Hoje pedalei só, melhor dizendo, eu e Deus.
Dei-me conta disso, de Sua presença, quando descia a Serrinha em caminho para uma trilha que há muito desejava fazer. Tomar consciência de que estava andando com Deus me fez refletir um bocado. A descida pelo acostamento da Dutra é forte e o vento da manhã fustigava meu rosto. Então, o pensamento da presença dEle me fugiu e só quando passei a olaria desativada e me esforçava no trilho coberto de capim é que voltei a pensar no meu acompanhante.
Na realidade ele não andava comigo, eu é que pedalava por Ele todo a minha volta e dentro de mim. Tive a percepção de que não era Jesus, o Deus-homem, quem estava ali, era o Deus primordial, o antigo Criador, o Pai. Mas encontrei e conheci ‘seu’ Mineiro, arrendatário daquelas terras e lá no alto, depois de parar para colher acerolas azedas e admirar uma pequena lagoa, encontrei o senhor daquela fazenda, ‘seu’ Edinho, o ruivo. Proseamos um pouco e toquei para diante. E enquanto falava com gente como eu, Deus parecia não estar ali.
Logo que peguei um caminho de lá-vai-um estávamos de novo, eu e Deus. Depois de um bambuzal, ao rodear um morro e pegar uma descida esburacada refleti que esse Criador de tudo, o Pai de Jesus, é tão imenso que engloba infinitas qualidades e poderes. Estou lendo Mitologia Grega e me ocorreu que os diversos deuses inventados pelos homens não são mais do que facetas do Todo poderoso.
Como se faz ao final de cada pedalada, apertamos a mão dos colegas e agradecemos por sua companhia, mostrei gratidão ao Pai por ter-me acompanhado naquele pedal tão bonito - na realidade erámos dois?