bikenauta

Outubro 31 2013

É como se escalássemos o céu.

É assim a subida de 15 km de Rio Preto a igreja da gruta do Funil.

Porém, para chegarmos lá é preciso passar pelos três, ou melhor, as três subidas. A primeira, bem esforçada, é a da Espírito Santo: vamos de 435 m à 810m em 6 km. A segunda, mais fácil, é a do Filho: descemos um pouco e vamos de 785 m a 945 em 5 km. A terceira, onde se faz uma penitência de botar a língua pra fora, mas nos dá uma indulgência quase plena, é a do Pai: vamos de 946 m a 1195 m em 2 km. Mas em sua misericórdia Ele nos dá uma descida alegre até 930 m.

Então, chegamos aos Paraíso onde nos refrescamos na lagoa do funil - aqui, se bobear, o ciclista pode ser tragado direto ao Inferno. Também visitamos a gruta santa subindo incontáveis degraus de pedra e depois ainda tem o Coelho.

- E o que é o Coelho Zé?

Ora, o que há além do Paraíso? Esse Coelho vamos tirar da cartola. Mas para ter tudo isso é preciso deixar a tibieza e vir. Os carros de Volta Redonda saem às 6 h deste sábado da pça Brasil, pegamos os colegas em Valença e tocamos para Rio Preto.

-Não tem uma outra opção não,Zé?

Tem, fique em casa vendo televisão e vá pro Purgatório.    

publicado por joseadal às 10:40

Outubro 27 2013

A singela bicicleta não é só um meio de transporte e, tampouco, um mero instrumento esportivo. Ela nos leva a alcançar quimeras. Neste sábado, 26/10/2013, por exemplo, ela nos levaria ao ponto mais alto da cidade de Valença, o morro da Glória, para descortinarmos um lindo visual do antigo casario.

Paramos ao pé de uma frondosa figueira e o colega valenciano Eder, informou: Neste caminho à direita vamos às torres passando... – e nomeou fazendas, estradinhas e arraias. À esquerda subimos a serra e passamos a uma distância igual a daqui àquele poste das torres. Coisa de dez metros, estava ótimo. As bikes nos levaram enquanto conversávamos. Nilson, grande amigo, não sei se para encorajar ou aterrorizar apontou a estrada virando a serra lá no alto.

O professor Paulo Renato discorreu sobre aqueles altos: Esta serra chama-se dos Mascates, porque era por aqui que os antigos comerciantes que carregavam suas mercadorias em lombo de burros vinham do Rio de Janeiro em caminho de Minas Gerais. E contou casos de algemas e varas de pescar e de como as boas ‘patroas’ dizem aos seus maridos: você, agora, pode fazer o que quiser. Ao que Zé completou que num caso desses pegaria incontinente sua bike e sairia pedalando.

Seguiu-se uma descida vertiginosa e, como ainda não dera dez horas rumamos para a cachoeira do Gaim. Município espraiado, o belo balneário fica do outro lado da cidade, era longe pra dedéu. Mas o que animou os valentes ciclistas da Cidade do Aço é que ficava perto do Bar do Torresmo. Então saímos rodando sem mais delongas.

Caminho de chão simples, beirando um riacho ligeiro e pastos cercados, passando por velhas pontes e matas esparsas, nos levou ao balneário que tinha um visual lindo. Tá todo mundo de prova. Esta foto do Zé não dá nem uma pálida ideia da beleza do local.

Refrescados por dentro e por fora, as vistas recompostas por excelente colírio, tocamos de volta, subindo e subindo até que quando as forças começavam a faltar encontramos a mesa posta.

Não sei se é a adrenalina correndo solta no sangue, o fato é que os ciclistas cansados planejavam pedais com mais e mais dificuldades. Alimentados rodamos para o sítio do Nilson, em outro ponto cardeal. Quinze quilômetros de asfalto com carros velozes passando a poucos centímetros da gente.

Chegamos ao sítio e tudo virou uma festa com piscina, jabuticaba, almoço delicioso e a boa companhia dos amigos.

- Zé e a serra da Glória, foi lá?

Chegamos quase a tocar as torres.

    

publicado por joseadal às 16:28

Outubro 21 2013

Esse é um pedal que dura um dia inteiro. Não é melhor nem pior do que todas as outras modalidades de ciclismo. Tem mais a ver com a personalidade do ciclista ou seu estado de espírito. Mas é de uma beleza que perdura dias e dias na lembrança de quem o pratica.

Neste domingo, 20/20/2013, saímos ainda escuro e não de todo acostumados com o horário de verão. Começamos a rodar na hora que um dia antes eram 5 horas da manhã. Três companheiros pedalando em direção ao sol que se erguia no Leste tendo a vaga ideia de que íamos andar o dia todo.

Não tanto por ter chovido forte no sábado, mas seguimos pelo acostamento da rodovia até Dorândia. Dali, entramos para Vargem Alegre e finalmente ouvimos o chiado gostoso dos pneus sobre o saibro.  Livre do trânsito de automotores a conversa rolou solta, como se estivéssemos sentados numa varanda com o sol batendo de chofre em nossos rostos. Mas estava uma manhã deliciosa, com algumas nuvens brancas e um vento fresco que tornava o pedal um esforço gostoso.

No longo pedal de um dia todo, as horas passam devagar e por estarmos sempre vendo uma paisagem diferente elas marcham bastante densas. Uma parada para um lanche e saímos de Barra do Piraí.

Sempre com o rio Paraíba do Sul deslizando à nossa esquerda, passamos pelo lugarejo de Bacia de Pedra. O itinerário foi mudado, por consenso, ainda durante há primeira hora. Neste trecho, a conversa já tendo amainado, o colega Nilson sugeriu que rezássemos um terço e lá fomos nós recitando as orações, enquanto as pequenas vilas desfilavam pelo caminho.

Logo a estrada se reuniu a linha do trem e passamos pela ponte dividindo o espaço com automóveis, mas sem o impacto de ver um enorme trem rodar devagar com as rodas rangendo nos trilhos em curva. Desfilamos por Juparanã tranquila, como é toda cidade da roça numa manhã dominical. Tomamos caldo de cana com um enorme pastel e encetamos a longa subida para Valença. Eram 10:30, já fizéramos tanta coisa e o passeio ainda estava longe da metade.

João notou que o irmão não estava bem e paramos para descansar. Faltavam menos de 10 km para chegarmos ao sítio. É, num pedal de seis às seis tem lugar para uma boa parada.

No sítio tomamos banho de piscina, chupamos jabuticaba no pé,

almoçamos, conversamos pra valer e enquanto uns tiraram uma soneca outro saiu caminhando de pé no chão com o belo cão Gold por uma estradinha beirando a serra.

Este interregno foi mais demorado que o costumeiro, mas às 17:00, paramentados de novo, voltamos para casa completando a volta. Em uma hora chegamos ao Belvedere de Barra do Piraí e seguimos pelo acostamento da RJ que tinha um trânsito intenso. À tarde morria, a claridade dava lugar a escuridão da noite e quando atravessamos o rio Paraíba chegando em Volta Redonda estávamos, os três, em ótimo estado físico depois de pedalarmos por 150 km.

Como era um pedal do ZéAdal não foi de seis às seis, acabou as 20 horas. Mas ninguém reclamou.           

publicado por joseadal às 12:56

Outubro 12 2013

“A menor distância entre dois pontos é uma reta”. Esse axioma da geometria sempre balizou o esforço do ser humano para ir de um lugar a outro.

Nos idos do século XIX quando o município de Barra Mansa ocupava o que veio a ser Volta Redonda, quem morava em meio do caminho para o arraial que se tornou Getulândia, quando precisava fazer compras na sede da comarca seguia por um caminho que um fazendeiro decidiu acabar fechando-o com diversas porteiras com cadeado. Quem, hoje, olha pelo Google Earth ainda o vê serpenteando entre os morros.

Então, neste dia de N. Sra. Aparecida, sozinho, resolvi passar pela velha estradinha com a minha bicicleta ainda embandeirada para ir à Aparecida. Logo após do bairro Roma, pouco depois da casa de forró Curral tem uma antiga fazenda e adiante uma entrada protegida por duas porteiras com cadeado. É a antiga estrada. Fui mais a frente entrei pelo caminho da fazenda São Luiz, que fica aberto.

Cheguei ao curral e pedi a um rapaz para passar para o caminho que vai para Ataulfo de Paiva. Atravessei a porteira e um córrego e toquei pra diante.

Precisei pular cinco porteiras puxando a bicicleta comigo. Não muito adiante cheguei numa estradinha que já havia passado há muito tempo.

Entrei à esquerda e vim tocando até chegar na porteira que vai sair na Morada do Ventos. Depois foi só seguir pelo trilho bem conhecido. Assim, ao invés de uma longa volta cortei muito chão passando pelo velho caminho... e pela terra dos outros.

publicado por joseadal às 22:04

Outubro 09 2013

Os caminhos se desdobram pela face da Terra. Eles sempre foram feitos para facilitar a locomoção dos que viriam mais tarde. Um caminho pode ter sido feito com uma intenção e depois toma outra, conforme muda o interesse humano. O caminho que vai para Angra dos Reis, por exemplo, foi feito para servir na direção contrária. Os colonizadores que desembarcavam na baia da Ilha Grande abriram trilha encosta acima para, vencendo a serra do Mar, dominar o interior. Depois, o mesmo trilho, dificultoso ao estremo, serviu para trazer ouro das Minas Gerais a revelia da corte portuguesa. Hoje, automóveis em quantidade descem e sobem a penedia por uma estrada bem asfaltada levando e trazendo os humanos que procuram diversão nas praias. (ciclistas em Perequê com a serra do Mar dominando tudo lá ao fundo) 

Mas há caminhos que servem para fins temporais e espirituais. Assim é a estrada dos Tropeiros, antigo caminho que levava comerciantes, soldados e autoridades do Rio de Janeiro para São Paulo. Porém, esse caminho ganhou outra finalidade quando Deus permitiu a Rainha do Céu comunicar-se com os brasileiros de um modo muito íntimo. O povo dessa terra, que se misturou de tantos modos e formou uma nação de mestiços, ganhou uma imagem negra de Nossa Senhora.

 

Aquele local, no vale do rio Paraíba do Sul, passou a ser um tremendo foco de atração para os que têm fé de que a vida não é só essa. Agora, sábado dia 12, é dedicado a festeja-la e romeiros de todas as partes vão percorrer caminhos abertos há muito tempo, para vir venerá-la. Então, nessa sexta dia 11, vamos sair de bicicleta bem cedinho e percorrer 180 km para nos juntarmos a multidão de fiéis. A velha estrada dos tropeiros já está sendo percorrida por peregrinos caminhantes, cavaleiros, motoqueiros, motoristas e ciclistas. E nós nos juntaremos a eles.

(Zé chegando na basílica vindo de Campos do Jordão, mas isso já é outra história)

Quem quiser vir o encontro será às 5:30 na praça Brasil. A volta será no sábado, após a missa, de ônibus que custa R$37,00 a passagem trazendo as bikes no bagageiro.

Eu estou pronto para percorrer o longo caminho cheio de belezas, e você?    

publicado por joseadal às 13:37

Outubro 07 2013

Eu tive um sonho.

Acho que era um pássaro, pois via as coisas bem de cima. Vi um grupo de ciclistas seguindo por um caminho de terra. Por causa da altura pareciam pequenos e lembro que refleti, pensei como pássaro ou como uma pessoa sedentária: O que estão fazendo? Por que esse esforço todo?

Os entendidos dizem que na interpretação de um sonho deve-se apreender o que sentimos naquele momento onírico.

(o grupo no ponto de encontro para um pedal muito bonito)

O que se passou é que duvidei de que o ciclismo seja algo que valha a pena. Pareceu-me um desperdício de vida.

Às vezes um sonho repete algo que se passou durante o dia. E ontem estudei com Lili o livro A Prática do Amor a Jesus Cristo, onde (p.149) diz: “É preciso desprendermo-nos de nossa vontade. Jesus ensinou: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo’. Qualquer satisfação, se não é para a glória de Deus deve ser afastada”.

Quer coisa que goste tanto como pedalar? Me agrada tanto e me trás tanta satisfação! Socorri-me com a condição expressa no texto: “que seja para a glória de Deus”.

Então, quando montamos em nossas bikes que nosso pensamento se volte para o Criador, agradecendo a saúde e as condições para sair girando, e apreciando Sua obra espalhada a nossa volta.         

publicado por joseadal às 00:27

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