Viver mais de meio século, 70 anos, é uma permissão. Talvez tenha até um propósito.
Mas o fato é que o organismo trabalhando com afinco por tanto tempo sofre sérios desgastes. Sobrevivendo em meio a crescente poluição, sendo bombardeado por mutantes neutrinos anos após anos, o homem idoso vive numa corda bamba. Nesta foto esses quatro indivíduos tem, juntos, quase 300 anos de vida.
Vimos surgirem os automóveis e se aperfeiçoarem em mil modelos diferentes, andamos de bonde e de avião, aprendemos datilografia e, agora, lidamos com a internet em nossos telefones. E assistimos a um desfilar terrível de violência que nunca termina. Dos quatro só um ainda não teve problemas cardíacos. Mas praticando o ciclismo de mountain bike somos bem vigorosos.
Hoje fomos até a fazenda Santana do Turvo. O casarão está de pé há bons 150 anos. Com cuidados e manutenção o prédio ao estilo neocolonial causa um impacto profundo na alma da gente depois que atravessamos o largo portão, passamos junto ao lago e andamos sob o sombreado das mangueiras.
Sobre um outeiro ele se impõe como um senhor respeitoso e entrado em anos. Como nós quatro que ao darmos a volta em sua colossal edificação paramos diante dos degraus de entrada.
E como a velha casa sonhoril, também nós nos sentimos senhores do tempo.