Parece um bumerangue. Quando saímos a pedalar somos impulsionados por duas forças, como todo universo. A vontade forte dentro da gente de ganhar mundo, pegar uma estrada e ir embora afirmando nossa liberdade, é o impulso que nos faz deixar a cama quentinha e ir pra rua de tempo encoberto e frio. Como ontem, 27/07/2014, quando eu e o amigo João pegamos um ônibus e fomos à Paraíba do Sul.
Tomamos um café, encontramos três jovens ciclistas de Três Rios e atravessamos Paraíba do Sul.
Depois da ponte subimos para Paty de Alferes. Uma longa subida vencendo morros cada vez mais altos, contraforte da serra. A atmosfera fria o céu encoberto é típico do inverno, tempo bom de pedalar. Nossa energia rende mais.
Passamos por Paty onde tenho alguns conhecidos que pedalam, mas não paramos. Tocamos para Miguel Pereira e para o almoço.
Falei de duas forças que nos movem, a outra é o calor e o amor do lar. Lar, a lareira, onde nossa alma se sente aquecida e onde se abriga em confiança com a esposa e filhos. Nesta altura do passeio esta atração começou a nos puxar. Em especial, por que delimitamos o pedal em seis horas e restavam pouco mais de duas. Almoçamos enquanto a chuva começava a cair, fraca. Restava um quarto do percurso e não pudemos refugar a ficar molhados. Tocamos pra frente com toda força. Estava testando minha bike levinha, adquirida da amiga Sandrita. Minhas pernas agradeceram pela Scott gostosa de pedalar. A água escorria do capacete e estávamos encharcados, mas aquele trecho da serra fica mais bonito nos dias encobertos e com pouca claridade. Passamos por Morro Azul e Sacra Família.
E logo pegamos o descidão e entramos em Vassoura com seus paralelepípedos irregulares que para uma bike leve e sem amortecedor traseiro é um castigo. Castigo para meus fundilhos.
Fiquei preocupado de ter trazido o colega num pedal assim. Pensei: perdi outro parceiro da bike. Mas fiquei alegre quando na rodoviária, tomando um café quente com uma dose de pinga com mel, ele disse: Foi um pedal muito legal, Zé. Colocamos as bikes no bagageiro e deixamos o ônibus correr parecendo ser puxado pela nossa vontade de chegar em casa.