Para quem nasceu e passou a vida numa cidade andar pelo sertão é impressionante.
Terras a perder de vista, cobertas de matas sobre morros e serras. Nem pense em tomar posse de um pedaço, tudo no sertão já tem dono. O sitiante "seu" Zé, parece uma simpatia, mas tente passar da porteira pra dentro sem pedir licença!
Com certeza, não há naqueles termos um pedaço, um grotão, uma nascente de rio que não tenha sido visitado por índios, portugueses aventureiros e caboclos andarilhos. Mesmo num vale tranquilo tem sempre uma estradinha, testemunho de que os homens andam pelo sertão.
O ar é limpo, e se algum resquício tóxico há, veio tocado das cidades pelo vento. Então, pode-se puxar o ar e prender no peito ou direcioná-lo para alguma parte do corpo – minha mente costuma manda-lo para as vértebras cervicais com incrustações de cálcio que me incomodam o tempo todo. As cores são mais acentuadas e enchem os olhos com uma beleza incrível. É o sertão.
Ontem, 11/04/2015, treze homens subiram em suas bikes para rodar naqueles altos.
Tanta lindeza vimos por aquelas paragens, e nem tão distante ficam das cidades.
As serras e os caminhos que as atravessam, cheios de subidas e descidas semeadas de pedras soltas, exigem muito do corpo do ciclista. Às vezes até os derrubam. Aqui "seu" Zé "comprou um terreno" mas já colocou ele à venda.
Quando se chega à uma pousada simples naquelas brenhas as conversas rolam, bebe-se muito líquido e se come o que nos oferecem.
Foi uma volta de poucos quilômetros, nem cem, mas as dificuldades do terreno acidentado esticaram o tempo e quando descemos a serra a noite já havia caído.
Que beleza aquelas luzinhas nos capacetes e nas bikes cortando velozmente a descida asfaltada em que as cidades que deixamos para trás de manhã bem cedo, agora nos atraiam com conforto, um banho quente e o calor da companheira.
O sertão e sua variada vida escondida não dorme, mesmo coberta pela noite está cheia de movimento. Deixamos o sertão lá nas montanhas.