Uma Ágape é uma festa, mas diferente de uma festividade qualquer
porque nela os participantes tanto se conhecem quanto sentem afeição por cada
um. Então, é um encontro alegre, sem ostentação de condição social ou de estudo,
onde não há rancores, nem ciúmes e muito menos desavenças. O encontro no sítio
de Jaqueline e Nilson foi tudo isso e de tão bom ninguém queria que terminasse.
E os convidados demoraram tanto a chegar! O churrasco já
estava no ponto, os panelões de arroz
soltinho e canjica feita com leite grosso, quentavam em cima do fogão de lenha
e os donos do sítio juntos comigo e João que chegáramos na véspera, esperávamos
junto com a cachorrada. No momento certo os carros entraram no pátio cercados
de brincadeiras e sorrisos. Foi um almoço muito bom.
Quando chegamos, na noite anterior, uma lua linda e cheia
inundava a noite de magia e beleza.
Depois de conferir as acomodações, acendemos
o fogão de lenha que fica na varanda e ficamos conversando. Sem televisão e computador
os sentidos ficam mais aguçados, os ruídos no mato em volta e sombras fugidias
que se misturam as trevas da noite, em momentos nos fazem voltar ao homem
primitivo com seus receios e crenças. De repente os cachorros correm latindo e
cercam um abacateiro. De lanterna em punho vamos lá conferir e vemos brilhando,
bem nos galhos mais altos, os olhos de uma gambá.
Durante o dia, a luz espantando os temores, foi bom montar
na bicicleta caseira e ir buscar o pão quentinho na padaria, vendo a neblina
cobrindo os vales em volta da serra da Concórdia. Na mesa do café voltei ao
tempo de criança recolhendo a nata grossa sobre o leite gelado, salpicando sal
e passando no pão ao invés de manteiga. O amigo Nilson sorria vendo a alegria do visitante.
O churrasco foi uma festa para nossos corações. Não há nada
melhor do que uma boa disposição de espírito que faz o rosto sorrir e desmancha
as tensões. O passeio pelo sítio, com passos calmos, conversando muito e
colhendo uma mixirica aqui outra ali. Os cachorros trançavam entre nossas pernas.
Ah, mas bom mesmo foi buscar os cavalos no pasto,
encilha-los e depois de puxar as crianças receosas e alegres montar e sair
cavalgando pelas colinas que cercam a serra.
O amigo Pedrão matou uma saudade de bastante tempo. Estávamos mesmo tentando ficar longe da modernidade.
Os motores dos automóveis esfriavam e a gente se locomovia num ritmo mais lento
ao sabor dos passos dos animais. Era paz e infância nos corações muito vividos.
Era bem próprio para aquele lugar, São Francisco de Assis, Valença, RJ.
De novo a noite, mas dessa vez juntamos lenha e acendemos
uma fogueira para espantar o frio e os temores. Tudo era alegria e risadas.
Voltamos a ser crianças nesse ágape. Jesus disse, Mateus 18:2 e 3, que isto é
muito bom: “E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles e disse: Em
verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos,
de modo algum entrareis no reino dos céus”.
E não foi como estar no céu, aquela festa de amor?!