O ciclismo é esporte, lazer e um meio de fazer turismo, mas também pode ser um sacrifício. Um esforço contínuo sob um sol forte que drena toda energia é um sacrifício. Como tal não tem razão de ser se não envolve uma devoção. Por isso, quando íamos sair de Volta Redonda, na manhãzinha de sexta-feira, 10/10/2014, oferecemos a Nossa Senhora esse pedal como oferenda. E fomos.
Saímos do meio urbano, seguimos pela Dutra e em Floriano entramos na estrada de chão em Bulhões,
atravessamos Resende e rodamos para São José do Barreiro. O sol ardia e encontrávamos em qualquer sombra um refrigério.
Mas não parávamos mais que cinco minutos e chegamos à Estrada dos Tropeiros e ao almoço.
Foi uma refeição calma para aproveitar o frescor do restaurante. Mas fizemos a digestão sobre as bikes. Ficamos surpresos de ver que a extensa ponte sobre a represa do Funil hoje só serve para passar um pequeno córrego. A água represada, cada vez mais escassa, está longe, a vista não mais alcança.
E logo depois, na direção de Areias, pegamos a longa subida. Sentamos a uma pequena sombra, mais parecidos ao Jonas da baleia do que a fortes ciclistas.
A serra do mar era um paredão azulado à nossa esquerda.
Mas chegamos e tomamos muito líquido. O sol do final da tarde não queimava mais e pintava tudo de cores douradas.
Restavam 30 km, e encaramos a estrada. Muita subida. As sombras tomavam conta do mundo.
A noite caiu e nós três corremos juntos iluminados pelo farol da bike de Pedrão. Que alívio quando vimos as luzes de Silveiras e corremos para a pousada. De banho tomado sentamos a mesa para jantar e conversar sobre tantas belezas desse dia.
O sábado amanheceu lindo. O céu azul puro era o próprio manto de Nossa Senhora. Tomamos um café da manhã reforçado – eu comi até farofa de iça, bumbum de tanajura - e saímos. No portal tiramos foto com o burrinho que esperava os outros, nós.
Depois do portal largamos o asfalto e seguimos na direção da Canção Nova por uma rota de caminhantes.
Chegamos a Dutra e pedalamos com toda força para pegar a missa da 10:30. Que alegria quando vimos a cúpula da catedral!
Rodamos em meio a milhares de pessoas de toda parte do Brasil. As bicicletas chamavam atenção e muitos vinham falar com a gente e elogiar o sacrifício que fizemos.
Entramos no imenso salão, comungamos, rezamos, choramos e sorrimos muito pela alegria de termos chegado.