bikenauta

Novembro 16 2013

Cada homem procura imprimir seu toque pessoal em tudo o que faz. Por felicidade talvez encontre outros que pensam um pouco como ele e está formado um grupo. Também no mountain bike há variações. Meu amigo João Bosco prefere as longas viagens sobre bike. Ama chegar numa cidadezinha ao entardecer, descansar e no outro dia ter pela frente mais 100 km de pedal. Os estimados Jorge e Rogério gostam do desafio de pedalar 180, 200 km num dia. Alguns preferem rodar pelo asfalto, enquanto outros sentem paixão por subir uma serra e ver o mundo lá do alto. Quem não sente prazer em girar junto com uma galera amiga? Mas há também o ciclista solitário, que encontra no recolhimento uma força poderosa.

Neste feriado de 15/11/2013, deixei um grupo alegre e amigo e fui buscar na solidão minha alegria. Um caminho improvável, saindo meio enviesado da estrada que leva a Conservatória me levou a alguns picos da serra da Beleza. Vastidão de morros que se enfileiram qual um exército de gigantes nos faz parar e reverenciar tal criação.

Em outro cume o que se vê é a obra dos homens domando a natureza: plantações, casas de fazenda esparsas e a estradinha que os leva a cidade. Vencida uma eminência mais pesada lá está o caminho que me vai levar a Bicame. Abaixo o selim e desço pelo caminho das vacas até a fazendinha lá embaixo.

Não demoro a entrar na estradinha para São José do Turvo. Em certa curva surge um capinzal se vergando ao vento forte que alivia a quentura do sol. Por ser feriado a trilha está especialmente deserta. É o ciclista e seu Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; o mundo de matéria fica menor, mais humilde diante do mundo invisível e seu Rei. E a lembrança da mãe dos homens torna o ciclista mais cuidadoso com o que pensa.

Então, numa entrada à direita segue-se para Amparo pela fazenda Bonsucesso. Caminho tantas vezes percorrido parece-me diferente. Até a garbosa árvore de copa alta e esguia parece outra.

No vale em que o rio Turvo amontoa pedras brancas, redondas de tanto serem roladas, lembro de uma vez que num grupo vendo distanciar um colega, gritei: vou te alcançar!, e ganhei insuspeitas forças.

Amparo, chego por fim. Agora é vencer as 3 subidas que o amigo Dunga diz que são 13.      

publicado por joseadal às 23:41

Novembro 15 2013

Fomos pedalar por um caminho onde meu avô talvez tenha passado debruçado na janela de um trem. Subindo sempre, mas o terreno com uma inclinação necessária aos marias-fumaça de outrora, o grupo pedalava junto e conversava a vontade. Em certos locais o caminho passava espremido onde os construtores cortaram a rocha. Ao nosso lado direito nos flanqueava a serra da Beleza e ao esquerdo os vales do rio Preto se estendiam entre morros.

No meio da subida chegamos a velha estação que ‘seu’ Sebastião vem reformando com o vagar peculiar àquele lugar perdido na encosta da montanha.

Mas o caminho continuava e lá fomos nós. O amigo Valtair, em determinado momento, chamou-me atenção para uma pequena igreja Presbiteriana erguida em 1916. Disse ele que foi uma das primeiras do Brasil. Fiquei pensando como foi ela surgir naquele fim de mundo. Então, a encosta chega a um beco sem saída. Um imenso rochedo aflorou desde tempos imemoriais, e por ele não se pode passar.

Mas ali o caminho volta-se para a própria serra e passamos por um túnel aberto ainda no século 19. A escuridão é total com a luz da outra abertura parecendo uma lâmpada lá ao fundo. O piso sempre úmido está bem melhor do que de outra vez que passamos naquele negrume.

De novo sob a luz radiante do sol ainda pedalamos um bocado até chegar no asfalto novo que liga Santa Isabel do Rio Preto a Conservatória. Como o planejado era voltar pelo asfalto, despedi-me dos colegas e, com minha sombra calçada, peguei uma bela trilha de chão até Amparo.      

publicado por joseadal às 23:36

Novembro 11 2013

Quando se deixa Visconde de Mauá

– ah, que pena sair daqueles vales entre as serras com seus riachos gelados e arraias cheios de boa comida, novidades e música – subindo a serra, logo no primeiro quilômetro tem uma placa com esses dizeres: “Derrube as árvores de sua ambição e deixarás de pé as da floresta. Confúcio”.

Nesse domingo, 10/11/2013, fomos pedalar naquela linda região. As bikes foram colocadas na van e, nos carros, saímos para Penedo. Descemos as bicicletas na Capelinha, bem no começo da serra que em 15 km nos leva a 1.300 m de altitude.

- Que terrível programa, subir uma serra, "seu" Zé!

É uma experiência maravilhosa que queria que você experimentasse. Não é uma competição, é um passeio. Então, sobe-se cada um em seu ritmo. A estrada cheia de curvas corta um pedaço virgem da mata Atlântica e o canto dos pássaros e o murmurejar dos córregos é um deslumbramento.

A vista que se descortina em aberturas entre os bosques dominados pelas araucárias faz a gente viajar no pensamento e querer ver cada vez mais longe. Colegas passam por você e logo adiante somos nós que os deixamos para trás.

Bem antes do mirante cheguei junto a quatro rapazes de Resende e entabulei conversa com Irineu, que trabalha na Peugeot. Contou-me que o médico deu-lhe um ultimato quando alcançou 130 kg: É preciso mudar a alimentação e praticar um esporte! Assim, na marra, ele voltou a bicicleta que havia abandonado há muitos anos.

Despedimo-nos na virada da serra, não antes de tirarmos fotos da paisagem de tirar o fôlego.

Vem então, uma descida fantástica que voando não consigo deixar de pensar que vou subí-la na volta. A inclinação termina na praça de entrada da antiga vila. Mas nosso destino era Maromba, e assim continuamos subindo e descendo, entrando em um vale e saindo dele para outro. Chegamos a cachoeira e um banho gelado nos revigorou. Depois de relaxar em meio a brincadeiras e muita amizade voltamos para almoçar em Maringá.

(foto do amigo Eugeny no escorrego de Maromba)

Depois foi deixar para trás a vida de sonhos e voltar a vida real, mas subi a serra pensando no aviso do sábio chinês: Derrube as árvores da sua ambição.  

publicado por joseadal às 21:15

Novembro 10 2013

Não havia tristeza em nosso encontro, não chorávamos um amigo, mas nos rejubilávamos com a vida e com a crença de que a morte só termina a passagem pela Terra. A vida continua.

Cada pessoa é um projeto muito especial. O Livro dos livros, diz (Jeremias 1:5): “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei”. Cristiano Degani foi um que foi planejado muito antes de nascer e estava destinado a uma missão.

Por isso um crime de morte é tão terrível: ele corta o desenvolvimento de uma pessoa e tudo o que ela faria por muitos. Um assassinato pode ser intencional ou não, mas este pode ser resultado de uma total falta de cuidado e responsabilidade com os outros. Foi o caso que vitimou nosso novo colega ciclista. Em lembrança a vida que tão jovem foi cortada é que nos juntamos, também para proclamar a motoristas e outros cidadãos o cuidado que se deve ter na direção de transporte motorizado.

Festejamos a amizade que a bicicleta nos proporciona com tanta gente, sorríamos agradecidos a boa saúde física e da alma a "magrela" nos dá em troca do esforço e da dedicação que doamos. À Cristiano dizíamos no coração: descanse de tuas obras, amigo, só sentimos que tenhas pedalado tão pouco conosco. E que Deus nos guarde sempre. 

 

 

publicado por joseadal às 00:48

Novembro 03 2013

Faço minhas, com todo respeito, as palavras do mestre Paulinho da Viola: “Vista assim do alto mais parece um céu no chão”.

Cara, é tudo lindo! Não dá vontade de descer, a gente quer ficar mais um dia e mais outro.

(na foto o professor Paulo Renato refrescando os pés e a alma, foto dele mesmo).

Não saberia dizer melhor que mestre Paulinho: “E a beleza do lugar, pra se entender tem que se achar. Que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais. Que os olhos não conseguem perceber e as mãos não ousam tocar e os pés recusam pisar. Sei lá não sei...”. Pergunte a André e Renata, inquira a Paulo Renato e Eder, e Alvinho: É assim mesmo, como o Zé tá dizendo? Eles repetirão a frase do compositor: nem cabe explicação.

(Renata num trilho todo feito de quartzita que veio do fundo do oceano, quando este sertão era mar, foto do amigo André Martins)

Mas pra se ver, tocar e pisar toda essa beleza tivemos que subir os três degraus da serra do Funil. E foi espetacular!

Todo o corpo cooperava para fazer a subida. As mãos e os braços faziam alavanca no guidão enquanto os pés e as pernas forcejavam nos pedais. Os pulmões resfolegavam a cada giro das rodas. Rio Preto foi ficando para trás e cada vez mais lá embaixo. (Álvaro na foto)

Rodeando os morros que fazem a saia rodada da serra fomos ficando cada vez mais alto. Passamos a arraialzinho de Santo Antônio e o caminho para a pousada Mato Limpo.

Mais acima passamos pela entrada para a represa e para Três Cruzes e adiante a entrada para o balneário do Coelho com suas quatro cachoeiras.

Mais além a pousada Mirante Santo Antônio e finalmente o lugarejo do Funil. Lá no alto, bem perto das nuvens e onde Deus Pai descansa seus divinos pés: “mais parece um céu no chão”. Quem se lembrava de cansaço por ter subido 15 km chegando a mais de 1000 m de altitude só com a própria força do corpo?! Foi subir ali, descer acolá. A escadaria para a gruta santa ninguém sentiu subir.

E nos fartamos de ver água de todas as cores e comer um delicioso tiragosto.

(Eder e Zé em foto do André)

Tenho de lembrar o mestre novamente: “Não sei se toda beleza de que lhes falo sai tão somente do meu coração”.

publicado por joseadal às 12:45

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