bikenauta

Novembro 26 2012

É uma norma, não é uma lei inflexível: Não se sai para pedalar se estiver chovendo.

(essa é a ciclovia que a secretaria de obras de Barra Mansa fez aproveitando uma antiga calçada)

Só estava garoando, então fui pra Quatis. Calculei mal, queria ver a saída da competição do aniversário da cidade, mas quando cheguei já tinham saído.

Mas valeu pedalar sozinho numa manhã de céu mais carregado que úbere de vaca no comecinho da manhã. Porém, pedalar em chão molhado requer muito mais atenção. Nas descidas pelo acostamento da Dutra, uma aquaplanagem podia me levar numa derrapada bem pra debaixo dos caminhões que passavam levantando uma nuvem de água suja. Para passar numa ponte sem acostamento – ainda tem algumas assim no trecho Barra Mansa-Floriano – a subida para o asfalto fica mais perigosa e pode deixar-nos caído no meio da pista. Mas nada disso aconteceu e deu para sonhar e refletir, pensar e até rezar.

Lugares que passamos num dia ensolarado fica completamente diferente nas cores em tons cinzas.

Só, o ciclista conversa consigo mesmo e com seu Criador.

Demorou mais de uma hora o tempo previsto para a chegada dos primeiros concorrentes. Chegaram que era barro puro, com esfolados e com as bicicletas estropiadas, mas cada um sozinho. Tentando vencer aos outros e a si mesmo, o homem usa todos os músculos ao máximo e toda a vontade para dominar o desânimo e o dó de si próprio.

Então, mesmo não sendo o que gosto de fazer, retornei sob chuva fraca por cima das marcas de minha vinda deixadas pelos pneus na pista molhada.

publicado por joseadal às 00:37

Novembro 24 2012

Em uma música de Antonio Marcos tem um verso que diz: Não saiu jamais muito longe de sua cidade. Desde o mar da Galiléia até Jerusalém não tem mais do que 150 km e das praias do Mediterrâneo às águas do rio Jordão só tem uns 50 km. Este foi o tamanho do chão que Deus Conosco palmilhou. Neste pedaço pequeno do planeta ele fez tanta coisa e aproveitou cada instante de sua breve passagem aqui de um modo que mudou o mundo.

Então, porque esta ânsia que o ciclista tem de correr chão, ir mais longe, descobrir novos caminhos? No feriado de 15/11/2012, quatro de nós saímos de Volta Redonda e de carro fomos parar em Miguel Pereira. Encontramos um grupo veloz de colegas de Paty de Alferes. Nosso amigo Marcinho e sua bike verde esperança conversa com a galera.

Também encontramos uma turma que veio do Rio de Janeiro. Todos bem vestidos e com belas bicicletas como convém a quem mora na capital cultural do Brasil. Lá estava Horácio, guia de turismo esportivo, com toda picardia e malemolência daquela gente carioca.

E andamos por caminhos que subiam muito pelas serras e paramos enchendo os olhos com o visual lindo que a Natureza moldou neste nosso planeta.

(João2010, companheirão sempre pronto a trilhar caminhos novos sem medo de chuva ou sol forte)

O corpo se exercitou, aprendemos mais um pouco sobre paciência e compreensão uns com os outros e vimos que não importa por onde andemos sobre nossas bikes estamos em casa, neste pequeno planeta que entre tantos e tantos a vida surgiu e tem sido cuidada para não acabar.

(matas recobrindo montanhas formam riachos que rolam de cada grotão, como este nesta foto do novo amigo Élder)

Ouça o que te digo, não fique só em volta de sua casa, venha andar com a gente e ver agradecido o que o Verbo de Deus fez pra nós. Mas se não gostar de ir muito longe, pelo amor de Deus não fique a toa vendo Faustão e perdendo o tempo precioso de sua vida. Agora, aguente aí que vou pedalar. (ponte da antiga ferrovia, a data é de 1897, que hoje jaz como exemplo de como o que é importante hoje, amanhã não terá serventia)

 

publicado por joseadal às 11:46

Novembro 13 2012

No caminho pedregoso que passa por cima da serra da Bocaina, tem um restaurante, mas não um qualquer, o Chez Bruna.

O jeito é de casa de repasto alemã e o verde do tapete de grama e a sombra das araucárias fazem parecer mais ainda que estamos na Europa. Cansados sentamos a mesa e com a prece e o agradecimento silencioso e pessoal, nos atiramos a larga bandeja de salada.

Os pratos ficam coloridos por um momento, mas logo poderosas garfadas fazem desaparecer a alface, a rúcula, as cebolinhas no vinagre, o queijo temperado, a cenoura e a beterraba raladinhas, os pedaços suculentos de manga, tudo azeitado com um delicioso molho de mel com mostarda. A tarde de céu encoberto faz a saudade de casa crescer no peito.

Então a língua se solta e começa o convercê. Reginaldo puxa um tema que nos faz refletir. Foi mais ou menos isto que ele disse e nós retrucamos:

- Deus, quando juntou o homem e a mulher decretou que não fossem mais dois, mas um só. De forma alguma Ele tencionava que ela deixasse de ter seu jeito e ficasse igual ao homem, nem que ele perdesse sua identidade e ficasse como a mulher. Não, o um só era um terceiro.

- Mas como é essa adivinha, meu camarado? Que terceiro é esse? (um colega brinca: seria o Ricardão?) Esse um só não atrapalharia a convivência dos dois?

- De maneira alguma. Esse um só não é uma pessoa de carne e osso, nem é uma adaptação deles dois. Esse misterioso um, é tudo o que eles dois viveram juntos, tudo por que passaram e realizaram em comum.

- Então, se um casal se separa aquele um não desaparece!

- De jeito algum, já que os feitos dos dois – bens imóveis e móveis adquiridos ou construídos, filhos e amigos, fotose  livros, discos e músicas – sempre recordarão aquele um, o que fizeram juntos. Os homens podem desmanchar um casamento, dividir bens, amigos e filhos, mas o que aconteceu está registrado para sempre.

- O que Deus ajuntou o homem não pode separar.

- Exato. E o mesmo sucede com um grupo. Estamos hoje aqui e amanhã poderemos estar longe ou impossibilitados de nos juntar novamente para outro pedal, mas o que vivemos hoje não será jamais esquecido.

- Sim, nossa caminhada por dentro da mata...

- Quando ouvimos o barulho da cachoeira e vimos lá embaixo o mar e as enseadas.

- O tombo do amigo Zé! Pensei que ele tinha descido lá para ver alguma coisa, curioso como é.

- A vitória da amiga que levantou sua bike no alto da serra. Que subiu pedalando com toda confiança.

- Sim, esta experiência há de ficar para sempre. Eduardo vai poder conta-la aos filhos que ainda vão nascer. A amizade pode até acabar por causa de um ato impensado, mas o que está feito é inapagável. De nós cinco se fez um, o nosso feito.

publicado por joseadal às 21:27

Novembro 12 2012

Quando se decide alcançar um objetivo, dizem os estudiosos que diversas conexões são formadas para nos ajudar. São forças quânticas e anjos, poderes da mente e fé, seres espirituais amigos e o Espírito de Deus; pode-se acreditar na razão que melhor nos convier. O fato é que uma força além da nossa nos impulsiona. Foi assim com a colega Elizângela, a amiga Chuchu.

Ciclista esforçada numa cidade que não tem muitas mulheres que pedalam, ela consegue acompanhar homens nos passeios de Mountain bike. Mas a amiga Chuchu tinha um desejo desde que viu um colega levantar bem alto sua bicicleta depois de ter subido a serra da Bocaina. Quando soube que iríamos lá ela pediu para nos acompanhar. É uma missão que exige muita força das pernas, determinação na hora que todos os músculos doem e confiança e desejo de chegar ao alto, a 1.700 metros.

Quando saímos de carro para Bananal o tempo estava fechado e a montanha se vestia de pesadas nuvens. Diferente da colega nosso objetivo era mais duro: atravessar os 30 km sobre as serras, romper por uma trilha a pé e chegar a cacheira do rio Bracuy que despenca lá de cima bem em frente ao famoso condomínio, no município de Angra dos Reis. (na foto não aparece Eduardo e os dois colegas da direita voltaram por uma quebra na bike) 

Elizângela nos confessou que tinha absoluta certeza de que ia empurrar a bike, não conseguiria subir e subir forçando cada giro do pedal; não tinha preparo físico, com certeza. Mas aquela mulher entre quatro ciclistas resistentes não desanimou. Quem a acompanhou assistiu Elizângela fazer cada volta da encosta com aclives acentuados, sem se queixar e com um sorriso feliz no rosto. Ainda brincava: Minha filha me disse ontem, a senhora fala em subir uma serrona com esse ar de felicidade na boca. E Ela conseguiu alcançar seu objetivo. (foto tirada pela máquina dela)

Logo acima chegamos ao alto o asfalto termina e o caminho se dobra numa vertiginosa descida de chão com muita pedra. Agora era a vez dos rapazes chegarem ao objetivo deles, ver o mar do outro lado da serra. E a colega decidiu tentar o feito. Parando umas duas vezes para descansar e nos hidratar fomos até o fim da estrada, a pousado do rio Mimoso, atualmente fechada. Perto do casarão entramos à esquerda e continuamos pedalando por um trilho estreito no meio da mata, até onde deu. Chuchu na nossa cola.

Não dava mais para ir de bike e começou 30 minutos de forte caminhada pela mata Atlântica. Árvores caídas, riachos de águas transparentes, bromélias de todas as formas e cores, pássaros cantando em toda volta, cipós e arbustos tentando fechar o caminho aos seres humanos que tinham a ousadia de invadir a mata virgem e o canto parecendo um martelo batendo na bigorna das arapongas, por todos os lados.

(na foto a colega driblando uma árvore enquanto Eduardo assisti com um sorriso no rosto)

Depois de muito andar o barulho das águas encachoeiradas foi aumentando até que saímos nas pedras da cachoeira.

(Velasco acabando de chegar com Chuchu)

Lá embaixo, lindo, lindo, lindo, as enseadas e baias de Angra dos Reis. O mais jovem de nós, Eduardo, levantou as mãos e gritou: obrigado meu Deus por poder ver uma coisa tão linda. Lindo, indescritível. Foi um momento de devoção e de paz para nós cinco.

Contado assim parece ter sido fácil chegar lá, mas o terreno acidentado em cima da Bocaina faz o ciclista se esforçar muito. A serra do Mar tem 70 milhões de anos, formou-se com o grande cataclismo da separação do supercontinente Godwana. Mas rochas que se elevaram àqueles píncaros, magma solidificado, tem mais de 600 milhões de anos. E em todo este tempo as intempéries trabalharam formando um terreno caótico e muito acidentado. Andar de bicicleta lá em cima não é como pedalar numa rua asfaltada. É enfrentar as forças tectônicas da Natureza. E conseguimos, o Criador, em volta de nós em tudo o que víamos, nos auxiliou.

Depois, veio o almoço maravilhoso no belo restaurante Chez Bruna. Ficamos gratos de poder descansar o corpo nos bancos em um terreno todo gramado com o barulho de água escorrendo ininterruptamente de muitas duchas. As meninas que trabalham ali foram magníficas em nos servir tão bem e tão rapidamente. A salada com ingredientes variados e um molho feito com mel e mostarda foi uma entrada espetacular.

Os pratos quentes foram feitos com capricho e as trutas grelhadas acompanhadas de molho com alcaparras e molho com champignon estavam deliciosas. Conversamos muito enquanto nos deliciávamos com a comida saborosa. Depois vou contar uma coisa muito instutiva que discutimos ali. A presença do amigo Reginaldo num pedal é certeza de conversa edificante e muita camaradagem.

Então foi voltar. O céu encoberto falava de chuvas, mas não sobre nós, em outros pontos da serra. Fomos protegidos o tempo todo. A tarde caia e olhávamos o mesmo terreno de um outro ponto de vista, a volta. Sobe-se por quase uma hora até sair do platô da Bocaina. Então a subida desgastante transforma-se numa descida que enche o coração e a mente de pura adrenalina, especialmente com o asfalto molhado da chuva que caíra até pouco antes da nossa chegada ao alto. Quando nos abraçamos, as bicicletas já presas aos carros, só conseguíamos dizer: obrigado, o dia foi maravilhoso.

   

publicado por joseadal às 23:39

Novembro 03 2012

Nossas netas não ficam sem a advertência da Lili: Não conversem com estranhos no Facebook; marcar encontro, então, não façam nunca; não tem dia que a televisão não fale de alguma desgraça por causa disso. Lili tem conselho pra tudo, inclusive para eu deixar de ser criança. Difícil.

e

Foi com essa admoestação martelando na cabeça que vi um email solicitando amizade no Facebook: Kanelinha de Ouro quer sua amizade. Cliquei abrindo a página, mas não tinha foto, entretanto a localidade, Valença, me chamou a atenção. A pessoa tinha metade da minha idade e o perfil dizia: Sou ciclista e gosto muito de uma companhia para pedalar. Caramba! Olhei para trás para ver se Lili estava olhando sob meu ombro e coloquei uma mensagem: Por coincidência vou pedalar em Valença neste dia 02/11. Encontre com a gente na rodoviária às 7:30. Então, fui fazer um serviço na internet pensando no passeio de bicicleta. Imaginava ver belas fazendas do tempo do café, como esta, Pau d'Alho.

Quando ia desligar o computador, olho os e-mails e lá está a resposta: Vou estar lá, com prazer, e vou levar colegas. Se você quiser te levo a Cacheira do Amor. Gente! Minha imaginação viajou. Me imaginei pedalando na companhia de uma bela jovem por lindos caminhos e tendo como paisagem trechos assim, como a vista de Porto das Flores, vilarejo muito antigo. 

Na mesma hora mandei e-mails para os amigos: Não esqueçam do pedal em Valença, dia 02/11, saída 6 h.

No dia seguinte os colegas, um a um, recusaram ir a Valença: está fazendo muito sol, Zé, não está bom para pedalar. Fiquei besta, até João Bosco, pele curtida do sol de incontáveis pedais, temendo o astro rei. Ora, estando quente toma-se um banho gelado numa cachoeira, como a do Amor.

 

Chegou o dia, acordei 5 h e toquei para Valença. Ia encontrar com Kanelinha de Ouro e iríamos juntos a Cachoeira do Amor. Ah se Lili soubesse! Para resumir. O pedal foi maravilhoso e só posso contar que num lugar deserto derrubei Kanelinha de Ouro, ali mesmo, no chão da estrada.

- Zé, nunca vi uma história de pedalada igual a essa. Tá delirando! Isso aconteceu, mesmo?

O escritor tem o direito a usar o que se denomina de “licença poética”. Isto é, pode enfeitar um pouco a história. Ora, as resenhas das pedaladas são tudo a mesma coisa: subida, descida, tombo, brincadeiras, banho de cachoeira... Tá todo mundo cansado disso. Então, decidi apimentar a descrição do belo passeio de Valença. Mas 99% do que narrei foi verídico. Esta, usina hidroelétrica Santa Rosa, foi uma das primeiras, no Brasil. 

Realmente planejei e consegui ir pedalar nas belas terras dos antigos barões. No caminho para Rio das Flores deixamos o asfalto e andamos por caminhos maravilhosos. Na foto, o lugar onde abandonando o asfalto tomamos à esquerda entrando por caminhos de fazenda. 

Também é fato que convidei meus colegas pra me acompanhar e cada um [como diria Nosso Senhor: ciclistas de pouca fé!] temeram a solina braba e não foram. Ao contrário, a pedalada foi feita sob um céu encoberto e com uma aragem fresca que não nos deixou cansar, mesmo o simples pedal tendo virado um “pedal do ZéAdal”, daqueles que não acabavam mais. Foram comigo João2010 e Marcinho.  Juntou-se a nós o grande parceiro Nilson. Nesta foto passava-se por um mata-burro invertido, feito para impedir que os animais saiam para estrada é perigosíssimo para um ciclista desavisado.

Também é inteira verdade que marquei me encontrar com um desconhecido usando o Facebook. Mas foi o professor Paulo Renato que me recebeu cercado dos excelentes amigos: Henrique, Márcio, Otacílio, Pacífico e Éder. Gente feliz e brincalhona.

Pedalando, quantas coisas vimos e quanta amizade fraterna desfrutamos. Como é legal chupar jaboticaba madura e docinha diretamente do pé! Passamos por fazendas e usinas elétricas antigas, desfrutamos de uma cachoeira maravilhosa e rodamos por muita, muita estrada da roça nós rodamos.

- Zé, e essa invenção de derrubar Kanelinha de Ouro na estrada deserta?

Em parte foi verdade. O amigo Otacílio, grande conhecer da legítima bebida nacional envelhecida, quando me passou seu e-mail aparecia a palavra Kanella, associei com a parte da anatomia e imaginei logo uma bela ciclista que se chamaria Kanelinha de Ouro. Infelizmente, logo depois da fazenda Pau-d’Alho, ao desviar de um buraco, entrei na frente do colega que, clipado [preso ao pedal pela sapatilha] foi ao chão. Tudo verdade, ou quase.

    

publicado por joseadal às 10:25
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Novembro 01 2012

Os caminhos perdem-se pelo mundo afora, pois o ser humano em sua indomável ânsia de caminhar abriu, a força de pisar o mato, extensas trilhas sem fim. Veja aquela nesga de estrada, de onde está vindo e para onde vai? Nós, herdeiros daqueles desbravadores, temos mais é que continuar mantendo abertos os incontáveis trilhos que eles fizeram com determinação e ansiedade de andar.

Assim, foi com o coração palpitante que desembarcamos as bikes e sem delongas tocamos a subir a serra da Bocaina em São José do Barreiro. A cada giro do pedal, feito com força e tenacidade, a nossa montaria ganhava metros de altitude e o vale do rio Paraíba do Sul com seu ‘mar de morros’ ia ficando cada vez mais lá embaixo até que ultrapassando as nuvens não o víamos mais.

Ainda demorou até vencermos o alto da serra e nos despenharmos pelo sertão da Bocaina.

Mas para que servem as estradas abertas pelo homem? Para chegar até seu irmão distante, para ir a ‘venda’ ou a farmácia, ao médico ou ao salão de baile nas noites alegres de fim de semana. Há tantas coisas a se fazer sem ser ficar mourejando dia após dia! Os caminhos são os meios fáceis de alcançar tudo isso. E foi por um deles que nós chegamos a pousada Lageado, antiga fazenda de assoalho de largas tábuas corridas e janelas que se abrem para pastos e suas alimárias e para o céu azul que recobre todo verde do mundo.

Depois, giramos pelo alto da serra. Os caminhos vicinais não são como as estradas dos engenheiros que cortam os morros e vencem as baixadas com viadutos. Não, as estradinhas de terra se conformam ao terreno preparado pela Natureza num trabalho minucioso feito com o vento e com as chuvas, com o sol inclemente e com os rios cascateantes. Assim, o ciclista ou o caminhante, o jeepeiro e o cavaleiro, precisam subir encostas e descer ladeiras num movimento natural de altos e baixos. A paisagem passa devagar ao nosso lado. Pode-se aproveitar melhor, com dignidade e admiração, o mundão bonito que Deus fez.

O caminho, no seu ondear infatigável, chega aos vilarejos, amontado de casas que mantêm juntos pessoas num fim de mundo onde não tem quase nada da vida moderna, mas ainda existe muita amizade, fuxico e tranquilidade. Passa por arraias com bastante gente e chega a cidades animadas. Foi por eles, os caminhos de chão, que desmontamos em Paraty. A estrada dentro do Parque Nacional, proibida de ser asfaltada e nem sequer cuidada, ainda é um desafio para ciclistas, motoqueiros e motoristas. Crateras se abrem tentando engolir o caminho que impávido continua se desenrolando serra abaixo entrando e saindo de descomunais buracos.

Falam do mundo se findar, se partir em mil pedaços, talvez ainda este ano, mas esquecem que agora a Terra é toda costurada de caminhos e eles são persistentes e nunca vão se acabar.   

publicado por joseadal às 15:47
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