bikenauta

Setembro 22 2012

A mente é o principal fator para se obter êxito numa empreitada (mens sana), porém um bom preparo físico (corpore sano)ajuda muito. Hoje, 22/09/2012, pude constatar isso. (a Bocaina vestida de nuvens no caminho de Bananal

Fui à cidade vizinha me juntar aos ciclistas de lá para um pedal rápido. Pedalamos poucas vezes juntos e é um prazer encontrar velhos companheiros. Mas não gostei do caminho que iam fazer, lama pura. Não é que não seja legal um pedal por um caminho com barro, mas é preciso programar a mente para enfrentar esse desafio e tinha me programado para andar por caminhos secos.

(o dia estava ótimo para pedalar, encoberto e até meio frio, aqui é o caminho da Cerâmica, Bananal)

 

Hávia uma coisa estranha: devia me sentir a vontade no meio dos colegas de lá, ‘como um pinto no lixo’, mas na minha cabeça parecia mais um carcará que vi num pasto em frente à fazenda Independência de olho numa carcaça de rês no meio de um monte de urubus. Longe de mim comparar Alex, Beto, Marcelo, Jorge e outros mais aos símbolos vivos da nação rubro-negra. Acho até que eles são todos pó-de-arroz ou bacalhau. Como a conversa no pono de encontro não terminava mais, avisei que ia andar e fui sozinho.

(sem o grupo se tem mais liberdade, até para parar no sítio do 'seu' Sebastião, prozear e chupar cana)

e

Mas o fato é que pretendiam entrar para Rialto e fazer a trilha do Guaxinim (que é a maneira ‘graciosa’ que eles chamam o caminho que a turma de Volta Redonda apelida de Perdidos). São pequenos brejos de vinte em vinte metros e ainda tem o rio Bananal para atravessar descalço. Tô fora, pensei. Então, decidi fazer um caminho contrário, pedalando pelo asfalto até Bananal e no portal da cidade entrar à direita para Cerâmica e sair na fazenda Bela Vista, por onde eles também iam passar.

Rodei uns 60km num ótimo ritmo e cheguei na fazenda antes deles. Continuei para a estrada Rialto-Arapeí esperando passar por eles no caminho, mas errei o trajeto em algum lugar e acabei numa estrada que não conhecia. Não sem antes atravessar um pasto e um bambuzal.

Por sorte fui bater na casa do seu Sebastião que me disse que se fosse em frente chegava a Bananal. Como realmente cheguei, junto a igreja da Boa Morte. Ora passei por este caminho umas três vezes, como é que não me lembrei dele? Que mente 'meia boca' é essa? Isso é o que os gregos não admitiam: mens ruim in corpore mais ou menos sano.

Pior, para pagar por não ter seguido com os amigos, acabei tendo de tirar o tenis e atravessar o rio Bananal.

publicado por joseadal às 23:55

Setembro 18 2012

Desde que os primatas ganharam razão que sentiram um impulso irresistível de sair do lugar em que nasceram e correr mundo. A Bíblia descreve isso com essas palavras singelas: "E assim Deus criou os seres humanos, ele os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem e mulher e os abençoou, dizendo: Tenham muitos e muitos filhos, espalhem-se por toda Terra e a dominem”.

(aqueduto que movia a roda d'água da fazenda Vargas que aparece lá ao fundo; na estrada que começa no bairro Chacrinha, Valença, e termina em Pentagna, também distrito de Valença) 

Quando o ciclista percorre estradas de chão afastando-se da cidade e seu cansativo modo de viver, ele vê de cima de sua bicicleta pastos, serras e matas quase vazios de humanos. Mas de quando em quando ele passa por maravilhosos marcos da presença do homem. São antigos casarões.

(como este, da fazenda Destino, longe do asfalto e dos automóveis, em terras de Valença, RJ)

Quando ele para sua mente imagina os construtores mourejando para cortar e arrastar as pedras de alicerce, embrenhando-se nos matos a cata de bambu e embira que formam o arcabouço das paredes e a dura faina de trazer barro, amassá-lo e cobrir o madeirame fechando paredes que aguentam as agressões da natureza. Cortar grossas toras de madeira de lei para fabricar móveis, caixilhos de janelas e portas e elas próprias e cortar e aplainar largas tábuas para servir de piso era um trabalho inimaginável. Não se comprava tudo pronto no material de construção. 

(na estrada Rio Preto-Barriado pela margem mineira do rio Preto, a fazenda Santana)

As antigas casas de fazenda que abrigaram tantas afeições e paixões, ódios e incompreensões, ainda estão lá de pé. São vivendas dos incontroláveis seres humanos. E só podem ser apreciadas quando rodamos de bike pelos caminhos de chão.

Enquanto se exercita e escapa da agitação da cidade, o ciclista de mountain bike vê o belo mundo de Deus e as maravilhosas obras dos homens que se espalharam pela Terra.

publicado por joseadal às 12:10

Setembro 17 2012

Há um momento especial em uma grande pedalada – como a que fizemos ontem, 16/09/2012 – de quase ou mais de 100 km.

(começo da volta até Rio Preto passando pela fazenda Chacrinha)

Diferente da sucessão rápida de lugares e circunstâncias, no momento da partida tudo parece suceder vagarosamente, quadro a quadro. As bicicletas estão encostadas a parede, a corrente bem azeitada e elas todas preparadas, tudo em suspense. Então, alguém da a ordem de “vamos embora” e cada ciclista se aproxima da sua, leva-a para a rua, clipa o pé no pedal e dando um impulso senta no selim; o momento passou e na algazarra das conversas o grupo se afasta pela estrada e tudo agora se movimenta rápido.

(ponte sobre o rio Preto, atravessando de terras de Minas Gerais para as do Rio de Janeiro, em Humberto Furtado)

Seja lá o que for que estejam conversando, mesmo brincando e fazendo piadas uns com os outros, naquele momento mágico da largada a mente de cada um está focada no plano do pedal. O espírito se prepara para cada subida forte que conhece ou advinha, o sol quente que mesmo neste inverno rouba a força e nos faz tomar goles d’água a cada instante e as dores dos músculos cansados e extenuados. É como se um mapa de todo o percurso flutuasse em frente aos nossos olhos, enquanto estamos ali parados esperando a ordem de “vamos embora”.

(nas corredeiras, ponto turístico da pacata Pentagna, distrito de Valença) 

No ponto de encontro, àquela hora da manhã, o ar é fresco, quase gelado. O corpo descansado pulsa com a adrenalina começando a ser jogada na corrente sanguínea. Ali, entre os abraços de quem não se vê à tempos ou os fortes apertos de mão de quem pedalou juntos a uma semana, há uma expectativa no ar. De longe passa rápido por nossa mente a possibilidade de um tombo, de um pneu furado ou de uma engrenagem quebrada. Mas neste início de pedal estamos cercados de colegas que garantem ajuda e socorro. Todos falam ao mesmo tempo, mas os ouvidos estão atentos e o coração pede quieto pela ordem: vamos embora!

(a luz da tarde que avança, o rio Preto reflete como um espelho; vista do caminho de Barriado que começa no km 8 da estrada RioPreto-StaBárbara do RioVerde)

publicado por joseadal às 12:18

Setembro 11 2012

Vamos pedalar, neste domingo, o polígono mágico, em Valença. Serão quase 100 km em mares de morros, pela margem do rio Preto e por belos lugarejos.

- Zé, não é tudo a mesma coisa? Os caminhos, os morros e as cachoeiras não são tudo parecido, aqui ou em Valença.

A bicicleta nos dá chance de andar por outros municípios e ver terrenos com geologia e vegetação diversas da que andamos mais corriqueiramente. Vamos começar pelo bairro Chacrinha, com sua bela fazenda. Depois de subirmos um pouco rodaremos pelo alto dos morros até Pentagna e suas belas corredeiras pelo meio da cidade.

Um pedacinho de asfalto só para subir uma serra e descer pelo Curralinho até Rio Preto. Um passeio em volta da praça da catedral e um almoço gostoso, um breve descanso e tocar pela margem do rio Preto passando por Porto dos índios e Barreado.

Então, tomando à direita vamos subir e passar uma corcova de serra e descer para Taboas. Dali, pelo asfalto, atravessamos Valença e pegamos os carros para voltar. Dito assim parece um exercício sem sal, mas tanto que vamos prosear, quanto que nossos olhos vão se fartar de cores e belezas e as emoções do convívio com os amigos.

Ah sim, tendo alguma prevenção leve sua própria água, mas pode crer, é só lenda. Saímos da praça Brasil as 6:30, domingo, 16/09/2012.  

publicado por joseadal às 01:20
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Setembro 09 2012

Parafraseando Roberto: São tantos os caminhos!

Hoje, 09/09/2012, pedalei por um que ainda não conhecia, a trilha da Serrinha. Haviam-me falado dela, mas andando com os colegas para um destino não se pode aventurar no desconhecido. Então, como estava sozinho, ao chegar ao desvio, toquei por ela.

 

Há uma alegria e um toque de apreensão ao se pedalar por um chão sem marcos orientadores. No início foi só subir, afinal é a Serrinha de Arrozal. Depois, foi correr por uma passagem antiga e bem arborizada. Dias sem chuva facilitou, mas as marcas de pequenos atoleiros estavam lá, felizmente secos e cheios de pisoteio do gado. A bike chegou ao alto e desceu com liberdade. A descida é um corte beirando a serra, do lado esquerdo o precipício e no outro o barranco encimado pela mata.

 

Outra subida termina num pasto com o gado descansando perto de um comedouro. Foi descer pelo capim, passar uma tronqueira e correr pelo pasto em forte declive, mas ao fundo que vista bonita! Uma lagoa e um bambuzal, um local refrescante para o corpo e os olhos. Nem deu para curtir muito, pois cheguei noutra tronqueira e num caminhozinho de fazenda. Passei pela casa grande gritando: é de paz, licença aí; e logo estava no asfalto.

Atravessei a Dutra por baixo de outra ponte e parei para almoçar num lugar sossegado. Depois segui para Arrozal por um outro acesso e depois de conversar com uns cavaleiros e quase tocar um berrante subi pela antiga Melequinha que está toda arrumada.

Quando comecei a pedalar um amigo me disse que na região havia 100 trilhas, hoje conheci outra, a Serrinha. Dia desses te levo lá.  

publicado por joseadal às 21:13

Setembro 08 2012

Ciclísmo é o rei dos esportes. Se não, veja. Quer exercitar quase o corpo todo? É com a bicicleta. Quer formar um círculo de amizade desinteressado e amigo? É com a bike. Quer ficar em contato com a Natureza? Então é com ela mesmo!

Aqui é preciso detalhar melhor o que é a Natureza e sua simbiose com a "magrela". A Natureza é um conjunto de forças ordenadas por leis que moldam nosso planeta. As mudanças podem ser tão suaves que a gente corre com as bicicletas por cima delas e nem notamos que teve modificações ali. Quando se sobe uma serra suando e exigindo de muitos músculos tudo que podem dar, estamos andando em cima de uma transformação da crosta do planeta que aconteceu catastroficamente há milhões de anos. As elevações do solo podem ser tão grandes quanto as serras que começam lá em Pocos de Caldas, vem para o leste formando a Bocaina em São Paulo e a serra do Mar no Rio de Janeiro. Quando subimos os 6 km para o Guaraná Quente na serra da Carioca, em Rio Claro, estado do Rio, pedalamos e empurramos as bikes entre dois picos de granito por um caminho muito inclinado, mas regular o bastante para o ser humano ter feito nele uma estradinha. Não vimos, mas este caminho foi esculpido pelo rio do Prata devagar e por milhares de anos. Parece que aquela paisagem foi sempre assim, mas não, ela vem mudando com tempo e sendo esculpida maravilhosamente por muitos séculos. A bike nos proporciona este visual ao mesmo tempo em que nos exercitamos.

Quando pedalamos, este esporte que é rei, nos dá a oportunidade de ver como a superfície da Terra tem sido moldada por forças poderosíssimas. Porém, mais do que isto, não podemos deixar de ver um toque de artista na paisagem deslumbrante, como na cachoeira de Carlos Euler. O rio poderia ter tomado o caminho à direita e descido a serra da Mantiqueira formando outro vale com uma série de quedas d'água. Mas não, ele toma à esquerda, onde tem um rochedo imenso, e corajosamente se precipita lá de cima. Parece que fez isto só para impressionar um glorioso visual aos humanos. Então, o ciclista chega ao pé da cachoeira, deixa sua bike encostada num arvoredo, despe o uniforme e se aproxima reverente recebendo no rosto o chuvisco refrescante. E quando olha para cima, as nuvens deslizando no céu, parece que aquela massa imensa, de água e pedra, está tombando vagarosamente em cima da gente. Só um artista talentoso para ter montado este cenário.

É em momentos como como este que dou valor a minha bicicleta. Que os outros magníficos esportes me perdõem, mas o ciclismo é o rei de vocês todos.

 

publicado por joseadal às 15:25

Setembro 02 2012

O caminho mais curto entre dois pontos é uma reta.

Isto é um axioma, que a Wikipédia define assim: “é considerado uma verdade evidente, mas que ao rigor da palavra não pode ser demonstrado ou provado e apoiam-se em todos os fatos científicos até então conhecidos”.

Jesus também fez enunciados que as pessoas aceitam como verdade em todos os assuntos, como esse (Mateus 7:14): “apertado é o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontram”. Hoje, no pedal isto se mostrou verdadeiro.

O frio estava cortante desde as 6h até quase 9h. Sidney e eu aproveitamos a temperatura gelada e pedalamos firmes e sem escalas para Rio Claro. Só ali, comendo um bolinho de aipim com carne bem sequinho acompanhado de um café bem quente, propus ao colega abandonar a estrada larga e entrar no caminho estreito logo após passar as últimas casas da pequena cidade. Torcia para encontrarmos o caminho para a estação ferroviária de Lídice.

O caminho largo da estrada estadual não é mal, mas tem uma serra antes de Lídice. Também supus que o caminho estreito de estrada de chão nos levaria mais perto do destino, a estação da estrada de ferro e o caminho para ver o mar. E o apertado atalho é bonito de se passar.

Passamos nele há muito tempo e nos perdemos enfrentando o maior perrengue. Tomando melhores informações estava crente que desta vez não haveria como errar a ponte que atravessa o rio Piraí, mas  não acertamos o trilha da matinha e tivemos de atravessar o rio deste jeito.

Sidney, o primeiro a entrar descalço na água gelada, brincou: Seu Zé está igual àquelas cervas geladas que o senhor gosta de beber. Mas quando entrei não achei tanto assim, e devolvi: Sidney, se o garçom me servir uma cerveja nesta temperatura mando devolver no ato.

Bem que Nosso Senhor disse que o caminho estreito é difícil de achar. Afinal chegamos à estrada, no alto da serra, mas ainda longe da cidade e abortamos o passeio planejado. Voltamos pela estrada larga que se não nos levou à vida nos deixou no restaurante do trevo de Passa Três onde comemos uma picanha na tábua que estava uma beleza.

publicado por joseadal às 23:10

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