Ontem, 09/04/2015, fui a cerimônia Ghostbike de Mário de Oliveira, ciclista atropelado por um ônibus em Barra Mansa, e que não conhecia.
- Zé, você foi como apoio a alguém da classe de ciclistas a que você pertence, não é?
Enquanto pedalava para o encontro na entrada da ponte dos Arcos, pedalando por uma via movimentada entre Volta Redonda e Barra Mansa que não tem ciclovia e a gente se espreme ao meio-fio com os carros passando raspando, pensava na razão de estar indo à cerimônia.
Havia uma questão política que levantei quando me foi dada a palavra. A tendência mundial para tentar reverter um quadro de sobrepeso geral, de estresse galopante e de trânsito sempre engarrafado é a mobilidade sobre duas rodas, sem motor a combustão e de preferência com as próprias forças. Mário de Oliveira, contou-me sua filha, andava de bicicleta desde os 15 anos e ela e irmãos iam para a escola no porta-embrulho bem agarradinhos ao pai que amavam.
Uma intimidade dessas um garoto dentro de um automóvel vendo o pai ou a mãe xingar e fazer barbaridades no trânsito, nunca vão ter. Disse, na presença do presidente da Câmara de lá, que Volta Redonda e Barra Mansa teimam em não acompanhar a mudança de comportamento mundial e seus políticos e técnicos não têm criatividade nem ousadia de mudar o que é retrógrado. Marcelo Cabelereiro quando discursava.
Mas foi uma homenagem bonita, ao homem e ao ciclista. Um grupo expressivo saiu daqui e foi pedalando até lá o que deve ter emocionado a filha e a neta de Mário de Oliveira que também discursou.
Então, aconteceu o momento simbólico de afixar com corrente uma bikezinha branca como lembrança de que naquele local foi morto um ciclista.
A polícia parou o trânsito e os ciclistas sentaram na rua como um pedido e um aviso de que as vias dentro da cidade não são só dos veículos motorizados.
Em suma, fui lá homenagear um irmão e um colega ciclista que chegou aos 77 anos pedalando e podia ter vivido muito mais tempo. Quem sabe, sua morte não despertará consciência?
A bicicleta existe para aumentar a expectativa de vida das pessoas e não para nos expô-las a morte prematura.