bikenauta

Janeiro 26 2014

Sim, é preciso sair desse amontoado de casas que é a cidade, obra das mãos do homem, para se ver o que a Natureza moldou neste planeta.

São as serras furando o céu e os vales aos pés delas cercados de grotões misteriosos. São as matas e o rio correndo incessante, dando uma ideia da eternidade.

Foi como no longo pedal de hoje, passando por Falcão e Fumaça, vilarejos cercados do verde. Tudo parecia igual à cinco anos atrás: o rio preto embarreado rolando calmo nos remansos e violento nas cachoeiras apertadas, o restaurante Colibri com as mesmas redes de bambu para se descansar das longas subidas

e o mesmo mau atendimento da proprietária e a ponte que ao invés de passar por cima do córrego e este que passa por sobre ela.

Mistérios. Mas algumas coisas mudaram, como o asfalto que está acertando a estrada que era cheia de costelinhas e que vai de Falcão à divisa com Minas Gerais.

Mas o bom é a companhia dos colegas para compartilharmos tantas belezas: Washington, Márcio Guedes, Jorginho ( que chegou depois), Carvalho e Rodrigo e Manoel (que nos acompanharam a partir de Quatis).

Como foi bom pedalar com meu professor de mountainbike e ver que depois de anos sem pedalarmos juntos ele está ainda melhor como amigo e ciclista.

Por isso gosto das trilhas que nos levam longe – hoje, com sol forte, pedalamos 140 km.   

publicado por joseadal às 00:51

Janeiro 21 2014

Faz tempo que não passo pelo Colibri, vale do rio Preto perdido entre as serras da Mantiqueira. Essa foto tem cinco anos, bons tempos aqueles!

E vendo as fotos da turma de Barra Mansa, que foi lá semana passada, senti vontade de ir também.

Quem quiser acompanhar vamos pela Dutra e entramos para Quatis. Depois do lanche subimos para Falcão e pegamos a segunda entrada à esquerda, lá longe, depois da divisa com Minas Gerais. Aí é plano e seguimos beirando o rio Preto até o lugarejo de Colibri. O tempo passa em cima da bike e parece que a gente vai remoçando - esta foto é de 2008.

É aí que vamos apimentar o passeio e procurar a cachoeira de Mahé, que nunca vi, mas o pessoal de BM se refrescou nas águas limpas dela. Se eles encontraram nós também achamos

Aí tocamos para Fumaça passando pela ponte debaixo d’água e almoçamos. Depois é descer o morro Grande e, passando por Quatis, voltar para casa.

- Vamos sair de onde e quando, Zé? E a previsão é de estar em casa a que horas?

A hora de sair é certa, 7 horas da guarda, na beira Rio, neste sábado 25/01. Tem de ser sábado porque domingo tem churrasco do Clube Adventure. Já a volta, só Deus sabe.

publicado por joseadal às 16:07

Janeiro 20 2014

Como aconteceu ontem, 19/01/2014, quando viajei para o Rio de Janeiro indo pedalar em Niterói.

No ônibus lia o livro Sr. Mani, do escritor israelense, A B Yehoshua. A jovem Agar, criada num kibutz, cercada por uma maneira de viver e guiada por crenças fortes na missão divina do povo de Israel e, de longe, venerando Jerusalém como um lugar sagrado, viaja a cidade a negócio e andando por suas ruas modernas vê uma Jerusalém muito diferente da que idealizava.  Não tinha como saber, mas esta leitura estava me prevenindo da mesma forma que o apóstolo Pedro foi avisado por uma visão na manhã que iniciaria uma tremenda mudança na nova religião de Cristo: “Pedro, não ache errado o que Deus permite que exista”. E assim, como o santo arraigado nas leis e na vida israelense tem que visitar e ensinar a nova doutrina a um romano, eu tive de conhecer e acompanhar uma outra tribo de ciclistas.

Depois de descer na rodoviária Novo Rio segui pedalando até a praça XV onde peguei a barca. Quando entrava vi uma galera chegando empurrando suas bikes, eram da tribo dos downhill, os que descem trilhas cheias de obstáculos. Não fiquei afastado, lembrando do que li no livro ao invés de ficar estranhando aqueles ciclistas diferentes logo me enturmei, eram todos jovens, e perguntei onde iam descer, falaram: vamos para o Parque da Cidade, aí falei: Tô dentro.

E atravessamos Niterói até a praia de São Francisco. Andavam muito, mas paravam uma barbaridade. Demoravam a subir, então falei: Vou indo na frente. E subi, subi muito.

Rodar pelo parque, que é mata fechada, sozinho, é um perigo com tantos marginais nos morros de Niterói. Mas logo estava passando por grupos de ciclistas, cada qual tomando uma trilha lá no alto. Fui até onde pulam de asa-delta... que beleza de vista!

É uma ponta da serra, então de uma lado se vê a entrada da baia de Guanabara, do outro a lagoa de Itaipu e o mar aberto.

A rapaziada chega para descer uma trilha sinistra. Deixam as bikes de poucas marchas - quem precisa pedalar com a força de gravidade empurrando atrás com toda força! – e vão verificar a primeira rampa. Como não gosto de esperar, abaixei o selim para ficar mais perto do chão em caso de queda (quase certa) e desci. Parei numa curva e esperei a turma descer e filmei. Não os vi mais.

Peguei outra trilha que depois de fazer muitas voltas saiu de novo na estrada e desci para a praia por outro caminho. Lá embaixo corri pra galera, quer dizer, para as ondas pequenas do saco de São Francisco.

 

publicado por joseadal às 11:30

Janeiro 11 2014

é bom seguir alguns princípios. Afinal, o calor está demais.

O melhor é sair cedo, uma hora dessas, 10 horas, é importante já se estar longe.

Depois, quem aguenta andar no asfalto? Se possível entre numa estradinha de chão.

Pedalar com este calor em lugar muito povoado ninguém merece, o melhor é estar cercado de verde.

Evite o sol, que especial é andar pelo meio de uma mata com o caminho manchado de sombra e claro.

Se puder entrar na água é muito legal. O frescor dala geladinha esfria o calor normal do pedalar e o da solina do verão.

Se tivesse um jeito de se pedalar só em descidas era o ideal.

Peça aos céus algumas nuvens benfazejas, hoje elas ficaram se acumulando longe, mas quando se estendem entre nós e o sol forte é uma graça.

E o mais importante, a companhia de um amigo de fé, um bom camarada para se conversar o tempo todo.

Ah, falei de filtro solar?

publicado por joseadal às 22:34

Janeiro 04 2014

Quando ao dobrar o morro de Itaipu surgiu a praia se perdendo de vista senti que tinha valido a pena o esforço.

Acordar cedo, andar com Malu ainda no escuro e pegar o ônibus das 5 horas, estava agora plenamente justificado. Por falar em pegar ônibus, é bom lembrar que todo cidadão brasileiro acima de 65 anos tem direito a viajar sem pagar. Isso é importante porque um velho ciclista pode pedalar por onde quiser, é só pegar um buzão.

Depois de atravessar a baia da Guanabara pela barca foi perigoso atravessar Niterói e ir até o fim de Itaipu no meio de um trânsito intenso, todo mundo indo para as praias. Mas cheguei ao alto e vi Itaipuaçu e o mar. Então foi só descer a estrada vertiginosamente e chegar correndo na praia. Deixei a bike debaixo de uma amendoeira junto a um quiosque que faz um peixe delicioso, a bermuda, o capacete e a bomba e fui mergulhar.

- Mas Zé, você toma banho de mar de tênis e camisa?

Não podia deixar a camisa com dinheiro (pouco), celular e câmera, levei tudo para perto da água. E não dava para atravessar o areal todo de pés descalços, era chapa quente mesmo. Depois de refrescado peguei a estradinha que beira o mar.

Mas aqui cabe uma explicação geológica. Nas fotos, ao fundo, erguem-se morros de granito. Nessa região são diversos, espalhados como se fossem semeados ali. Há 70 mi-lhõ-es de anos, quando a África separou-se da gente, esse litoral era um chapadão. Com o correr do tempo o vento, a chuva e os rios carrearam toda areia para o mar deixando na planície costeira os enormes rochedos. Mas o mar não é de guardar o que não quer e uma boa porção de areia foi amontoada de volta a beira mar. É a restinga.

Este riacho tem que andar muito, paralelo ao mar, até achar uma foz para desaguar. Tudo isto cria o maior inimigo do ciclista.

- São os morros, Zé? Ou a chuva e o frio o que mais atrapalha o ciclista?

O que torna o pedalar impraticável é o areal. Por isso mesmo meu intento de chegar a Saquarema fracassou, não passei de Inoã.  

publicado por joseadal às 01:35
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Janeiro 02 2014

Andar de bicicleta, não no meio do trânsito e com os sentidos todos em alerta, mas nas trilhas fora da cidade nos dá o ensejo de refletir, pensar com profundidade.

O papa Francisco em seu tratado Evangelii Gaudium, a alegria de evangelizar, disse: “Recordo também a alegria genuína daqueles que, mesmo no meio de grandes compromissos profissionais, souberam conservar um coração crente, generoso e simples”. São heroicos, esses irmãos que trocam um dia de trabalho que começa às 4 da matina e termina com sua chegada em casa às 19 h por míseros reais. E como conseguem manter um “coração crente, generoso e simples” é um mistério da fé. Mas quem pode pedalar consegue tempo em sua vida para meditar e melhorar seu coração.

Nesta última subida ao alto do Robertão, enquanto punha toda força nos pedais para levar a bicicleta até lá em cima, mesmo trocando ideias com os colegas, encontrei oportunidade de pensar sobre a obra de Deus.

Siga meu pensamento só por um momento. Pensei nas naves robôs que colhem material do solo marciano e o examinam, lá mesmo. Tudo que encontram é mineral. Não acham nem um resquício de organismo orgânico. Mas se o material fosse colhido nesta subida saibrosa da serra, os aparelhos encontrariam resíduos minúsculos de plantas, insetos e animais. Essa fartura de matéria orgânica, que já conteve vida e é essencial para estarmos existindo neste planeta, faz parte do Grande Projeto Vida. O cientista Steven Benner explicou numa conferência de doutores, em Florença:

“Acredita-se que o RNA (ácido ribonucleico) foi o primeiro a surgir na Terra, há mais de três bilhões de anos. Uma possibilidade para a formação do RNA a partir de átomos, como carbono, seria o uso de energia (calor ou luz). No entanto, em nossas experiências, isso produz apenas alcatrão. Para criação do RNA, os átomos precisam ser alinhados de forma especial em superfícies cristalinas de minerais. Mas esses minerais teriam se dissolvido nos oceanos da Terra naquela época”. Nós humanos, pelo menos os estudiosos, já sabem como a uma molécula mineral se torna orgânica (ganha vida), mas não sabem fazê-lo. “Minerais que contém elementos como boro e molibdênio são fundamentais na formação da vida a partir dos átomos. Os minerais de boro ajudam na criação de aros de carboidrato, gerando compostos químicos que são posteriormente realinhados pelo molibdênio. Assim surge o RNA. Mas o ambiente da Terra nos primeiros anos do planeta [modo de dizer, a Terra já vinha se formando há 1 bilhão e meio de anos], seria hostil aos minerais de boro e ao molibdênio. É apenas quando o molibdênio se torna altamente oxidado que ele é capaz de influenciar na formação da vida. Esta forma de molibdênio não existia na Terra quando a vida surgiu, porque há três bilhões de anos a Terra tinha muito pouco oxigênio.”. Daí ele chega a uma conclusão para o início do Grande Projeto Vida: “O mais provável é que a vida na Terra tenha chegado por um meteorito, em vez de ter surgido no nosso planeta”.

- Zé, então não foi preciso Deus para existir a vida?!

Toda especulação dos cientistas só afirmam que Deus é muito, muito maior do que pensamos. E também que as palavras simples da Bíblia só resumem um plano grandessíssimo: “Então, do pó da Terra, o Deus Eterno formou o ser humano. Ele soprou em seu nariz o sopro da vida”. Foi assim, mas muito antes ele fez isso no cavalo selvagem e no lobo, nos dinossauros e nas plantas. Para que cadeias de minerais se replicassem e formassem organismos vivos era preciso “o sopro de vida”.  E isto ainda é um mistério.

Tudo isso pude pensar em cima de minha bike. Ou empurrando ela.    

publicado por joseadal às 11:39

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