bikenauta

Agosto 31 2012

Carta ao meu genro:

Sérgio, dos dois, você é o que conheço há mais tempo e com quem menos converso. Mas sabendo do mal estar que sofrestes resolvi ser hora de falar contigo do alto dos meus quase 70 anos.

Em um mundo onde precisamos ter dinheiro para fazer quase tudo, um homem que além da profissão e o cuidado com a família decide ajudar outros, ser um bispo, um pastor de almas, merece aplausos. Mas, lembrando o que o rei Jesus disse: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?", a real ordem de valores na vida é: salvar a nossa alma, ajudar esposa e filhos a salvarem-se e, sem prejudicar estas, ajudar outros.

Cada um de nós tem seu espaço vital: “é aquele que uma pessoa reserva para si, o espaço-tempo que cada um tem o direito de usufruir e, dentro de cujas fronteiras, qualquer ser humano é persona non-grata” – definição da terapeuta DeRose, de Ribeirão Preto.  

- Isso parece meio egoísta, não é não, Zé?

Um ensinamento da Bíblia, regra básica de sobrevivência é: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida”. É o mesmo princípio que Jesus reafirmou depois: o perigo é “perder a sua alma”. Então, antes da mulher e dos filhos, mesmo antes da igreja, está a nossa alma. Os profetas gritam nas ruas: Salve tua alma! Parece uma insistência tola e é mesmo para quem está vivendo a ‘mil por hora’. Pode ser até uma redundância para quem crê, como cristão que a morte não é o fim, pois haverá a ressurreição ou a continuação da vida após. Quem tem fé, isto é, acredita em muito mais coisas além da matéria, é confortador ter a consciência de que sofra-se o que vier estamos inscritos no Livro da Vida, o imenso computador que guarda a memória de todas as almas. Mas o perigo, o que o aviso insistente repete: Acima de tudo, é que Deus – me parece que muito a contragosto - pode apertar a tecla Del no arquivo de uma pessoa e ela deixar de existir.

Assim, meu genro, este teu sogro bem egoísta, te avisa: cuida bem de tua vida. Tratar bem dela inclui o cuidado inadiável com o corpo, repositório de quem somos nesta vida. Lembro-me de uma pergunta retórica do Senhor Jesus sobre João Batista: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?” Mas, tomando ao pé da letra é isso mesmo. O primo e estimado pregador João Batista era magérrimo, como “um caniço agitado pelo vento”. Também, como era a alimentação daquele homem incansável: gafanhotos e mel silvestre, e muito caminhar ao ar livre. Se não lhe tivessem cortado a cabeça poderia ter vivido mais de 80 anos.

(esta rapaziada passou por Volta Redonda participando da prova Tour do Rio; é impressionante a vitalidade deles, são só ossos, músculos e alma)

O que quero lhe ensinar é: faça um esporte e viva mais, para, com mais tempo, salvar tua alma, de tua querida esposa, de teus dois meninos e quantos mais puder. É inadiável este cuidado, meu genro, é "acima de tudo".

publicado por joseadal às 13:17

Agosto 27 2012

“Comida pouca, meu pirão primeiro”, mas e se o que temos é muito bom e dá pra todos? Aí, nada mais justo e bondoso senão estender o convite a outros: venha, venha comigo! (nesta foto, que não lembro quem bateu, João Bosco é o de camisa branca) 

Foi assim que em 2006, pedalando para o quilombo de São José, na serra da Beleza, chamei, insisti mesmo com um senhor da minha idade para vir com a gente. Estava de roupa comum e deve ter se espantado com aqueles caras de roupa de ciclista: camisa colorida, bermuda acolchoada, luvas e capacete. Vi nos olhos dele toda dúvida: vou nada, acompanhar esses malucos nem pensar! Deu uma desculpa: só venho até Amparo e volto.

(lá vai João Bosco com o pneu trazeiro furado, mas foi)

 

Tantas vezes chamei ciclistas pelos caminhos: vamos com a gente, companheiro! Nenhum vinha. Mas não se deve desistir de semear boas ideias. Alguma coisa naquele homem fez com que me empenhasse no convite: vamos só até Santa Izabel do Rio Preto, é logo ali. Ele olhava para frente, mas voltando a vista para mim, refugou: vou atrasar vocês. Aquele camarada preocupava-se com os outros, então era dos nossos. Vi que ele não despregava os olhos do anzol: da estrada se esticando lá pra frente, da alegria de pedalar mais pra diante e do desafio de poder vencer aquele estirão. Puxei a linha: faço questão de ir no seu ritmo. E o senhor João Bosco de Castro Reis, nome de nobre do império, mordeu a isca e saiu em disparada levando linha e caniço. Tornou-se um grande ciclista de mountain bike e tem desbravado trilhas por vários estados brasileiros.

(neste passeio ele já tirava fotos, mas ainda não adotara o uniforme, dizia: isso é pra bichas) 

 

- Mas zé, é só isso que você tinha a oferecer a ele, pedalar?

Em minha vida de ciclista vi a bike mudar a vida de muita gente, a minha principalmente. Num dos meus primeiros ‘pedal’ – lembro como se fosse hoje e foi há oito anos – um jovem casal, quando paramos para um descanso, me mostrou seu álbum de fotos. Contaram como se conheceram. Ele foi pedalando até Santa Rita de Jacutinga, pernoitou lá e ali conheceu a doce morena que o tem ajudado a viver. Viu como a bike é casamenteira?

Outra alegria é ver o colega safenado que volta e meia descia da bike porque o controle de batimentos cardíacos apitava avisando de seu limite e hoje, o coração irrigado por muitas veias novas, pedala como um jovem, não, mais do que muito jovem. A bike é saúde e renovação.

 

É por isto que neste sábado, indo para a festa de 68 anos daquele mesmo ciclista que se tornou meu parceiro de pedal há vários anos, levei pela trilha um rapaz que se inicia neste esporte e nesta maneira de viver. Como foi bom ir lhe contando histórias pela estrada e lhe mostrando as belezas do conhecido caminho do Glicério. Para ele era tudo novidade. Em cima de minha bike não vejo desencontro de gerações, ela irmana idosos e moços.

 

Assim, se te acontecer ver um velho ciclista te chamando pra pedalar, não pense duas vezes, acompanhe-o. Em sua experiência ele está vendo quanta coisa boa vai te acontecer daí pra frente. A bike é mágica.  

publicado por joseadal às 01:10

Agosto 22 2012

A amizade com um filho é uma coisa maravilhosa. É preciso atravessar todo o cipoal de obrigações e atividade para encontar o filho e fazer alguma coisa juntos. Na 2ª feira, 20/08/2012, conseguimos coordenar trabalho e afazeres para passar boas horas do dia juntos.

(eu e Márcio Aurélio na balneárioda praia da Luz, São Gonçalo, RJ)

  

A relação de um homem com seus filhos variou muito em todo esse tempo em que vivemos na Terra. O livro Los Cazadores de Mamuts revela que há 30 mil anos as crianças eram literalmente “filhos da mãe”: “. Con frecuencia, el hombre se siente más cerca de los hijos de su compañera, los hijos de su hogar, pues vive con ellos y les enseña; pero sus herederos son los hijos de su hermana; al envejecer, a ellos les corresponde atenderle”. Os paleontólogos divergem se as sociedades, os clãs, as tribos daquele tempo tinham uma chefia masculina ou feminina, mas todos reconhecem que a figura da mulher era venerada como responsável pela multiplicação da espécie dos homens.

Foi a 10 mil anos, quando descobrimos as vantagens da agricultura e de se construir e viver em cidades, que começamos a desconfiar que a mulher não concebia o filho sozinha. A contribuição do homem custou a ser percebida porque ter relação com a mulher não resultava necessariamente na concepção dela. (a praia da Luz fica no fundo da baia da Guanabara e para chegar lá atravessamos um grande manguezal)

Os israelitas quando invadiram a terra que pertencia aos filisteus, heveus, girgazeus, amorreus, cananeus, amonitas e jebuseus, e os derrotou quase os eliminando completamente, inteiramente convencidos de que era vontade do Deus de Israel lhes dar aquela terra que já possuía dono, dividiram o território pelas famílias. Com o passar do tempo a herdade era fracionada pelos filhos, netos, bisnetos; porém, não podia passar nenhuma parte dela para outra família. Assim, quando um homem morria e não deixava herdeiro, um irmão devia coabitar com a cunhada e gerar nela um descendente que herdaria a parte do falecido nas terras da família.

Não havia a mínima noção de que um DNA, um arquivo de informações de um indivíduo, formaria seu filho e daria continuidade as conquistas e defeitos genéticos acumulados por aquele agrupamento humano. Mas na idade Média um senhor feudal, para garantir que o filho de sua mulher seria uma fiel continuação sua e não um filho bastardo de outro homem, chegava a colocar na senhora esposa um cinto de castidade. Daí resultou mil piadas e a fama de que um chaveiro é o melhor amigo do Ricardão.

(o visual é lindo e enquanto comíamos sardinha frita admirávamos a serra dos Órgãos e as muitas ilhas da baia)

Mas digo tudo isto para falar de como é bom a companhia de um filho. Fui visitar Márcio Aurélio e Cristina no Grande Rio, meu único filho que ainda não me deu neto, casou no final do ano passado. Gostei demais do seu apartamento bem construído e mobiliado com bom gosto e conforto. Conversamos demais, mil coisas. Com ele tenho uma identificação completa de gostos e prioridades. Mas o melhor foi quando pegamos as duas bikes que levei e saímos em direção à praia da Luz.

A capela da Luz foi construída há 300 anos. O jornal O São Gonçalo informa: “A data provável da primeira missa na Capela da Luz, 1647, é a mesma que a da criação da freguesia de São Gonçalo de Amarante. O capitão português que a construiu acabou por criar muitos devotos da santa, leigos ou religiosos, e, consequentemente, fez com que fosse preservada a cultura de celebrar Nossa Senhora da Luz a cada dia dois de fevereiro. A capela tem um projeto simples. Na fachada um frontão triangular e duas colunas toscanas que formam uma varanda (solução arquitetônica inédita em uma igreja). O prédio não tem sino ou torre. A porta de entrada, estreita e de altura normal, foi colocada durante as obras de restauro e melhorias feitas com patrocínio da Petrobras no ano de 2001”.

E assim, passei um dia muito feliz conversando com um jovem que é uma continuidade minha e trocando idéias, eu de uma geração ele de outra, mas com aquela afeição que nasce da identidade de sangue. Um dia, ele falará de mim para o filho dele e assim a vida continua.

publicado por joseadal às 00:05

Agosto 21 2012

Um dos belos circuitos de mountain bike em nossa região é o que sai de Volta Redonda, passa por Conservatória e rodando no alto da linda serra da Beleza nos proporciona uma vista maravilhosa.

Saímos em um grupo alegre e com três mulheres que pedalam muito. O ritmo era descontraído e para rodar 110 km assim só conseguiríamos terminar lá pelas 8 horas da noite. Como prometi almoçar com a Lili tomei um atalho e voltei, eu e meu anjo da guarda.

(a alegre Chuchu foi quem 'puxou' este longo passeio ciclístico)

 

Sem perder tempo, rodando forte e resfolegando mais do que locomotiva subindo ladeira íngreme, ainda assim percebi muitos lugares lindos: aquela curva no caminho toda enfeitada de espinheiro florido, a ponte dos Arcos obra majestosa do braço forte de nossos negros, o mar de morros se perdendo lá para os lados das Gerais, coisas lindas por demais.

É diferente de uma academia, muito diverso. São horas pedalando só, e a mente viaja. Meditar, raciocinar sobre um tema, dar voltas numa ideia pela cabeça é um trabalho mental maravilhoso que coaduna bem com o ritmo de se pedalar. Pensei sobre uma coisa que me intriga.

Quase todos os dias passeio com Malu ao redor da igreja de Santa Cecília e vez por outra acendo velas para as almas. Peço a Deus por parentes e amigos que se foram e ao final digo: e todas as almas que viveram neste planeta. Da última vez parei refletindo nisso e me perguntei: Quantas almas já passaram pela Terra? Nesta volta pela serra da Beleza, ‘só com meus botões’ refleti nisso.

O ser humano surgiu há 40 mil anos. A população se divide em gerações, cada uma se forma em 20 anos. Dividindo 40 mil por 20 encontramos 2.000 gerações.

- Você não chega a ficar maluco das ideias não, Zé?

Dá para pedalar, é automático, e com uma parte da mente prestar atenção em volta e com a outra desenvolver um pensamento. Continuando. De 40 mil até 10 mil anos os primeiros humanos sobreviveram bravamente a última era glacial. Formar uma prole era difícil. Supondo que naquele período, 30 mil anos ou 1.500 gerações, cada uma tivesse 20.000 indivíduos, andaram pelo planeta 30 milhões de almas. Depois, com o clima melhor, descoberta a agricultura familiar e construídas as primeiras cidades, de 10 mil até 2.000 antes de Cristo - em 8.000 anos e suas 400 gerações, cada uma com 200 mil indivíduos - peregrinaram em nosso planeta mais 80 milhões de almas.

A concatenação dos pensamentos não perde a continuidade quando se para apreciar uma coisa antiga ou bela, como a ponte dos Arcos acima de Conservatória. Há só um descanso, e quando monto na bike e recomeço a pedalar mecanicamente a ideia volta a se desenvolver de onde parou. De 2.000 antes de Cristo até 1.000 d.C - 3.000 anos ou 150 gerações, os grupos humanos divididos em clãs e depois em feudos, mas organizados e protegidos - cada geração teve 2 milhões de pessoas, perfazendo 300 milhões. Até o século 19 passou 800 anos ou 40 gerações com 20 milhões cada uma, o que dá 800 milhões de criaturas. Então, nos últimos 200 anos, com o avanço da ciência e da medicina a população deu um salto e cada uma das 10 gerações teve 2 bilhões de seres o que perfaz 20 bilhões.

Estava no alto da serra, um vento frio soprando de leve. Deixei a vista correr pelo relevo acidentado, o “mar de morros” que se formou em períodos muito mais longos que o tempo dos homens. Não podem ser medidos pela História, mas pela Geologia. Tornei a montar e desci vertiginosamente a serra, agora por uma estrada asfaltada ao invés do caminho esburacado de antes. Mas nem assim dá pra refletir, naquela velocidade sobre duas rodas só da mesmo para usar a parte instintiva da mente e o racional fica temporariamente desligado.

(pense por um momento, quão distante ficamos dos animais, nós numa praça de alimentação de um shopping, eles num comedouro desses)

 

De volta a baixada sobe-se os morros que cercam a pacata Santa Izabel do Rio Preto e toca-se para Amparo. Já havia pedalado 70 km, restavam 40. Dava para raciocinar de novo. Somando tudo, o que só deu para fazer agora usando a calculadora, constata-se que viveram neste planeta 21.210.000 de almas, vinte e um bilhões e tanto, três vezes o que está vivendo agora. Pensei então na ressurreição da carne. Para Deus nada é impossível, mas como colocar toda esta gente vivendo aqui novamente? Mas isto fica para outra postagem.  

publicado por joseadal às 12:24

Agosto 12 2012

Domingo costuma ser o dia em que saiu de casa para longas pedaladas. Geralmente ando com um bando alegre que sai correndo as estradas de chão de nossa região. Mas hoje, dia dos Pais, tinha compromisso com a família, então neca de pedalar. Mas não consigo, assim deixei um bilhete para Lili e montei em minha bike limpinha para um pedal de duas horas. Sozinho, porque ligando para alguns colegas ninguém quis sair.

Coisa estranha essas necessidades, esta vontade. Fui rodando e lembrando das palavras do filósofo Artur Schopenhauer em Mundo da Vontade:  

“Sendo o homem a mais perfeita objetivação desta vontade de viver, é, portanto, ao mesmo tempo, o mais necessitado de todos os seres. E, com tudo isto, encontra-se sobre a Terra, abandonado a si mesmo, incerto de tudo, salvo da sua miséria e das suas precisões: isto faz com que toda a sua vida seja ocupada pelos cuidados reclamados por uma existência submetida a exigências muito pesadas. Ao mesmo tempo, perigos de todo gênero o circundam por todo lado, e obrigam-no a dilatar uma vigilância de cada instante para evitá-las”.

Pedalando nas ruas da cidade precisa-se estar atento o tempo todo. Mas  de modo geral em cima da bicicleta fica-se livre de todas ansiedades. Parei num posto e calibrei os pneus. Ia saindo quando parou uma bela ciclista. Dei um impulso, mas pensei: você está só, Zé, ela também, chame a moça para pedalar juntos. E não é que ela aceitou! Daí o pedal foi um conversê só. Falamos de quase tudo e se não rodei tanto quanto havia planejado, dei e recebi informações preciosas. Tudo equilibrados nas magrelas. Novamente, pensei no que o filósofo falou mais adiante:

“Mas o que faz os humanos perseverar em tão penoso combate não é tanto o amor da vida, quanto o temor da morte que, sempre inevitável, sempre à vista, pode a cada instante rojar-se sobre eles. A própria vida é um mar semeado de escolhos e de abrolhos que o homem evita com prudência e cuidados extremos, embora não ignore que apenas lhe tenha escapado, cada novo passo o aproxima dum naufrágio bem diversamente formidável, dum naufrágio total, inevitável e irreparável, da morte para a qual navega diretamente; termo final da fatigante travessia, porto mais terrível que todos os escolhos evitados. Por sua causa é que sucede que seres que tão pouco se amam como os homens, se procurem, todavia, com ansiedade: o temor se torna portanto uma fonte de sociabilidade”.

(em um inverno quente a pitangueira aqui de casa se engana e enche de flores)

O ciclista é na maior parte das vezes um proselitista, um incentivador da prática deste esporte maravilhoso que faz tanto bem ao corpo e a mente e nos prodigaliza de amigos e momentos felizes.

publicado por joseadal às 23:01

Agosto 04 2012

Amanhã sairemos cedo. É domingo, e como se dizia antigamente, Dia do Senhor. Então, vamos sair para ver as obras dEle. Quando colocarmos as bicicletas no reboque da van o céu deverá estar claro, mas ainda sem a luz dourada do Sol. O primeiro trabalho será tirar a roda da frente e ficar observando os colegas fixando-as nos encaixes. Uma olhada para o céu e veremos fiapos de nuvens cor de rosa num azul desbotado. Fará frio e dentro de duas horas ficará bem gelado.

 

Dentro da van, aquecidos, perceberemos a cidade dos homens ficar para trás, o carro correr pela Dutra, e logo estaremos seguindo na estrada para Bananal. O Sol levantará por detrás dos morros e o gado pastando a erva molhada será bonito de ver. Alguém vai cochilar e a conversa animada vai diminuir enquanto o motorista guiando com atenção fará o carro vencer as curvas fechadas da antiga estrada dos tropeiros, o caminho que D. Pedro I fazia para chegar a São Paulo. Quando a van entrar, depois de passar uma pequena ponte, na rua principal de São José do Barreiro com seu casario de mais de um século, já estaremos bem acordados e ansiosos para começar a aventura.

Soltar e aprontar as bikes não será demorado. Um bom café bem esperto aquecerá o corpo que treme de frio e da expectativa de subir a serra que domina a pequena cidade. E, então, sorrindo tolamente, como crianças que passam muito tempo presas e são levadas a passear no parque, iniciaremos a longa subida de 20km, íngreme, saindo de 450m para 1.700m de altitude. O ar congelante entrará por nossos narizes pinicando e levará o oxigênio, quase sem poluição para cada célula de nossos corpos arfantes sob o esforço de subir esta montanha que está assim há 60 milhões de anos, desde quando o antigo continente Gondwana se partiu e a África se afastou para viver sua história sozinha.

Uma hora depois quase não veremos traços do trabalho do homem e por todo lado vamos nos maravilhar com as obras do Criador. Deus seja louvdo.

publicado por joseadal às 11:13

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