Desde que começou construir suas casas e ajunta-las em
cidades as mulheres e os homens perderam um bocado de sua relação com o Deus.
Cercado de casas e prédios, às vezes, sem conseguir ver um
morro e sua cobertura vegetal, todos seus sentidos só percebendo as obras
humanas, as pessoas embotaram sua espiritualidade.
Voltado para o que faz ele perde sua bússola, seu GPS que lhe diz quem é e porque está neste planeta.
Mas quando saímos por uma estrada, caminhando ou pedalando, o
globo em que vivemos se expande perante nossos olhos admirados.
Um espetáculo assim se descortina melhor no alto de uma
serra. A estradinha serpenteando em volta dela apresenta um visual que nem a TV
nem o cinema conseguem mostrar.
Foi assim nossa subida na serra do Funil, em Rio Preto, MG.
A esfera que chamamos de Terra se abre em um mar encapelado de morros.
O denteado da cadeia de montanhas lá para o lado de
Ibitipoca, as colinas e morros se desdobrando até onde a vista pode alcançar ou
a curvatura de nosso planeta esconde, é de uma magnitude que nos torna humildes.
Longe da característica da construção humana que delimita
o espaço, como o corpo faz com nossa alma, a amplidão que se vê saindo pelos
caminhos faz o espirito dentro de nós lembrar que veio de espaços infinitos e
que para lá ainda vai de volta.
Abra seus caminhos, saia de casa, ande com suas próprias
pernas, vá além das últimas casas do derradeiro bairro de sua cidade e veja que
há muitas belezas que não foram feitas pelos humanos.
Na realidade, quando chegamos aqui há milhares de anos já estavam feitas.
Abra, passe a porteira e veja o mundo.