bikenauta

Junho 29 2014

Tem uma oração que gosto especialmente.

- Zé, tá arranjando jeito dos críticos reclamarem por você misturar bicicleta com religião!

São coisas de que gosto, são indissociáveis: a fé e a bike. Mas a oração diz:

Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, 
e renovareis a face da terra.

O mesmo acontece com o ciclismo. Em certo ano juntam-se amigos que parecem inseparáveis, mas já no ano seguinte a maioria se dispersou. Porém, quem persevera pedalando vê se renovar seus companheiros de pedal. Assim foi hoje, 29/06/2014, quando levei o amigo Renato para estrear sua bicicleta nova e, quem sabe?, iniciar sua amizade pelo ciclismo.

Fizemos uma volta que pede esforço: trilha do rio do Peixe, estrada Amparo-Barra Mansa passando por Santa Rita de Cássia e suas hortas de verdura, fechando pelo Açude. Tem boas subidas neste trajeto e o novato sente.

Falei um bocado, tanto adicionando informações ao que ele falava como contando aventuras que ele poderá vivenciar. Mas, o velho ciclista, mesmo passando por um caminho tão conhecido, alegrou-se de ver o capinzal molhado pelo sereno da noite e pode admirar pela enésima vez a fazenda Criciúma, obra executada num tempo em que por ali era sertão puro.

Renato falou do projeto de fazer O Caminho de Santiago de Compostela, em setembro. Me bateu o anseio de pedalar no exterior. Será que consigo? O pedal chegou ao fim. Que pena! Foi muito rápido: 33 km em 2:39h. 

E pedalar no inverno, que coisa boa! O vento frio penetrando a roupa leve de ciclismo e pinicando na pele da gente! Gosto mesmo da minha bike, como gosto da minha fé.

publicado por joseadal às 15:44

Junho 22 2014

Não existe conflito de gerações no ciclismo.

- Em tudo há exceções, Zé!

Posso dar o pedal de hoje, 22/06/2014, um bate-e-volta à Mendes, como exemplo. Quando me convidaram e fiquei sabendo da turma que ia – Peri, Álvaro das cotas, Eduardo, Magno, Ademar, - todos com 40 anos, a exceção de Ademar (+60) e do jovem, disse de mim para comigo: Nem vou tentar acompanhar essa gente, deixe-os ir. E compareci no ponto de encontro com meu colega de guerra, João2010.

 

Entrando para Pinheiral, com meia-hora de pedal, ainda estava com o grupo. Admirei-me e fiquei feliz por duas razões: por estar conseguindo acompanha-los e por eles me considerarem e não forçarem muito a corrida. E assim transcorreu o passeio forte que nos fez andar 120km. Só na parte da manhã. Praticamente. Paramos para um lanche em Vargem Alegre, com os dois coroas juntos.

Dois colegas vindos de Mendes juntaram-se a nós. Atravessamos Barra do Piraí e Morsing quase juntos e entramos em Mendes.

Depois de outra merenda tocamos de volta no mesmo pique, passando por trechos de caminho diferentes. E entramos em nossa cidade em um bloco unido. Tive de gritar: Consegui terminar a corrida à Mendes junto coma turma.

A bicicleta faz os homens se respeitarem e os mais jovens preocuparem-se com os coroas. Quer coisa melhor?! 

publicado por joseadal às 20:55

Junho 19 2014

A volta. Esta palavra carrega um travo de cansaço e obrigação. Não se presta mais atenção a paisagem, só se quer chegar. 

(saíndo da pousada em Sta. Antônio do Rio Grande, MG)

Mas não foi assim que aconteceu em nossa volta de Santo Antônio do Rio Grande. Primeiro porque escolhemos um caminho todo diferente e depois porque o percurso é lindo demais. Então, parava-se a toda hora que víamos um panorama bonito, para fotografar.

(catando morangos silvestres depois do café da manhã reforçado)

O que quer dizer que não estávamos focado em correr de volta, olhando para o chão e voando em nossas bikes. Não, de jeito nenhum. Rodávamos aproveitando tudo que a natureza fez para enfeitar o mundo.

Por um bom tempo a Pedra Selada foi o motivo de nossas fotos. Desde lá de cima da serra de Mirantão, quase da altura da Pedra, até junto ao rio Preto que corria manso ao nosso lado. E tudo era verde, mas a roupagem mudava a todo instante. Ora era um caminho cercado e sombreado de pinheiros, ora uma subida vestida de um capim sedoso e luminoso.

E não era só parar, fotografar e rodar. No alto da serra, ainda sem ver sinal de mirantão, lembrei - da outra vez que por ali passei - de um ponto na encosta da estrada de onde se tem uma bela vista da Pedra Selada e tiramos fotos. Achei o local, largamos as bikes e subimos para registrar. Tudo parecia estar nos mesmo lugares, mas é um ledo engano, pois tudo vai mudando o tempo todo.

 

Depois foi a descida vertiginosa até a pequena Mirantão, de casas pequenas e bem cuidadas, com trepadeiras de flores nas fachadas.

Pegamos, então, o vale do rio Preto, de terreno plano e arenoso, gostoso de ouvir os pneus chiando na estradinha. Saímos na estrada para Visconde de Mauá que está sendo alargada, drenada e será asfaltada ligando Minas àquele belo lugar. Sentimos que nosso governo não está de braços cruzados e muito está sendo feito por este país tão grande.

É uma estrada com um visual lindo que merece ser percorrida de carro quando estiver pronta. Daí, saímos na estrada Resende-Bocaina, bem na ponte do Souza. (nesse lugar fomos atacados por um disco-voador que lançou raios-laser contra nós, mas eram ruins de mira)

Entramos por um caminho que nunca havíamos passado, Jacuba-Fumaça. Foi um sobe e desce constante, mas com as águas límpidas do rio Preto refletindo o sol em miríades de pontos prateados.

Encontramos um local lindo. Um restaurante com um belo gramado e uma praia de areia nas águas doces do rio.

Depois de um descidão chegamos a cachoeira da Fumaça, e como disse João: Era pra se ficar aqui curtindo essa beleza. Trepamos pelas pedras com toda segurança cercados por uma grade protetora. O ronco da água despejando em cascata e as gotículas voando como fumaça é um visual espetacular. E tão perto das cidades grandes!

Chegamos ao lugarejo da Fumaça e almoçamos uma comida simples mais gostosa, descansamos e seguimos devagar. Fazendo a digestão. Seguimos para morro Grande e nos revigoramos com longa descida que deixava ver Porto Real e suas indústrias, lá no vale do rio Paraíba do Sul. Em baixo, tocamos para Quatis, bebemos bastante líquido e, como o amigo Nilson não queria pedalar pela Dutra, entramos na estradinha da cachoeira do Cicí. Caminho tantas vezes percorrido por mim passou sem prestrarmos muita atenção a nossa volta. A noite vinha chegando com um entardecer muito bonito.

Depois de uma boa descida chegamos em Barra Mansa e rodando no meio dos carros seguimos para nossas casas, ainda com o gosto bom de dois dias de pedalada na Mantiqueira em nossos corações.   

publicado por joseadal às 00:13

Junho 15 2014

Neste 13/06/2014, subimos pedalando a serra da Mantiqueira.

- Vocês pedalaram quilômetros e quilômetros só pra ver uma fogueira, Zé?

A festa e a fogueira em Santo Antônio do Rio Grande deviam pertencer com destaque ao calendário de eventos turísticos do Brasil. Por sua beleza, simplicidade e por tanto que é carregada de emoção, a festa precisa ser vista. Por isso saímos de 400 metros, altitude no médio vale do rio Paraíba do sul, para os 1.200 metros  na região de Bocaina de Minas. A pequena Santo Antônio do Rio Grande, distrito de Bocaina, fica no meio de um belo vale cercado pelos picos da serra.

Pedalamos 110 km, mas não se pode ficar pensar nisso. Estabelece-se o destino dando consideração a todas dificuldades do percurso e o esforço que se vai despender, então deixa-se isso numa parte profunda da mente – aquela responsável por nos dar força e ânimo – e nos deixamos envolver pela beleza do caminho.

Assim, o ciclismo é um bom exercício físico que nos permite ao mesmo tempo fazer um turismo rural. E toca a subir.

Sempre que possível procuramos caminhos livres de trânsito de veículos e, desse jeito, acabamos cercados pela exuberante natureza.

Na maior parte do caminho giramos os pedais sem muita dificuldade, mas há trechos – que como disse o amigo Nilson: dá vontade de sentar e chorar – de subida bem pesada. Primeiro todos os músculos tentam nos empurrar para cima, mas há momentos que o jeito é desmontar e empurrar. Assim foi a trilha entre Carlos Euler e Bocaina de Minas passando pela cachoeira.

E nesse incessante exercício, desde às 6:30 da manhã até 17:30, começo da noite, encontrou-se gratas surpresas. Meus colegas de aventura depararam com uma serraria igualzinha a que o pai deles tinha quando eram meninos.

Não faço ideia da emoção que passou pelo peito de João e do irmão sentandos nas toras, vendo a velha serra de fazer tábuas e aspirando o cheiro bom da serragem e da madeira. Mas não deu para prolongar a reminiscência, a noite caia rápido

e a festa em Santo Antônio estava para começar. Seguimos.    

publicado por joseadal às 13:37

Junho 02 2014

Girando e girando os pedais o ciclista segue estrada afora.

São muitas as razões que compelem as pessoas a sair sobre duas rodas. Vencendo espaços curtos ou longos, movidos por suas próprias forças, eles seguem. E sempre por algum objetivo. Dois amigos pegaram suas bikes e, no sábado 31/05/2014, foram em busca de uma nova experiência: assistir a festa em Piedade do Rio Grande, MG.

 

Para facilitar sua demanda pegaram o ônibus para Andrelândia, MG. Houve alguns percalços, mas deu tudo certo, no final.

 

Pelas janelas do coletivo viram a cidade ficar para trás e surgir, soberano, o verde das paisagens da Mantiqueira. A viagem durou 4 horas.

Desceram as bikes, em Andrelândia, vestiram o uniforme e, às 11:30, montaram deixando a cidade. Era um passeio, mas tinham hora para chegar. Queriam assistir a missa fabulosa e precisavam rodar 70km pelas acidentadas terras de Minas Gerais.

Dois amigos e o espaço aberto por toda sua volta. Estavam no alto da serra e por onde a vista alcançava tudo estava lá embaixo. Almoçar uma comida mineira é sempre prazeroso. Em São Vicente foi aquela fartura e tendo como paisagem os morros sem fim a refeição foi ainda melhor.

Continuamos. Num ritmo forte, sempre pelo asfalto, passamos Madre de Deus e começamos uma subida que não acabava. Ainda mais alto, num espinhaço da Mantiqueira os dois lados da estrada abriam-se em um panorama sem obstáculos.

A tarde passou rápido, as sombras se alongaram e uma aragem trouxa a friagem daquelas alturas. As 18 h se aproximavam e, de repente, surgiu empertigada o arruado de casa de Piedade.

A cidade em festa, as ruas cheias, descemos a avenida principal em direção a Matriz. A procissão sairia em pouco e corremos para casa do presidente da organização da Congada e Moçambique, o hospitaleiro Elson. Apresentamos-nos, deixamos as bikes guardadas e tocamos para a igreja, bem a tempo de acompanhar os fiéis carregando os andores. (em primeiro plano o amigo Elson)

Nossa Senhora em duas de suas formas, do Rosário dos pretos e das Mercês, e são Benedito eram reverenciados como parte da grande Comunhão da Igreja. Puxados pelos padres os católicos cantavam hinos e rezavam o terço.

A intervalos uma banda entoava cânticos de louvores e na subida da rua da feira os participantes da Congada e Moçambique, em suas roupas imaculadamente brancas, com seus chapéus sem aba e ornamentados de fitas coloridas puxaram o louvor a Senhora Mãe dos Pretos, N. Sra. do Rosário.

Foi tudo muito belo, mas a noite de festa e devoção estava só começando.

Veja o vídeo http://youtu.be/VdeECLRbCxk          

publicado por joseadal às 21:23

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