Uma das mais belas qualidades humanas é a amizade. O encontro dos amigos, que coisa mais prazerosa!
(foto de outro amigão, o marujo Marcus MP, tirada no caminho para Quatis)
Não consigo ouvir Amigo é pra essas Coisas sem sentir um nó na garganta.
https://www.youtube.com/watch?v=HO7Dx4ziU_o
Esse final de conversa entre dois destinos tão diferentes, mas de dois corações afins, é tocante.
“- Adeus
- Toma mais um
- Já amolei bastante
- De jeito algum!
- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê
- Por você ter me ouvido
- Amigo é prá essas coisas
- Tá...
- Tome um cabral
- Sua amizade basta
- Pode faltar
- O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará”.
Para distrair estou relendo Jorge Amado em Tenda dos Milagres. O santeiro Mané Lima relembra as saídas com o amigo Miguel Arcanjo, “pobre, pardo e porreta”:
“Uma vez por semana, às quartas-feiras, invariável, com sol ou chuva, Arcanjo vinha me buscar para tomarmos umas cervejotas geladíssimas.
- Despeje o saco, meu bom, conte as novidades.
- Não tenho nenhuma, Arcanjo.
- Ora, toda hora acontecem coisas. Vá desamarre a língua.
Depois de três ou quatro cervejas, quando obtinha uns trocados, ele batia com força na mesa chamando o garçom:
- Traga a conta, meu bom.
- Deixa comigo, mestre Arcanjo, guarde seu dinheirinho.
- Em que lhe ofendi para você me desconsiderar, meu camarado? Quando não tenho dinheiro você paga, não me aflijo, não é por minha culpa e querer. Mas se hoje tenho algum, por que você há de pagar? Não diminua o velho, me deixe inteiro, meu bom.
E ria um riso de dentes brancos”.
Entre os amigos as aflições são saradas, ninguém é superior e cada um fica agradecido e quase diz:
Muito obrigado, amigo, por você ter me ouvido.