bikenauta

Fevereiro 24 2013

Vou contar como foi a bela volta que fizemos em Valença e mostrar o visual lindo pelo qual passamos. Mas antes preciso contar o que aprendi numa literatura que um dos colegas ciclistas, Paulo Renato, professor de filosofia me emprestou. (casario em Rio Preto)

No artigo Saberes Virtuais o jovem doutor em filosofia, R N Bittencourt, lembra o que disse o grego Aristóteles: “O que não tem potência de ser não pode existir em parte alguma, enquanto tudo o que tem potência pode também não existir em ato. Portanto o que tem potência para ser pode ser e também pode não ser”.

Hoje cedo, 23/02/2013, quem não tem uma bicicleta não tinha chance alguma de fazer esse maravilhoso passeio ciclístico. Os que têm uma magrela poderiam ter ido, mas sua potência, sua possibilidade não se tornou real. Apenas cinco sujeitos animados - Sérgio, Paulo, Eder, Otacílio e eu - transformaram o poder fazer em ação. (em Pentagna ainda cedo)

Depois de andarmos pelo asfalto, em Osório, saímos à esquerda e fomos por um caminho de chão até Pentagna. Dali, partimos para a mineira Rio Preto pela forte subida do Paiolinho, mas a descida a seguir nos levou rapidinho a Parapeuna. Atravessada a ponte estávamos na frente da igreja de NS dos Passos.

Um lanche e pegamos o asfalto, mas só por pouco tempo, pois saímos à direita subindo para Chaves. Uma subida maravilhosa, daquelas que exigem força dos músculos, mas que não cansam. Pena que Chaves na existe, me explico, não tem uma pracinha, nem um barzinho. Mas uma igreja tem, com umas figuras místicas e palavras intrigantes nas duas janelas: estote parati. O que significariam? A internet sabe tudo, é latim: esteja vigilante. Acima delas estão os símbolos para alfa e ômega. Mas era preciso tocar para frente.

 

A descida com um panorama espetacular à direita nos levou de volta ao caminho que rodamos pela manhã e ao pequeno Osório onde comemos um gostoso prato de torresmo (parecia toucinho de barriga) com aipim amarelo.

É um prazer contar essas aventuras pela internet, mas o professor Bittencourt, citou o filósofo Pierre Levy que ensina: “O virtual existe apenas em potência e não em ato. O que é virtual existe antes da concretização efetiva (como a árvore que está virtualmente presente na semente). O virtual é uma entidade desterritorializada, mas capaz de gerar manifestações concretas”.

Quando conto a beleza que é praticar ciclismo faço-o com esperança de que você um dia saia do virtual para o concreto.

publicado por joseadal às 00:34

Fevereiro 20 2013

Neste domingo, 17/02/2013, fizemos uma larga volta na serrania da Mantiqueira.

 

O itinerário inédito para a maioria passaria por Itaboca, Taboão e Bom Jardim. O grupo alegre de ciclistas (rapazes e moças) foi de carro até Santa Rita de Jacutinga, descendo as bikes e depois de fazer um lanche, tocou a subir a serra do Pacau. Uma manhã maravilhosa de um verão fresco tornava as cores da mata mais brilhantes e nítidas.

Todos se sentindo esplendidamente bem logo vencemos o asfalto e seguimos pelo leito de uma estrada de ferro desativada coberta de pedras soltas. À esquerda o visual era muito bonito. Num corte de pedra uma cascata escorria salpicando uma água muito fria e quase todos tomaram um chuveiro com uniforme e tudo. (foto de Eliz)

Rodeando a encosta dos morros vencemos o ponto mais alto e despenhamos para o vale profundo onde se abriga Itaboca. Chegando aos grupos os dezoito ciclistas fizeram um lanche leve e voltaram a rodar. Quem estava adiantado via o grupo serpenteando lá embaixo aproximando-se do sopé da montanha.

Uma subida impressionante exigiu que a maioria empurrasse as bikes. Em cada volta do caminho a sucessão de altos morros se espraiava mais. Itaboca era agora um pontinho numa encruzilhada de caminhos de areia. Num dos cortes na encosta passamos por um morro de quartzito, uma areia branca que parece sal, alvíssima. Os geólogos dizem que há 600 milhões de anos aquele altiplano era fundo de mar e sob uma pressão muito forte os cristais de quartzo tomaram aquela forma de areia.

A subida acabou numa porteira sobre uma mata onde as quaresmeiras amarelas parecem incendiar a mata. Daí foi descer rápidos e muito atentos às deformações do chão de arenito. Com uma diferença de duas horas dos primeiros para os últimos chegamos todos a Taboão. Lugarejo arrumado, mas tão pequeno que nem padaria tem. Um lanche rápido e voltamos a pedalar.

Ainda andamos bastante até chegar ao asfalto e subir a longa serra até Bom Jardim. Com uma distância de quinze minutos de um grupo para outro os últimos pegaram um bom banho de chuva numa noite de verão que estava agradavelmente fria. A volta ainda estava longe de terminar e assim, sem perda de tempo seguimos até o alto do Pacau e descemos 20 km usando bem pouco os pedais. (bela foto de Gláucio)

De volta aos carros nos despedimos felizes e cansados, o banho quente ainda estava bem longe.

publicado por joseadal às 01:26

Fevereiro 11 2013

Ontem, 10/02/2013, fizemos a Travessia dos Tropeiros entre Serra Negra e Maromba. Oito amigos alegres, determinados e loucos acordaram bem cedo e com o céu encoberto e antes do sol nascer colocaram as bikes na van e foram para a Garganta do Registro.

A Travessia foi muito elogiada por quem já passou por ela. O amigo resendense, Jorge Kaiowa, disse que foi o mais bonito pedal que já fez, e olha que ele anda muito. J. Augusto, um destemido praticante de trakking colocou lindas fotos do percurso. Ora, com tanto estímulo tocamos para a serra de Itatiaia.

No caminho a escuridão deu lugar há um dia lindo e o céu encoberto se abriu num belo céu azul. Descemos as bikes e tocamos a subir para o alto das Agulhas Negras. Mas a travessia estava lá embaixo, em um vale da serra.

A primeira parada foi num simpático bar perdido entre as serras, num magnífico vale. Fizemos um lanche forte, pois só veríamos comida em Maringá.

Tocamos a subir. Lindo a saída do vale de Serra Negra. O caminho gramado com uma casinha branca muito antiga e um regato despejando uma água límpida e fria convidava a passar o dia ali.

Mas nosso intuito era fazer a travessia. Saímos de 1400 m focado em alcançar 2.200 de altitude. Porém, nenhum de nós estava preparado para o que tínhamos pela frente.

A Travessia dos Tropeiros não é uma estrada (como nos fizeram crer), também não um caminho e nem mesmo uma trilha. Você criado na cidade não tem ideia do que seja um trilho de mulas. Sim, porque este trajeto que fizemos é por onde passa sitiantes daquele vale perdido levando sua produção de queijo, mel, feijão orgânico e outros produtos para Maringá e Visconde de Mauá a ser vendido aos turistas. Você não tem a mínima noção do estrago que um quadrúpede com casco faz na trilha. Ainda mais um caminho centenário que o sol, o vento e as chuvas torrenciais transformam o tempo todo.

Começa com os pequenos buracos que são os pontos que o muar sempre pisa, qualquer um que passe por ali carregado de mercadorias sempre coloca sua pata nesses buracos. A terra mexida é facilmente carregada pela chuva. Numa subida de 800 m a água cascateia furiosa levando a terra e deixando a mostra pedras e raízes.

O trilho sempre ascendente parece uma escada feita de raízes e pedras. Os riachos que se formam na tempestades vão afundando o trilho que se torna estreito cânion que o burro passa bem, mas que o burro do ciclista arrastando sua magrela tem uma imensa dificuldade de passar.

 

Carregando e arrastando nossas amigas bikes subimos quase um quilômetro vertical em 5 km.  Enfim estávamos no alto. As bikes deitadas na grama descansavam de um trabalho que só nós fizemos. O visual era maravilhoso, todo conjunto de Itatiaia desdobrava-se diante dos nossos olhos.

A trovoada rondava em nossa volta como fera raivosa e víamos a tromba d’água despejar chuva nas serras, mas não chegou até nós. Ali, naquela lonjura cada um pensava como era maluco de estar tão alto e tão perto de Deus.

Naquele fim de mundo foi com surpresa que vimos uma, duas figuras, surgirem em sentido contrário ao nosso. Eram outros dois malucos que vieram de Jundiaí para fazer o percurso ao inverso. Apertos de mão, fotos, trocas de e-mails e cada qual foi para seu lado. Ah sim, eles nos avisaram – eram 14:30 - vocês ainda têm 6:30 h de puxar e carregar as bikes.

Mas eles não contaram com nossas capacidades mesmo desgastadas e a descida em que todo santo ajuda. Com mais 5 h estávamos na mesa do restaurante comendo uma deliciosa truta.

     

- Então, seu Zé, foi boa a travessia? Foi linda, foi horrorosa e até agora ainda penso que não volto lá nunca mais.

publicado por joseadal às 18:17

Fevereiro 08 2013

Cada vez que tiramos nossas bikes no alto da Garganta do Registro sentimos uma imensa alegria. Sempre antes das 8 h, com um friozinho se insinuando através das camisas, tomamos um café quente com pamonha e em meio a brincadeiras montamos e começamos a subida para o parque nacional das Agulhas Negras. Depois descemos muito, cada um na velocidade que melhor lhe agrada e suporta. Este vídeo que não canso de rever lembra a primeira vez que passamos ali.

Mas dessa vez vamos fazer a Travessia dos Tropeiros. Depois de Serra Negra subiremos outra serra e chegaremos em Maringá. Afinal são muitos caminhos que levam a Visconde de Mauá. (bela foto de J.Augusto)

Nossos corações começam a bater mais rápido antecipando as vistas lindas que nos cercarão naqueles sertões. As almas serão pacificadas pela natureza quase intocada e os corpos serão purificados pelo ar bem limpo e pelo esforço inaudito de chegar a 2.200 m de altitude.

(foto de J.Augusto)

Vamos sair da praça da Prefeitura às 5:45, a van custa R$50, todo resto será alegria e camaradagem.

publicado por joseadal às 23:05

Fevereiro 05 2013

Neste domingo andamos no alto da Mantiqueira. Lá o ar é mais leve e puro, as cores ficam mais intensas. A poluição humana fica longe, não se vê quase nenhuma máquina e fábricas não existem ali.

Águas límpidas correndo e despencando por toda parte no meio das matas, é uma beleza para a alma. E tudo isto com o esforço do próprio corpo sem motores a combustão para nos levar até la.

A bem da verdade é bom que se diga que fomos de carro até Santa Rita de Jacutinga, descemos as bikes, comemos pão de queijo e subimos a serra do Pacau toda asfaltada. No topo da estrada estávamos a 1.200 m de altitude. As araucárias, altaneiras, dominam a paisagem.

Este pedal era diferente porque tínhamos a companhia de 4 amigas: Dilair, Eliz, Sandra e Rosângela. Mostraram-se guerreiras corajosas e determinadas. Apesar de chegarem acompanhadas durante todo o percurso mantiveram-se juntas e bem independentes dos marmanjos. Subiram serras como os homens e desceram admirando o visual com mais sentimentos do que nós.

Alguns quilômetros à frente, já bem perto de Bom Jardim, entramos por uma estrada de chão e descemos a serra Negra. Voando sobre pedras soltas e nas curvas derrapando na areia saibrosa íamos com um olho no caminho e outro no despenhadeiro à esquerda. Um visual de tirar o fôlego com minúsculas casas de fazenda no vale lá embaixo.

Entramos, 16 ciclistas, no lugarejo cercado pelas serras, Itaboca. Depois de um sanduiche de linguiça corremos para um banho de cachoeira. Água fria que relaxou os músculos tão exigidos, tanto para subir quanto para descer.

Não foi moleza sair do vale. A estrada de saída nos levou subindo muito até o leito de uma antiga estrada de ferro e daí foi só correr, primeiro sobre britas depois pelo asfalto. Lá estavam nossos carros esperando. Foi um belo dia, do encontro às 6:30 até o retorno às 17:30. O coração de todos era só felicidade. 

 

publicado por joseadal às 00:22
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Fevereiro 01 2013

Uma serra não é apenas um paredão, ela se origina de uma extravasão de material do núcleo da Terra. A lava forma várias dobras que ficam abaixo da superfície até que o intemperismo, a deterioração do solo, deixa-as a amostra ou revela as diversas elevações. Por trás daquele pano de fundo há uma obra da natureza cheia de belezas e desafios.

No domingo do carnaval vamos numa van com uma carreta levando nossas bikes até a garganta do Registro, no alto da serra de Itatiaia. A foto mostra uma outra vez em que saímos daí. Desembarcando vamos pedalar subindo mais 8 km e então vamos despenhar, descer muito, até o lugarejo de Serra Negra.

Logo a frente, numa bifurcação vamos entrar à direita, pegando o caminho dos Tropeiros que leva à outras serras. Daquele vez descemos à esquerda. Logo adiante tem um bar, até ali alguns de nós já esteve, o que existe adiante é o que vamos descobrir.

Ainda não passamos por lá, não se sabe se vamos subir com uma elevação igual a do caminho das Sete Quedas ou do Pacau. Terá uma inclinação forte como a primeira ou mais leve e mais cumprida como a segunda? Só sabemos que de 1.470 m do ponto de saída vamos descer até os 900 m do desvio e subir até 2.200 m. O traço amarelo é o caminho que vamos passar. No perfil de elevação mostra a altura da saída, a descida até Serra Negra e a forte elevação que vamos vencer pelo caminho, depois é só descida. Mais ou menos. 

- Mas se consegue subir pedalando isso tudo?

Ainda não sabemos, mas se tivermos de empurrar a bike morro acima não será a primeira vez. Dizem que o visual é muito bonito. Não conheço este caminhante da foto, J Augusto, mas ele venceu essa travessia a pé. As fotos dele estão no Google Earth e as paisagens no fundo de seus olhos.

 

Vamos fazer esta travessia com nossas bikes, mas além disso há o desafio e a alegria íntima de dizer: já andei lá, pedalei por dentro do conjunto de serras das Agulhas Negras.

publicado por joseadal às 23:28

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