bikenauta

Junho 25 2012

Para uma trilha de mountainbike ser boa é necessário um
planejamento do caminho, bons colegas e alguma sorte. Hoje, 24/06/2012,
tivemos tudo e tanto nos divertimos como aprendemos muito.

Quando passávamos por Arrozal éramos 10 ciclistas, mas encontramos
mais quatro jovens de menos de 18 anos e seu líder, o formidável Hilton, com 62
anos. Ele foi logo dizendo: "Sou igual a carrapato, pode ir tocando que vamos agarrados a vocês".Pela estrada para Fazenda da Grama ele nos contou de como é aficionado por maratonas e como viaja por todo Brasil atrás dessas corridas.

Quando entramos no asfalto e seguimos em direção a Passa Três
ele falou de como é um divulgador de boas ideias. Nas corridas leva na camisa o
pedido em letras garrafais: DOE SANGUE. Quando um amigo ou conhecido é internado
e o hospital pede seis doares ele entra no site do Centro de Hemodiálise do
Rio, faz o apelo e comparecem 14, 15 doadores.

A manhã fresca, de sol comportado, nos fazia voar pela
estrada até que chegou o caminho de fazenda e enveredamos por ele. Pedalar por
trilha de chão com suas imperfeições, lamas e pedras, valas e touceiras de
capim, mas com um visual lindo ao lado, muito verde e rios de águas límpidas, é
tudo de bom. Neste caminho, Hilton, narrava os trekkins, as caminhadas pelos
sertões, e de como cada um no grupo leva seu sacão de lixo para ir catando os
manufaturados que pessoas sem consciência vão largando pela paisagem pura da
Natureza. Um sujeito legal.

Não demorou nada e saímos na estrada de Mangaratiba e enquanto descansávamos ele mostrou como,
igual a um Rocky o lutador, faz 30 flexões com um braço só. (foto do colega Edinho)

É assim, entre os camaradas que amam a vida esportiva. Encontra-se gente desse nipe: amantes
da paz e profundamente interessados no bem de seu próximo.

É mente sã em corpo são.

publicado por joseadal às 00:06
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Junho 21 2012

Passando pela Dutra, em Resende, no sentido São Paulo,
olhando à direita a serra de Itatiaia se destaca contra o céu azul. Neste
domingo fomos de van até o Registro e depois de um café bem quente acompanhado
de queijo tocamos a subir.

São 8 km de subida com o sol mal aquecendo ao ar rarefeito a
2.000 m de altura. De um lado e outro em abertos entre as árvores a vista é
deslumbrante. Com uma hora chegamos ao ponto de descida para os vales e serras
que se desdobram por trás das Agulhas Negras. Uma descida longa, vertiginosa e
perigosa, coalhada de pedras soltas nos leva até Serra Negra. Um pouco de casas no meio das serras.

Daí foram descidas e subidas fortes até Fragália onde o
pessoal se refrescou e descansou. Outros seguiram beirando uma serra por uma
subida que não terminava e apenas variava de uma inclinação suave a ladeiras
empinadas que exigiam tudo de nossos músculos. O vale, ao nosso lado era uma
obra de arte de Deus pelas forças da Natureza.

Em monte belo só tem uma venda e uma igreja católica com uma casa paroquial e senhoras fraternas que foram para
cozinha e fizeram um arroz soltinho, com um macarrão com muito queijo ralado e
carne de porco curtida na banha. Era o que nos bastava.

Não deu pra descansar e outra serra precisava ser vencida. O dia acabava e tinha Santo Antonio do Rio
Grande e outra serra sem tamanho para vencer e descer para Mirantão. O colega
que nos guiava decidiu cortar por um atalho. Terrível. Surgiu pela frente um
morrão que não dava para subir pedalando e foi empurrar e empurrar. Mas tudo o
que sobe desce e logo veio uma descida para descansar. Descansar?! Não tinha
caminho nem trilha, só um trilho que até cavalo refugava. A noite despencou. A
escuridão chegou rápido e, sem farol, só se via uma claridade tênue do chão.


Mas não há mal que sempre dure e logo estávamos todos numa estrada de fazenda
sob um céu cravejado de estrelas, como não via desde garoto.

Numa descida entre um bosque fechado as luzes de Mirantão
surgiram esmaecendo as estrelas. Um chocolate quente, acompanhado de salgados e
tortas, deram-nos novas forças. A van chegou e viajamos muito tempo até chegar
em nossa cidade. O dia comprido chegou ao fim.

Foi muito lindo, impressionando fortemente nossos sentidos.      

publicado por joseadal às 01:29

Junho 12 2012

O livro Lugares Místicos conta que em 1922, Alfred Atkins,  arqueólogo amador e caminhante contumaz ,
lançou o livro Trilhas Primitivas da Grã-Bretanha onde dizia: “Essas estradas
que não se sabe quem abriu têm uma corrente encantada que se estende até onde a
vista não alcança e que liga antigos monumentos e sepulcros pré-históricos”.

Assim surgiram estradas místicas como O Caminho de San Tiago
de Compostela, rota escolhida pelos cristãos europeus para visitar o túmulo do
amado apóstolo Tiago, o irmão de João Evangelista e o pescador que com Pedro e
André formavam os quatro mais íntimos discípulos do Mestre.

Aqui no Brasil não foi diferente e romeiros começaram a trilhar
estirões para devoção. Oswaldo Buzzo, caminhante de tantas vias fala assim do
Caminho da Fé: “Faz parte dos objetivos do Caminho: proporcionar às pessoas que
se dispuserem a percorrê-lo, momentos de reflexão e fé, saúde física e
psicológica, e um passeio turístico ecológico”.

Pergunte aos cinco participantes do Clube Bike Adventure que
percorreram de bicicleta os 200km do Caminho da Paz o que eles aprenderam
naquele circuito e eles te dirão da fé que ficou mais forte, da compreensão que
aumentou e da devoção ao nosso maltratado planeta que recrudesceu.

De novo dou a palavra a Oswaldo: “O Caminho passa por 19
municípios através de estradas vicinais de terra, trilhas, bosques, pastagens e
asfalto, e foi criado para dar estrutura e suporte às pessoas que fizerem
peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os
imprescindíveis pontos de apoio”. Fazer o Caminho da Fé precisa ser mais do que
um pedal legal. É importante para o homem e mulher que pedalam sentir que estão
fazendo uma peregrinação ao Santuário de N. S. Aparecida. Aí, você pode dizer:
ah, então não é para um ciclista evangélico! Peço que se lembre do que um
enviado do próprio Senhor do universo disse, Gabriel falou o que Deus Lhe mandou
dizer: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre
as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. Todo cristão devia
pensar como Deus.

Mas se religiões separam a fé e o amor unem. E o romeiro
diz mais: “Em seu caminhar, seguindo sempre as setas amarelas, o peregrino vai
reforçando sua fé, observando a natureza privilegiada, superando as
dificuldades do Caminho que é a síntese da própria vida. Aprende que o pouco
que necessita cabe na mochila, e vai despojando-se do supérfluo”.

Os ciclistas de nosso clube que ensejarão esta epopeia esperam
por este momento pelo qual passou Oswaldo: “Finalmente, após dias de expectativa e preparação, embarquei
num ônibus com destino à Tambaú, a fim de iniciar minha peregrinação.  Dirigi-me ao quiosque turístico erigido num
calçadão ao lado da praça central. Ali preenchi a ficha de inscrição, paguei
uma taxa e recebi minha credencial de peregrino”. Aí, vai ser só pedalar com o
coração cheio de paixão.

- Ei Zé, não tem foto, não?

Quando terminar o Caminho eu as coloco.

publicado por joseadal às 03:25

Junho 07 2012

Passeios ciclísticos, como este ao Rio, tanto geram alegrias e reforçam amizades como acabam por criar algum mau-estar e pequenas ofensas, por isto os mais precavidos costumam dizer na despedida: desculpe por qualquer coisa.

(na praça XV no pier da Marinha com uma réplica da nau de Cabral)

Assim foi que depois de almoçar e pedalar um pouco pela Barra me despedi da turma e com João2010 fomos caçar jeito de chegar a rodoviária Novo Rio.

- Porque, Zé Adal, você não foi com o grupo até o Pontal, como estava tratado?!

(João2010 ao lado de Dom João VI e seu cavalo)

 

Deixe-me explicar. Primeiro: o combinado era voltar até a van que ia esperar perto do aeroporto Santos Dumout. Mas como alguns colegas ficariam cansados deram um pouco mais de grana ao motorista e ele foi para o Recreio pegá-los. Coube a cada um decidir: tenho pernas para voltar? Ou, vou ficar satisfeito só com a ida? Respondi para mim mesmo sim a primeira e não a segunda.Mas a decisão da maioria prevaleceu.

Segundo: voltar toda a orla só com o colega João2010 era perigoso. Assim, já que estávamos perto do terminal de ônibus Alvorada deixamos a turma. Não foi sem um grande pesar.

Pescadores na lagoa de Marapendi, nós pedalávamos sobre a ponte)

 

Quando comecei a fazer mointain bike realizei dois sonhos, pedalar vendo desenrolar a meu lado paisagens novas e... imitar um cowboy.

- Mas Zé, com esta provecta idade você ainda quer brincar de índio e mocinho?!

O que se há de fazer? Quando vi Clint Eastwood no filme Os Imperdoáveis, aquele vaqueiro aposentado, já coroa, voltando a galopar, me senti na pele dele. Entre todas as peripécias do cawboy, sabe qual me cala mais fundo? É vê-lo sobre o cavalo atravessando a imensa pradaria! Andando toda vida. pocotó-pocotó-pocotó.

(na pria de Joatinga, eu e o azul do mar e do céu)

 

Porém, a maioria dos ciclistas prefere um corte rápido nesta cena e quer ver logo o mocinho entrando na cidade da fronteira. Hoje muita gente é assim, igual a Adlar Sander no filme Click. Ele ganhou um comando para pular para frente as coisas monótonas. Um almoço com a parentada - um saco! - aperta um botão e já estava em casa na frente da TV vendo um jogo. Da mesma forma no filme de Eastwood. Numa cena o cowboy monta em seu cavalo, em outra ele aparece vencendo uma subida a trote, em mais outra...

- Já chega, Zé, corta para outra cena, uma bem movimentada, ele entrando no saloom com seu chapéu suado e tome tiro, socos e pontapés.

Está vendo? Eu tô fora, prefiro ficar cavalgando a manhã e a tarde toda sobre meu cavalo, sobre minha bike, subindo encostas ou descendo vertiginoso uma forte ladeira. Eu sobre, minha bike.

 

Por todo o exposto é que deixei a turma seguir e saí sentado no selim e escutando o pocotó-pocotó-pocotó do meu...

- Ih cara, você está misturando tudo!

É pessoal, desculpe qualquer coisa.   

PS. - pedalando e curtindo é que a gente vê e registra cenas como esta. Entre lençóis macios talvez não exista tanto amor e cumplicidade como a deste casal dormindo sob a marquise de uma avenida no centro do Rio.

Me perdoa também, Senhor!

publicado por joseadal às 13:45

Junho 04 2012

Há beleza em todos os lugares. Nosso planeta é uma dádiva,
não pode ter-se formado tanta coisa linda apenas por acaso. Ontem, 03/06/2012,
fomos a um dos lugares mais bonitos do mundo. A música Rio o descreve assim: “Rio
que mora no mar. Sorrio pro meu Rio que tem no seu mar”. Sim, saímos de Volta Redonda para pedalar no Rio de Janeiro.

(MP, João2010 e Fabiano66 rindo a toa)

 

Quando começamos a
pedalar, bem por trás do Museu de Arte Moderna, no Flamengo, não dava pra ficar
de cara triste. Era tudo tão maravilhoso! O Pão de Açúcar inclinando-se em
nossa homenagem, o Cristo Redentor derramando sua benção sobre nosso passeio, e
o mar, como diz a música Rio: “Rio é mar, é terno se fazer amar. 0 meu Rio é lua amiga branca e nua.  É sol é sal, é sul, são mãos se descobrindo em
tanto azul”. (Sérgio, Sandrita e outros desfilando pelas belezas do Rio)

A ciclovia do Aterro do Flamengo era uma avenida movimentadíssima
de gente caminhando, correndo, pedalando, empurrando carrinho de criança,
passeando com cachorro, andando com os filhos. Nosso grupo de 20 pessoas
deslizava mansamente entre aquela torrente de gente que saiu a rua para admirar
o mundo lindo que Deus fez pra nós.

(Edmar, Fabiano, Leandro e Edinho nos meneios da ciclovia do Aterro)

Paramos no monumento aos Pracinhas da 2ª Guerra
Mundial. Um contraponto, no meio de tanta paz uma lembrança a um momento de
tanta raiva e ódio desumano.

Logo passamos por Botafogo com o Pão de Açúcar bem
ao nosso lado. Aquele majestoso granito que ficou despido de todo solo mais
frágil e se reclina como uma bela mulher nua, como continua a canção Rio. “Por isso é que meu Rio da mulher
beleza, acaba num instante com qualquer tristeza. Meu Rio que não dorme porque
não se cansa. Meu Rio que balança. Sorrio pro meu Rio”.

(Zé era um pinto no lixo, de tão feliz que estava)

Chegamos em Copacabana.
Ninguém ali tinha mais a idade da carteira de identidade. Era tudo criança feliz.
A ciclovia transbordava de gente “a passar e a se ver passar”, como diz outra
canção. Encontramos o colega Rafael que seguiu com a gente.

(Cristiane com um rosto de criança e João logo atrás)

É fácil ser poeta no meio de tanta coisa deslumbrante.

(Lucas ao lado do poeta Drumond e Zé tomando liberdades)

Logo, entramos no Leblon com um mar tão azul
lindinho (existe esta cor?) que a vista nem acreditava. Os morros Dois Irmãos e
a Pedra da Gávea nos vigiavam por entre as folhas dos coqueiros. Brincávamos uns
com os outros, alegres como garotos vadios.

(Edmar ficou sem fala - ah, não acredito! - diante de tanta boniteza)

A Niemayer apertada, com os carros
passando juntinhos a gente logo ficou para trás e estávamos no Arpoador.
Tranquilo bairro com o mar batendo no costão de pedra. Subimos o Joá, sombreado
caminho de antigos namorados, que refrescava o calor que começava a se fazer
intenso. Descemos uma ladeira para conhecer a praia escondidinha da Joatinga.


Tudo lindo demais. Chegamos a Barra no final da descida, encontramos a colega
Denise que nos esperava e fomos almoçar. Depois, jiboiamos pela praia da Barra
fartos de ver e sentir tanta coisa boa.

Saia de casa e vá ver as maravilhas que Deus
preparou para nós. Só podem ter sido feitas para nós. Aí, perto de tua casa
também tem muita beleza. Aproveite.

publicado por joseadal às 12:21
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