Esse é um pedal que dura um dia inteiro. Não é melhor nem pior do que todas as outras modalidades de ciclismo. Tem mais a ver com a personalidade do ciclista ou seu estado de espírito. Mas é de uma beleza que perdura dias e dias na lembrança de quem o pratica.
Neste domingo, 20/20/2013, saímos ainda escuro e não de todo acostumados com o horário de verão. Começamos a rodar na hora que um dia antes eram 5 horas da manhã. Três companheiros pedalando em direção ao sol que se erguia no Leste tendo a vaga ideia de que íamos andar o dia todo.
Não tanto por ter chovido forte no sábado, mas seguimos pelo acostamento da rodovia até Dorândia. Dali, entramos para Vargem Alegre e finalmente ouvimos o chiado gostoso dos pneus sobre o saibro. Livre do trânsito de automotores a conversa rolou solta, como se estivéssemos sentados numa varanda com o sol batendo de chofre em nossos rostos. Mas estava uma manhã deliciosa, com algumas nuvens brancas e um vento fresco que tornava o pedal um esforço gostoso.
No longo pedal de um dia todo, as horas passam devagar e por estarmos sempre vendo uma paisagem diferente elas marcham bastante densas. Uma parada para um lanche e saímos de Barra do Piraí.
Sempre com o rio Paraíba do Sul deslizando à nossa esquerda, passamos pelo lugarejo de Bacia de Pedra. O itinerário foi mudado, por consenso, ainda durante há primeira hora. Neste trecho, a conversa já tendo amainado, o colega Nilson sugeriu que rezássemos um terço e lá fomos nós recitando as orações, enquanto as pequenas vilas desfilavam pelo caminho.
Logo a estrada se reuniu a linha do trem e passamos pela ponte dividindo o espaço com automóveis, mas sem o impacto de ver um enorme trem rodar devagar com as rodas rangendo nos trilhos em curva. Desfilamos por Juparanã tranquila, como é toda cidade da roça numa manhã dominical. Tomamos caldo de cana com um enorme pastel e encetamos a longa subida para Valença. Eram 10:30, já fizéramos tanta coisa e o passeio ainda estava longe da metade.
João notou que o irmão não estava bem e paramos para descansar. Faltavam menos de 10 km para chegarmos ao sítio. É, num pedal de seis às seis tem lugar para uma boa parada.
No sítio tomamos banho de piscina, chupamos jabuticaba no pé,
almoçamos, conversamos pra valer e enquanto uns tiraram uma soneca outro saiu caminhando de pé no chão com o belo cão Gold por uma estradinha beirando a serra.
Este interregno foi mais demorado que o costumeiro, mas às 17:00, paramentados de novo, voltamos para casa completando a volta. Em uma hora chegamos ao Belvedere de Barra do Piraí e seguimos pelo acostamento da RJ que tinha um trânsito intenso. À tarde morria, a claridade dava lugar a escuridão da noite e quando atravessamos o rio Paraíba chegando em Volta Redonda estávamos, os três, em ótimo estado físico depois de pedalarmos por 150 km.
Como era um pedal do ZéAdal não foi de seis às seis, acabou as 20 horas. Mas ninguém reclamou.