bikenauta

Abril 23 2013

Hoje pedalei só, melhor dizendo, eu e Deus.

Dei-me conta disso, de Sua presença, quando descia a Serrinha em caminho para uma trilha que há muito desejava fazer. Tomar consciência de que estava andando com Deus me fez refletir um bocado. A descida pelo acostamento da Dutra é forte e o vento da manhã fustigava meu rosto. Então, o pensamento da presença dEle me fugiu e só quando passei a olaria desativada e me esforçava no trilho coberto de capim é que voltei a pensar no meu acompanhante.

 

Na realidade ele não andava comigo, eu é que pedalava por Ele todo a minha volta e dentro de mim. Tive a percepção de que não era Jesus, o Deus-homem, quem estava ali, era o Deus primordial, o antigo Criador, o Pai. Mas encontrei e conheci ‘seu’ Mineiro, arrendatário daquelas terras e lá no alto, depois de parar para colher acerolas azedas e admirar uma pequena lagoa, encontrei o senhor daquela fazenda, ‘seu’ Edinho, o ruivo. Proseamos um pouco e toquei para diante. E enquanto falava com gente como eu, Deus parecia não estar ali.

Logo que peguei um caminho de lá-vai-um estávamos de novo, eu e Deus. Depois de um bambuzal, ao rodear um morro e pegar uma descida esburacada refleti que esse Criador de tudo, o Pai de Jesus, é tão imenso que engloba infinitas qualidades e poderes. Estou lendo Mitologia Grega e me ocorreu que os diversos deuses inventados pelos homens não são mais do que facetas do Todo poderoso.

Como se faz ao final de cada pedalada, apertamos a mão dos colegas e agradecemos por sua companhia, mostrei gratidão ao Pai por ter-me acompanhado naquele pedal tão bonito - na realidade erámos dois?

publicado por joseadal às 22:41

Abril 22 2013

“Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei”.

Felizes os que se emocionam com um poema. Mas estou entre os que admiram uma boa poesia, embalam-se com as rimas bem trabalhadas e o ritmo da metrificação dos versos, mas não sentem a emoção que está contida nas estrofes. Quando alguém assim é ciclista ainda tem chance de se emocionar, de compreender o que o poeta acondicionou naquela trama de palavras.

Assim me aconteceu hoje, 21/04/2013, quando depois de uma curva vi a pequena Bananal de Minas acomodada entre as serras.

Sua igrejinha azul anil onde o rei fez a morada,

a avenida com duas pistas e 30 m de comprimento, a pracinha florida

e a longa cachoeira de despenhando lá de cima da serra de granito. A paz do lugar, onde parece que os moradores não se sentem pressionados o tempo todo para adquirir isso e aquilo, faz a alma ficar bem leve. Todos nós que paramos ali qual um bando de pássaros de arribação enfim tínhamos chegados a Pasárgada.

Essa aventura começou cedo ao colocarmos as bikes na carreta da Kombi. O trajeto até Santa Rita de Jacutinga pareceu-nos interminável.

Chegamos, montamos as bicicletas, tomamos um café reforçado e saímos a pedalar atravessando a bela cidade mineira.

O caminho estreito para o sertão sobe sempre, mas a subida acontece em lances e todos venceram bem o desafio.

Quando estávamos chegando a Passa Vinte um desvio a esquerda nos trouxe em uma ampla volta até o ponto de partida onde almoçamos fartamente. Todo o tempo o forte exercício foi cercado de paisagens lindas e brincadeiras de grandes amigos.

Ficou em todos a vontade de ir embora para Pasárgada, ou melhor, voltar a Bananal de Minas.

publicado por joseadal às 02:46

Abril 08 2013

Já falei de ansiedade outras vezes.

Ela amplifica o que sentimos, deve ser parecido com as sensações vividas por quem se droga. A velocidade vertiginosa num carro parece normal para o ansioso, mas quem anda com ele reclama. Por isso, sofrendo desse mal, cansei dos automóveis e prefiro outros meios de transporte. A bicicleta, por exemplo, anda no ritmo do condicionamento físico da pessoa, então nela pode-se andar a 15 ou 28 km. Mas as decidas em que a bike chega a 60 ou 70 km deixa o ansioso cheio de soberba. A ansiedade é prima irmã do orgulho.

Neste domingo, 07/04/2013, usamos outro modo de locomoção, um muito antigo, cavalgamos o dia todo. Foi uma experiência espetacular provocada pelo intercâmbio fraternal entre os quatro amigos e o visual muito bonito das terras de Valença, RJ. Mas tem uma coisa que aprendi nesta aventura.

Assim, andando horas e horas no passo lento do cavalo o ansioso recebe um treinamento intensivo de controle das emoções. O dono dos cavalos, o amigo Nilson, me ensinou: Zé, andando a cavalo aprende-se o que é paciência.

Saímos de São Francisco de Assis, distrito de Valença, cedinho numa manhã nublada em direção a Ipiabas. Mas não adiantava querer chegar lá bem rápido, éramos reféns do passo dos animais.

Demos sorte, ou nossos guardiões ouviram nossos desejos, e a chuva que vinha caindo todos os dias, e que tornaria perigosa a cavalgada nos caminhos enlameados, parou por dois dias. Assim, os animais andaram seguros num piso seco. Nas descidas em que as bikes descem perigosamente instáveis, os cavalos diminuíam o passo e davam atenção onde pisavam. O ansioso envaidecido que ama a emoção não se dá a esse cuidado.

Subíamos morros de onde se vislumbravam vales maravilhosos. No caminhar lento as fazendas com suas casas-grandes desfilavam com tempo de se poder admirar a concretização dos sonhos tão diferentes de homens e mulheres.

O dia nublado tornou a cavalgada um exercício excelente para o corpo e muito satisfatório para a alma. Mas quem não está acostumado a equitação as horas passadas com as pernas abertas em torno do corpo volumoso sente uma dor excruciante nos músculos internos das coxas. Por isso, na volta, quase chegando ao sítio, não aguentei, desmontei e sai puxando o animal para descansar os músculos doloridos.

Começava a escurecer quando, animais lavados e postos a pastar, de banho tomado e um bom café com bolo que Jaqueline, a dona da casa nos ofereceu, nos debruçamos no balaústre da varanda vendo o dia tão feliz terminar. 

  

publicado por joseadal às 23:51

Abril 06 2013

Hoje andei numa trilha por onde não passava há muito tempo. Logo na primeira subida, junto à fazenda Santana do Turvo, parecia um encontro com uma namorada da juventude. Volta à cabeça da gente os antigos encontros e todas as alegrias das descobertas gozosas. A participação numa competição onde conquistei o segundo lugar, e nem sou vascaíno. Daquela vez, ao passar pelas hortas de Santa Rita de Cássia entrei numa e roubei duas folhas de couve para ir mastigando, tanta era a sede e o cantil sequinho.

Na primeira vez que vi as hortas cobrindo os morros de verdes, escuro das couves e claro das alfaces, encheram meus olhos de cores. Ou quando participei dum pedal noturno com uma bonita lua cheia no meio do céu ou com um grupo grande durante uma bela manhã.

Esse é o problema de se encontrar um antigo amor, quer se reviver o passado e não se pode voltar no tempo. Lulu Santos já nos lembrou isto de um jeito muito romântico: http://letras.mus.br/lulu-santos/47132/

Então toquei a andar pela trilha como se a visse pela primeira vez, e como é bela! Subindo as ladeiras fortes de pé forcejando nos pedais ou andando devagar escutando uma cachoeira escondida. Ela é do tipo introvertido se furtando a vista ficando entre morros e matas. Tem-se com ela uma relação bem intimista já que se pedala quase o tempo todo sem passar um carro, é como um namoro atrás da igreja, onde não passa quase ninguém. Ah, a gente se sente jovem novamente e assovia para os passarinhos que cantam nos galhos a nossa passagem. Fala-se com os bichos: a vaca pastando, o garrote que para nos olhando e os cachorros que brincam de pegar. Correndo longe do burburinho da cidade sente-se o ar. Com o vento pela frente quase se pode ver o corpo cortando a atmosfera e o fluxo coleando em volta como a nos afagar a pele.

(minha namorada não anda de bike, mas já passou por este caminho comigo) 

Não há um caminho que seja um encontro triste ou frustrante, tudo é belo no mundo que Deus fez pra nós.    

publicado por joseadal às 18:17

Abril 03 2013

A frase, Deus é brasileiro, parece ter muita força quando se sabe que de toda água doce do mundo o Brasil tem 12% dela.

Mas pode-se perder o que é ganho sem esforço. A China é um dos países que perderam muitas de suas fontes de água por mau uso, poluição e mudanças climáticas. E nós brasileiros estamos nos esforçando muito para estragar o bem precioso que Deus nos legou, tanto controlando a geologia do planeta como a historicidade do mundo. O ‘velho Chico’, por exemplo, vem sofrendo uma inclemente intervenção dos brasileiros que o estão crivando de barragens e tentando a transposição de suas águas por vários estados do nordeste.

(o amigo Pedrão sobre a ponte sobre o rio Paraíba do Sul na cidadezinha de São Sebastião de Lacerda, Rio das Flores)

Nossa cidade é banhada pelo rio Paraíba do Sul que nos abastece de água, mas por todo seu curso ele está sendo agredido por quem não tem o mínimo agradecimento pelo que nos faz. Nós ciclistas que pouco temos feito por nosso rio queremos prestar-lhe uma homenagem e divulgar o quanto as populações que vivem em suas margens, onde suas águas passam sem interrupção, são devedores ao Paraíba do Sul. Por tudo isso, no dia 14/04/2013, domingo, vamos pedalar até sua nascente. (foto de jvaninho mostra o tanto que teremos de subir)


Não podemos levar muita gente, apenas oito ciclistas. Não adianta insistir, temos só este número reduzido de vagas. Levando nossas bikes o carro vai nos deixar em São José do Barreiro de onde seguiremos para Areas, entrando à esquerda no alto da subida, de onde vamos conhecer, pedalar e empurrar as bikes até o alto da Bocaina. ( esta foto de jvaninho mostra que o rio Paraíba do Sul, como tudo, começa bem pequeno)

Diante do visual belíssimo prestaremos homenagem ao rio Paraíba do Sul. Almoçaremos no bairro dos Macacos, em terras de Silveira e descendo a serra voltaremos para o carro. Sua participação só estará garantida mediante o pagamento da passagem, portanto seja ligeiro.

publicado por joseadal às 00:41

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