“Vocês pegaram muito chuva pelo caminho, Pedrão?”
“Tinha muita lama, João Bosco?”
“E as subidas, tiveram de empurrar muito, Alex e Cristina?”
Nossos quatro amigos que fizeram o Caminho da Fé, desde Água da Prata até Aparecida,
escutam essas perguntas com uma expressão de incompreensão nas faces. Dão
um sorriso tímido e respondem na lata: Foi tudo bom demais! (fotos de João Bosco)
Hoje compreendi plenamente esta atitude deles na leitura da Bíblia que faço todos os
dias com Lili. Ela declamava o Salmo 84, A Alegria do Peregrino:
“Como eu amo o teu Templo, ó SENHOR Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali!”
Este desejo e vontade é o que faz de um simples mortal um peregrino. Ele tem um objetivo
sempre ligado ao Criador, geralmente buscar um templo de Deus.
Quando estão no caminho não notam as dificuldades que eu e você, na pachorra da nossa casa,
imaginamos, mas longe de passar por elas. Pelo contrário. Estando imbuídos de um espírito
vivificante veem tudo com boa emoção:
“Felizes são os que caminham para tua casa, sempre cantando louvores a ti! Felizes são
aqueles que de ti recebem forças e que desejam andar pelas estradas que levam
ao Teu santo monte! Quando eles passam pelo Vale das Lágrimas, ele fica cheio de fontes de água e belas matas”.
João Bosco contou que passavam pelo alto dos morros vendo de um lado e outro as plantações
que aqueles que trabalham a terra conseguem vencendo a luta com a Natureza. As
subidas nas quais eu e você entregaríamos os pontos logo na metade eles sobem carregando
os alforjes pesados. Lá do alto as pequenas cidades que os esperam são maquetes de Deus.
- Mas, Zé, eles contaram que no primeiro dia pegaram uma chuva que não parava.
Cobertos com as capas finas que escorriam água fria, o chão de
barro bom para a plantação virando barro que agarrava nos pneus, eles sentiam
como cantou o salmista:
“As primeiras chuvas nos cobrem de bênçãos”.
Foram seis dias de pedalada por uma região linda e montanhosa. Três varões e uma mulher.
Pensa que estavam muito cansados, ela com as forças esgotada? Não, eles se sentiam assim:
“Enquanto vão indo, a força deles vai aumentando. Escuta a minha oração, ó SENHOR, Deus Todo-Poderoso!”
Cidades e mais cidades desdobravam-se pelo Caminho da Fé. A hospitalidade dos moradores era outro
estímulo para os peregrinos. Eles lhes diziam: antes de ser criado este Caminho de
Fé, quase não víamos visitantes, agora a cada dia chega gente nova cheia de
esperança, boas maneiras e fé.
Estes são um dos muitos testemunhos de prontidão,
exemplo de força e determinação que os peregrinos passam para nós, os que ainda não se determinaram a fazer um empenho por sua espiritualidade.
O salmista termina anunciando feliz: "Ó SENHOR Todo-Poderoso, como são felizes aqueles que confiam em ti!”