o desespero trazes a esperança. Há uma amigo melhor do que
esse?   

publicado por joseadal às 13:21

Maio 22 2012

Quando se estuda História vez por outra vemos o milagre de um homem ou de uma idéia surgir no momento certo e se multiplicar em muitos seguidores e discípulos e em mudanças de comportamento e pensamento. Assim, aconteceu há dois mil anos. O médico Lucas registrou o que a venerada Maria e outros seguidores de Jesus de Nazaré lhe contaram: "O Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares...Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria". Aquela fé simples - o Messias tinha vindo e vivido entre eles, foi maltratado e morto mas ressuscitou e voltou para o lugar de onde veio, o Céu - encontrou gentes e gentes receptivas e prosperou em milhões de seguidores. (meninas fotografadas pelo esperto Vitim)

Agora, numa outra época em que o ser humano vive novamente o perigo da extinção por destruir o ambiente propício para a vida existir na Terra, vemos os caminhos ser percorridos por homens e mulheres alegres e despreocupados que pelo puro exemplo começa a despertar consciências. Os ciclistas de mountain bike. (Vitim mostra que os ciclistas são homens feitos e crianças)

Neste domingo, 20/05/2012, o amigo Márcio juntou quinze ciclistas para fazer uma larga volta tendo como objetivo simbólico ver a cachoeira do Salto. Mas muito mais que isso saíram divulgando estas idéias simples: venha se distrair das pressões desta vida, saia de casa e veja o mundo lindo que nos envolve carinhosamente, faça um exercício para o corpo e para a mente, aprenda a amar o planeta em que vive e o Criador que o imaginou e formou. (dizem que uma foto vale por mil palavras, mas está não diz o que você talvez esteja pensando)

    

Quando percorremos o caminho da Colônia, quantas crianças nos viram passar e como esta imagem se gravou em suas retinas formando o embrião da vontade de pedalar! Quando entramos em Rialto, festivos e distribuíndo sorrisos, que exemplo demos aos moradores daquele distrito!

E os outros grupos que encontramos pelo caminho? As Penélopes levando um bando alegre para Pinheiral. Nem vimos, mas nos falaram de Luciano levando outro pessoal com outro destino. E os dois casais que cruzaram conosco na estrada para Floriano? E o jovem Rafael, retardatário de um pessoal que saiu de Barra Mansa para Quatis? Todos estes esforçados ciclistas não estão só fazendo um favor para si mesmo, não, eles estão, como lavradores na época certa, semeando uma nova maneira de viver.

Os historiadores de 2113 escreverão em seus livros como a humanidade se safou de outra extinção por adotar a velha idéia que norteia a raça dos humanos há 100 mil anos: use sua própria força, tenha coragem de sair do marasmo que vai acabar contigo, vai, saia pelo mundo, procure o melhor para sua vida e não esqueça dAquele que nos planejou muito antes do Sol se formar da poeira de uma estrela mais velha.

Caramba, hoje estou inspirado!

 

publicado por joseadal às 12:12

Maio 22 2012

Quando Edson Lopes Viana chegou ao Clube Adventure de ciclistas e
escolheu nosso grupo para fazer trilhas tivemos uma aquisição espetacular. Na
primeira vez que subimos os 2,8 km da serra da Mutuca ele precisou empurrar
para chegar lá no alto. Depois, passou a andar muito. Tornou-se o colega mais regular de nosso grupo. Quando a volta
de 1.000 km por estradas de Minas começou a ser organizada, para pedalar por
dez extenuados dias, Edinho disse: estou dentro. (fotos de João Bosco em Alberto Furtado)

Louro de olhos claros, como um alemão, e que adora uma
cerveja depois das quatro primeiras horas de pedalada, como um guerreiro
germânico, ele é um companheiro quieto e com um grande sorriso. É aquele que
completa uma equipe, como um coringa, aquele que torna uma parada bem na beira
de uma descida muito acidentada mais calma e aquele que faz de um momento em
que sentados na calçada de um boteco em um pequeno povoado qualquer parecer que estamos num belo bar.

(o trenzinho de Conservatória)

 

Um companheirão. Quando corríamos na
frente, na subida de uma serra, demos uma volta muito grande e quase tivemos de
subir tudo novamente só por causa de uma loura gelada. Mas quem se importa de
pedalar mais depois de tomar uma beer que desce redondinha.

(nós com dois ciclistas de Pequeri)

É outro que fotografa muito os belos lugares por que
passamos. E foram tantos os momentos bons nesta viagem. Sua opinião se traduz
nestas palavras: “E o povo mineiro? Quando a gente chega pra almoçar em
qualquer lugar nos servem bem, mas o pessoal de Minas é de um interesse todo especial. Só pensam em nos
ver satisfeitos, o lucro parece ficar em segundo plano. E é um tratamento vip: Quer um ovo frito? Mas um pouco de salada? Olha, saindo mais
macarrão quentinho! É impressionante a atenção dos mineiros com quem visita sua cidade.  

  

Uma pedalada inesquecível por 14 dias. É um feito digno de heróis.

publicado por joseadal às 02:14

Maio 18 2012

Reginaldo foi outro dos sete ciclistas que andaram por 1.145 km pelos caminhos de Minas.

 

Um dos fundadores do Clube Adventure de Volta Redonda ama o ciclismo como um meio de
sair da cidade e ganhar o mundo sossegado do sertão. As terras mineiras com seus
relógios vagarosos lhe atraem profundamente. Ele disse: “Pedalar pelas Gerais
foi muito bom. Tantos dias de pedal me deu oportunidade de conhecer meus
colegas de aventura e compartilhar momentos únicos. Tive muito tempo para
pensar e descobri que não importa quão longe estivermos, nunca estaremos longe
de nós mesmos. A referência do que é perto somos nós mesmos”.

Você não tem ideia do que é pedalar com este homem e ter um momento para trocar um
pensamento. De certa feita, numa trilha as margens de um riacho, indo de
Santanézia para Barra do Pirai pelo Areal, vendo uma rocha rebrilhando ao sol da
tarde aos pés duma cachoeira, disse: “Quem dera pudesse ficar sentado ali vendo
a noite chegar”. Naldo é desse tipo de gente.

Pedala muito e é um prazer persegui-lo tentando manter uma conversa enquanto as cercas
dos pastos passam voando ao lado e as pernas se mexem solicitando todos os músculos
numa subida forte. Ele disse: “Combater a si mesmo é a mais difícil das
guerras. Triunfar sobre nossas fraquezas é a mais esplêndida vitória que se
pode alcançar”.

É comum, você e eu nos queixarmos de falta de tempo, da vida corrida, do
estresse, pois existe aqueles que consciente ou instintivamente seguem o
conselho do cristão Pedro: “Quem quer amar a vida e ver os dias bons? Busque a
paz e vá atrás dela”. (1 Pedro 3:10) Você precisa ver a casa que ele está construindo
quase que com suas próprias mãos. Um lugar perto da mata com muitas janelas, um
córrego e uma varanda para sentar e meditar, para ler e pensar, para receber os
amigos e beber suas experiências – pois ele ouve mais do que fala. Isto é buscar a paz.

O ciclismo de mountain bike atrai gente assim, como Reginaldo.

publicado por joseadal às 22:24

Maio 17 2012

O ciclista mais aglutinador do grupo que rodou por 1.145 km
nas estradas de Minas se chama Pedro Raimundo dos Santos, o Selva, apelido que
ganhou gritando esta palavra durante os trekkings. Pedrão é dono de uma personalidade
multifacetada - ou como na descrição de um personagem muito parecido com ele no livro A Garota do Tambor: "Ele é paradoxal demais, feito de muitas almas e cores".

Ex-halterofilista, homem que aprendeu duramente a cuidar de seu corpo e mantê-lo são, encantou-se com a
bicicleta e em toda prova longa ele está dentro. Ele diz: “Sair pedalando nos
faz sentir livres, sem vidros e sem barreiras, Esquecemos um pouco da cidade,
nos faz respirar ar puro e conhecer lugares que jamais teríamos visto se
estivesse dentro de um  carro.”

Pedala muito, sua força prodigiosa arrasta sempre uma
bagagem com mais roupa do que vai usar. Uma disposição incrível. No segundo dia,
depois de 120 km com muitas subidas, a noite, saiu dando um bordejo por São
João Nepomuceno e depois, na roda de amigos, tomava um caldo de vaca atolada
cheio de disposição. Faz amizades com muita facilidade. “As pessoas chegam
curiosas olhando e admirando como chegamos tão longe. Papo vem e papo vai, se
ganha mais um amigo, e se os amigos de pedal estiverem na mesma sintonia, tudo
fica mais fácil. Então você percebe que, mesmo nos momentos difíceis, eles estão lá para lhe ajudar”.

Esse é o Selva, sempre entre os primeiros a pegar a estrada
de manhã. Um admirador das belezas que desfilavam pelos caminhos das Gerais. Um papo para
cada colega, é aquele que não deixa ninguém de fora. E, como o que se planta se
colhe ele tem sempre muita reciprocidade. Como aconteceu nos mais de 1.000 km
que percorreu, em alguns momentos em que batia saudade, desânimo e muito cansaço.
“Todos tem o seu valor, depois vemos que, após alguns dias, Deus colocou as
pessoas certas para pedalar juntas, nos colocou amigos que se juntaram a nós,
por um ou dois dias, a fim de nos dar força, falo também dos amigos que ficaram
e por mensagens e telefonemas nos davam incentivos”.

(no início do segundo dia, em Porto das Flores, foto de Edinho)

  

Ah, andar pelo mundo é tão bom! Mas voltar pra o aconchego e
a tranquilidade do lar também é maravilhoso. E lá estava a esposa e amiga a lhe
receber com saudade: “Letícia, minha esposa, me mandou uma linda mensagem de
incentivo, que muito me fortaleceu. Pedalar para longe é sentir saudades.
Obrigado a todos os amigos”.

Grande alma a quem Deus tem dado muitas alegrias para compensar
as dolorosas provas que passou é este, nosso amigo Seeeelllvvvaaaa!

publicado por joseadal às 11:49

Maio 16 2012

Um esporte espetacular é o pedal curtinho. De preferência
feito com um, no máximo três amigos. Neste sábado, 12/05/2012, véspera do Dia
das Mães, andamos, eu e João. O mountain bike é o exercício aeróbico por excelência.
Quanto tempo você aguenta ficar dentro de uma academia? No ciclismo de estrada
de chão nos empenhamos por muitas horas, e com prazer. Com um amigo o esforço
vira uma conversa de amenidades e de confidências.

Não durou mais de vinte minutos pelo asfalto e logo
começamos uma boa subida por estrada de terra. A manhã começava e o nevoeiro
ainda descansava nos vales. Tudo é verde e quase primitivo e isto acalma a alma. Falamos do pedal que
participamos em Minas e do que faremos no Rio de Janeiro mês que vem.
Planejamos uma reunião de família em Valença, no sítio do irmão dele.

Não há concreto em volta nem máquinas à combustão. É o mundo do qual fomos feitos e o ar é puro e leve. Dizer que estávamos livres das máquinas é faltar com a verdade. Pois logo na frente uma retroescavadeira tirava o barro de um desmoronamento e atravancava nosso caminho.


E sem nos darmos conta, estávamos no alto da Jaqueira passando ao lado da velha e enorme árvore
impassível vendo gerações de homens desfilando e indo embora. Não havia passado
duas horas entramos na sossegada Dorândia com sua igreja centenária no alto da
colina, em seu centro histórico. Hora do lanche. Paramos no barzinho onde um pé
de porco desmanchando e uma perna de frango frita nos esperava. O primeiro pra
mim e o segundo pro João.

Pescadores vieram mostrar os bagres pescado ainda cedo no rio Paraíba do Sul.

O ciclismo assim, curtindo o tempo e as pessoas é uma beleza.

Tocamos a pedalar. Atravessamos a RJ393 e seguimos para Vargem
Alegre, mas antes entramos num caminho de fazenda que queria conhecer. Pensava
que, por ele, iria beirando o Paraíba até bem perto de Barra do Piraí. Mas que
nada, acabava logo a frente numa velha fazenda.

Neste trecho João contava uma
passagem de sua infância em Miraí. Um dia chega ao sítio de seus pais duas
mulheres andarilhas, bugras, quase índias. A mãe deu alimento e deixou dormir
no paiol. No outro dia as duas ficaram ajudando a dona da casa e acabaram
pernoitando novamente. E assim passou seis meses. Mas os andarilhos não tem
pouso certo. Numa noite, deixaram a casa com seus pertences acrescidos de
roupas que a família lhes dera e o embornal pesado de carne de porco tirada da
lata de 20 litros cheia de gordura onde curtia. As crianças menores – eram oito
meninos e meninas – ficaram inconsoláveis por ter ido embora aquela que sabia
uma porção de cantigas e inventava uma porção de brincadeiras.

Neste ponto Vargem Alegre tinha ficado para trás e corríamos
pela estrada que estão construindo. João temia comer muita poeira pelo caminho.
Mas demos sorte. A estrada já tem bons pedaços asfaltado e onde jogaram escória
da siderúrgica o chão até parece cimentado. Com pouco carro passando chegamos
em Pinheiral sem quase não ter aspirado poeira. Fechamos o circuito sempre contando
causos e fazendo um saudável exercício. Isto é um pedal curtinho.

Passava poucodo meio-dia quando nos despedimos. E olha que pedalamos mais de 50 km!    

publicado por joseadal às 13:25

Maio 12 2012

Dunga Benedicto Monlevade é ciclista há muitos anos e foi o segundo em
idade, 67 anos, a pedalar por 1.145 km, por belas estradas em Minas Gerais, em
quatorze dias. Este colega ama pedalar, faz isso há 15 anos. Há pouco tempo enfrentou sérios problemas de saúde, mas logo que melhorou subiu em sua bike e saiu pedalando. (em Levy Gasparian ele atravessa a ponte para o Estado de Minas Gerais)

Andar com ele é certeza de conversas muito boas. Conhecedor de plantas, como poucos, nos dá o
nome de árvores e arbustos que encontramos pelas estradas e sua aplicação como remédio fitoterápico. Por sua convicção religiosa também aprendeu muito do folclore e da cultura afro-brasileira. Assim, ao seu lado, rodando em nossas magrelas os assuntos vão longe.

(na bela praça de Bicas junto a escultura da Sagrada Família com o amigo Zé)

 

Sua decisão de enfrentar esse desafio subindo e descendo serras por quase duas
semanas deixou os outros participantes preocupados com ele, mas Dunga usou toda
força de vontade para ir até o final. Encontrando-o no centro da cidade dias
depois do retorno, ele confessou: “O pior ficou para o final. Vindo de Aiuruoca
para Carvalho subimos duas serras piores do que subir para Sete Quedas [na serra da Bocaina, Bananal, SP]. As marchas
já não funcionavam direito depois de tantos dias rodando e o que valeu foi ter
muita força de vontade”. (numa encruzilhada de Minas, foto do amigo JBosco)

Sete homens e um destino, um objetivo, ficam pendentes do entrosamento da equipe.
Cada qual com sua personalidade e experiência de vida, convivendo dias e dias é
um verdadeiro BBB. O cansaço de pedalar 100 km todos os dias deixa os ânimos
exaltados. Assim foi preciso muita empatia, amizade e paciência para alcançarem
o resultado. (alegria depois de muitos dias na estrada, foto de JBosco)

Dunga falou com brilho nos olhos: “Subi cada serra daquelas com garra. Minhas
virilhas não tinham mais o que ficar esfoladas. Gastei tubos de pomada, mas
aguentei. Vi que minhas pernas ainda conseguem acompanhar os mais novos. Desde
que eles tenham calma e me esperem um pouco. Eu consegui!”   

publicado por joseadal às 22:38

Maio 10 2012

Sete homens empreenderam uma viagem de 14 dias em suas bicicletas por acidentadas estradas de
Minas e esta aventura merece ser contada. Pedalar por 1.145 km subindo serras com
1.200 m de altura parece empreitada para jovens de 20 anos, mas o idealizador desta
volta enorme foi João Bosco de Castro Reis com seus 68 anos vividos sabiamente.

[pedalando pelas Gerais]

Pai de quatro filhos e dois netos João é uma pessoa contida, mas que faz amizades com facilidade.
A bicicleta é seu grande motivador, e não é de agora. Os longos circuitos sobre
a bike são sua preferencia. Quando jovem ele fez uma viagem muito grande sobre uma
bike de ferro sem marchas ou suspensão e sem capacete ou luvas. Ele conta:

[passando por Ervália, cidade em que nasceu]

"Em 1969, eu tinha 25 anos quando brinquei com um amigo que pedalava comigo pra
S.Rita, Rio Preto e outro pedais mais curtos. – ‘Vamos a Caratinga???’. Em
menos de 1 segundo, já estava resolvido o passeio. Só faltava preparar as
bikes, digo, as bicicletas, kkkk e o roteiro de 1400km, inclusive BH”.

Nesta aventura de agora Bosco foi meticuloso. Mapeou todo caminho e colocou a
disposição dos interessados - também para intimidar o ciclista afoito e não
preparado - a altimetria do relevo denteado das alterosas.

Implacável consigo mesmo esteve pronto e de café tomado durante as 13 manhãs que durou o
périplo. Mas não pense em JB como um sargento durão. Não, ele é brincalhão,
como nesta foto em Levy Gasparian num momento de descanso e de merendar frutas
e que bem podia se chamar "ciclistas bichas loucas”.

[descontração em Levy Gasparian]

Uma pedalada, para Bosco não é uma correria só. De cada uma guarda na mente, no
espírito, as paisagens vistas das encostas, árvores de todas espécies em
formatos cada qual mais lindo e as experiências que curte com os colegas.


Fotografar tudo que é importante lembrar é seu segundo interesse.

Você talvez pense: andar um quilometro de bicicleta já é cansativo, que sacrifício tremendo
deve ser andar mais de mil! Perguntei a João Bosco o que o faz pedalar tanto, e
ele disse: “Foi indescritível o prazer que sentimos naquele passeio. Então foi daí que tomei o
gosto de pedalar assim... Sei que você pode imaginar o quanto foi bom, não é?! No
ano seguinte fui com esse mesmo amigo para Recife de carona num trem, de navio
gaiola no São Francisco, de qualquer jeito. Não tem à ver com a bike, mas tem à
ver com a aventura!!! Então é isso. A coisa vem daquele tempo...”

Este homem que não envelhece é curtido em aventuras pelo mundo afora.

publicado por joseadal às 12:16

Maio 07 2012

Pedalando por um caminho em Minas num sábado pela manhã, chegando
ao alto lá estavam três jovens desmontados. Voltavam de um rápido pedal para os
lados de Bicas. Neste domingo empurrava a bike com o pneu furado, depois de andar
por Ribeirão de São Joaquim, quando passaram feitos bólidos: Pedro Eduardo, Michel
e o português. As ruas estão cheias de ciclistas. O que é isso? Será a décima
primeira praga do Egito? Terá sido causado por um desiquilíbrio da Natureza,
resultado da poluição do planeta?

Em volta de uma mesa bebericando, suco, refrigerante e cerveja, algumas sumidades
do mundo esportivo e científico concluíram que é mesmo um “sinal dos tempos”
tanta gente andando de bicicleta. Até uma esperta jornalista, dia desses, ria nervosa em seu
programa tentando ser zombeteira, mas tremendo por dentro, e disse mais ou menos
isso: “Gente, vê se eu ia expor meus cabelos, com os quais gasto uma fortuna
toda semana, as intempéries e a poluição do ar, andando de bicicleta pelas ruas
de São Paulo vindo para o estúdio?”

  

Ela tem razão, as ruas estão ficando lotadas de empresário indo para o escritório,
jovem para a universidade, mulher com a criança na cadeirinha, senhora com
muitos anos de vida (porém, nunca revelados) em belas roupas esportivas e gente
de todo tipo e classe social. É um enxame que parece sair do próprio chão. Não
há quem ou o que possa exterminá-los. Multiplicam-se como cupins e tanajuras.

Dizem – não tenho provas para mostrar – que a profecia Maia já falava de gente com pernas
circulares que apareceriam na Terra e mudariam o mundo para uma nova maneira de
viver. E há quem estude a Bíblia e diga que quando Jesus profetizou: “Os mansos
herdarão a Terra” a palavra que usou para mansos também poderia ser vertida por
ciclistas. Só sei com certeza absoluta que os caminhos estão se enchendo de camaradas
pedalando.

Só peço a Deus que isto signifique Paz na Terra.

publicado por joseadal às 17:44

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