bikenauta

Dezembro 29 2013

Há quase dez anos soube que lá em cima da serra de N. Sra. do Amparo tem um caminho a direita que leva a uma aventura espetacular.

Finalmente, neste fim de um ano cheio de tantos acontecimentos felizes, conseguimos, levados pelo amigo Rogério em sua bicicleta novinha em folha, conhecer a trilha. Aquele alto de serra se chama Robertão, por causa do fazendeiro que era dono da fazenda do Ribeirão Claro.

A subida da serra é reta e exige muito do ciclista, é muito íngreme. Porém, logo se deslumbra um visual maravilhoso que se estende até a serra da Beleza.

Entretanto o ponto mais alto exige subir um tanto a mais. Que vale é ser este trecho coberto de mata e a gente empurra as bikes no sombreado das árvores.

Nós seis chegamos ao platô e na planura lá de cima atravessamos um riacho que corre para vales diferentes dos que passamos.

Então, não mais que de repente chegamos à porteira do céu. Uma cancela caindo aos pedaços que dá para um despenhadeiro de tirar o fôlego.

Nossas vistas se enchem do mar de morros que corcoveiam até Visconde de Mauá. Daí, se desce montando ou empurrando, de acordo com a coragem ou o cagaço do ciclista.

O sol estava inclemente, ardido, tirando a força da gente e nos deixando de garganta seca. Ninguém mais tinha água. Num barraco perdido naquele sertão encontramos uma água fresquinha saindo de uma bica perenemente aberta. Começa um sobe e desce que me causa uma cãimbra dolorosa.

Os amigos ajudam. Mais adiante, numa estradinha apertada por cerca e barranco damos de frente com uma boiada ensandecida. Cada um se espremeu como pode.

E foi depois do sítio com um bomba movida por uma roda d’água  que vimos o asfalto e voltamos para casa.

Foi uma aventura desejada mais com um grau de dificuldade que não se esperava. Mas no mountain bike quanto pior melhor.

publicado por joseadal às 22:52

Dezembro 16 2013

“Entrou numa porta saiu pela outra, quem quiser que conte outra”. Eu e minhas irmãs já estávamos quase dormindo quando nossa mãe terminava o conto da carochinha com esse refrão. Que tempo bom!

                                                                                                               Mas neste domingo fizemos um passeio de bicicleta bem desse jeitinho: fomos por um caminho e voltamos pelo outro. Foi uma volta para distrair, o ponto mais distante era uma velha estação ferroviária do município da Barra Mansa chamado Glicério.                                                 


A parte ruim era atravessar dois centros urbanos lotados de carros. Mas quando acabou o asfalto e começou a estrada de chão, em Vargem Alegre, o coração dos quatro ciclistas se aquietou e curtimos a beleza da natureza.


O passeio teve muito a ver com trens, túneis e trilhos. Algumas subidas serviram para exigir do corpo tão cercado dos confortos da cidade, um momento de persistente vontade.

Numa descida vertiginosa, já na volta, desviando-se de um cavalo, bem a minha frente, o amigo Agnelo usou pela primeira vez seu capacete que salvou sua preciosa cabeça mas, coitado, rachou. Aqui, saindo pela outra porta o colega Bispo sopra o braço machucado do amigo.

Quem quiser que conte outra.

publicado por joseadal às 22:24

Dezembro 14 2013

“Que comunhão tem a luz com as trevas”?

Desconsiderando o valor desta pergunta retórica juntei-me com uma tribo diferente de ciclistas.


Os que praticam o downhill são os que amam as descidas radicais: um trilho que desce vertiginoso por uma encosta da serra ou um caminho com forte declive cheio de pedras e buracos. Descem a 80 km/h sem triscar os dedos nos freios. Para se proteger de uma queda com graves consequências, vestem uma couraça de crocodilo. Fui com eles.


Passava das 16 h, as trevas já se aproximavam, ainda mais que a tarde estava carregada de nuvens que descansavam no alto da serra de N. Sra. Do Amparo, que os ciclistas chamam de subida do Robertão.


As bikes de downhill não são feitas para subir, tem uma só coroa e suas marchas são 7. Assim, eles empurram morro acima para descer voando. Com minhas 27 marchas escalei a serra na frente deles.


O visual é lindo, tanto para cima, os picos, quanto para os vales lá embaixo.

- Ora, que graça há em subir uma serra só para descer?

Como lhe explicar? É indescritível a sensação de ver os cumes pedindo para chegarmos lá. É visceral ter uma ladeira por diante, feito um paredão, e você, sem nenhuma ajuda, se não as forças de seus braços e pernas, ir galgando-a metro a metro. O terreno bem molhado fazia os pneus, ainda que bem frisados, derraparem dificultando o avanço. Mas cheguei no caminho da cachoeira de cima, enquanto eles continuaram a subida para descer pela encosta.


Só no meio dos vales encimados pelos picos sente-se uma paz e uma confiança superlativa. Nada é difícil e o coração bate acelerado. Enquanto empurrava a bike encosta acima eles passaram voando para o vale.


E por caminhos diferentes descemos a montanha. Não foi mau andar com amigos de preferência tão diferente da minha.    

publicado por joseadal às 22:30

Dezembro 10 2013

Como é a vida de um monge? Como é passear um dia inteiro em adoração e louvor ao Criador de todas as coisas, aquele que do “nada”, de tremendas energias, fez surgir matéria, partículas formando átomos. De início o mais simples, o Hidrogênio, depois mais de cem espécies de átomos que se misturaram formando miríades de substâncias de nosso Universo. Como é devotar um dia inteiro em contemplar este Poderoso Ser? Foi o que vivi neste sábado, 07/12/2013.


A bicicleta é um transporte bem humano. Ela alavanca por doze vezes a força e a velocidade da gente. Enquanto um automóvel, uma máquina, faz as coisas com a potência de uma grande manada de cavalos a magrela precisa da força do ciclista. Assim, a bike, no seu ritmo quase humano nos permite passar de um ambiente a outro com boa adaptação: das ruas cheias de carro da cidade para um caminho da roça, ou da planura de uma planície ao aclive forte de uma montanha. Mas neste sábado, a minha me levou do mundo de matéria para o do espírito em longas três horas e meia.


Ainda estava escuro, eram 5:30 h, e nas ruas o movimento era pouco. Escolhi pedalar pela BR-393 ao invés da estrada de chão, o tempo era importante, precisava chegar a Mendes antes das 9 hs. Logo uma barra azul muito viva apareceu no Sudeste.


Antes da subida para o Belvedere de Barra do Pirai entrei à direita e fui sair dento da cidade. Atravessei o rio Paraíba do Sul e pedalei beirando a linha do trem entrando na estrada de chão. Adiante, tornei a entrar à direita e subi forte para Mendes. Cheguei ao Foyer de Charité na hora certa.


No meio de uma mata, num lugar de muito bom clima, foi implantado há 40 anos este retiro para almas. Instituição católica que existe em vários países, oferece aos leigos a oportunidade de viver dias com a mesma organização de um monastério e uma imitação do cotidiano dos monges. Esse ambiente foi criado por uma devota francesa chamada Marthe Robin que passou trinta anos de sua vida numa cama, passando todas as semanas pela experiência dolorosa da Paixão de Jesus.


Depois de um café reforçado fomos para o auditório ouvir uma palestra sobre o Sacramento do Batismo e ser estimulado a renovar os votos que nossos pais fizeram por nós. "Todo cristão, ao receber o sacramento do batismo, renuncia a Satanás, às suas pompas, às suas obras e assume Jesus Cristo como Senhor de sua vida".


 Então, entramos numa situação de absoluto silêncio, chamada Deserto. Por belos caminhos em meio a mata ruminávamos o que aprendemos e cismávamos com nossa relação com Deus.


Segue o almoço gostoso e leve feito por mulheres que devotaram sua vida a Jesus no ministério de servir as necessidades dos que estão em retiro.


E continuamos em silêncio, ou lendo ou escrevendo nossa Consagração.


De volta ao auditório ouvimos o padre Bernard expor a importância da veneração a Virgem Maria. Para vencer as fraquezas de nosso caráter não basta a relação masculina entre Pai e filhos, é necessária a atuação pacificadora de uma Mãe. Dali saímos para a Confissão ao Padre, esperando pacientemente em meditação na pequena igreja. Um a um os crentes saíam para se confessar. Voltamos a igreja para rezar o terço e fechamos o dia com a missa e a Comunhão.


Há tantos modos de se louvar a Deus e a Jesus, mas participar do Foyer de Charité foi uma experiência única a qual minha bike me levou.      

publicado por joseadal às 10:20

Dezembro 03 2013

Seja você católico ou ecumênico, neste sábado, 07/12/2003, vamos fazer um pedal bonito que vai agregar contemplação e reflexão para o bem de nossa alma, e adoração e oração para aumentar nossa relação com o Criado de tudo.

Será um retiro de um dia, começando às 9 h e terminando às 20 h. O encontro é em um lugar preparado e abençoado para esta prática, o Foyer de Charité, em Mendes. Este local de refúgio é descrito assim: “consiste numa forma de vida que o Senhor pediu à Marthe Robin que edificasse, ela o fez com a ajuda do padre Georges Finet; para esse local são chamados os cristãos batizados, homens e mulheres, convidados a viverem juntos, sob a conduta de um sacerdote, uma vida de comunidade a exemplo dos primeiros cristãos que tinham ‘um só coração e uma só alma’”. Participaremos de missas, palestras e uma convivência silenciosa e cheia da paz de Deus. O endereço é Av. Santa Cruz, 1362 – Humberto Antunes  - Mendes – RJ (em frente ao Bar do Dirceu)

Mais informações na página http://foyerdecharite.blogspot.com.br/p/foyer-de-charite.html

Desculpe a pressa, mas se você quiser usufruir dessa benção precisa se decidir até amanhã, quarta, 04/12, à noite e ligar para o jovem André que organizou este encontro, 999154494. Deve-se levar um donativo de gratidão. O almoço está incluído assim como uma porção sobrenatural de conforto em união.

Eu vou de bike, você pode ir de carro. Quem quiser fazer de pedal vamos sair às 5:30 h, com previsão de estar em Vargem Alegre às 6:30, além de Barra do Piraí às 7:30 e além de Mendes, no Foyer, às 8:30. Serão 70 km com subidas pequenas. Tome um café forte porque não vamos parar para lanche. Está vendo que vai ser puxado.

publicado por joseadal às 10:59

Dezembro 01 2013

“Vista assim do alto mais parece um céu no chão, sei lá”.

Precisa ser a noite para ver as luzes brilhando no asfalto como as estrelas do céu. Mas era dia, nublado, chuvoso, e pior estava sozinho com minha bike e queria subir um ponto alto no Rio.

Mas não podia dar mole.

Estava no final do Leblon quando vi a comunidade agarrada a encosta do Corcovado.

- Lá é o quê, irmão.

- Moro lá, é o Vidigal.

- Vou subir o Vidigal.

O samba de Paulinho da Viola fala de Mangueira, mas no Vidigal é idêntico.

“a poesia

 Num sobe-desce constante

 Anda descalça ensinando

 Um modo novo da gente viver

 De pensar e sonhar, de sofrer”.

Todo mundo se conhece. A rua é uma só e todo mundo sobe ou desce passando pela casa dos vizinhos. A maioria uso o serviço de moto-taxi. Elas passam roncando pela gente o tempo todo.

Agarrado ao barrange da bike forcejava subindo sem parar. Mexia com um e com outra, todos replicavam. É um modo legal de viver.

Mas tinha de subir numa lage e “seu” Antônio que está morro há 50 anos desde que veio do Ceará, me deu a chave e disse: vai lá olhar, não repara a bagunça, teve um forró com um monte de gringo.

A praia do Leblon faz uma curva linda lá embaixo.

Pra descer abaixei o selim pra ficar mais perto do chão, caso caísse. Chovia o tempo todo e os paralelepípedos estavam um quiabo.

- Onde se come bem aqui em cima, colega?

- Vai no Paladar Nordestino, você vai  gostar.

Gostei, a sardinha estava fresquinha e sem gordura.

Acabei de descer para o asfalto. Olhei pra cima e pensei: é bacana viver numa comunidade. Fui.

Na Lagoa passei pelo velho campo do Flamengo e tirei uma foto em frente ao Ônibus de cores tão bonitas.

     

publicado por joseadal às 22:50

mais sobre mim
Dezembro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
11
12
13

15
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

30
31


pesquisar
 
Tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO