Nas montanhas paulistas, este município é um lugar de beleza impar.
Não foi uma tarefa fácil, como o devoto que almeja chegar ao céu, nos impomos persistência, dores e determinação, mas valeu a pena.
Como fica muito longe de nossa cidade pegamos um ônibus para Pindamonhangaba, em 30/04/2013. Conversamos muito e aproveitei para ler. No livro Castelo Interior, de Santa Tereza de Jesus, encontrei esse trecho que antecipava o esforço que faríamos mais a frente (p.23):
“As penitências que fazem estas almas são tão controladas como a sua vida. Querem-na muito para servir a Nosso Senhor com ela, e tudo isto não é mau; assim têm grande discrição ao fazer penitências, para não causar dano à saúde. Não tenhais medo que se matem, porque a sua razão está muito em si para pôr de parte a razão. E sempre andamos e nos cansamos - porque crede que é um caminho custoso -, já será bem bom que não nos percamos”.
E foi o que passamos. Começamos a pedalar às 10:30, hora muito tardia. Tínhamos por diante 50 km com subidas e uma serra pesada com 16km.
O visual lindo aliviava o cansaço dos músculos das pernas, braços e costas. Passou a hora do almoço, a água acabou e não havia fontes pelo caminho. Pensamos em chegar lá em cima pelas 14:30, mas o sol estava baixo, eram 16 horas, quando chegamos ao portal da cidade.
Ainda no mirante o amigo Pedrão teve uma forte câimbra em ambas as pernas. Era um sofrimento, como disse a santa: “sempre andamos e nos cansamos, mas com grande discrição, para não causar dano à saúde”.
Corremos para a pousada Refúgio dos Peregrinos, um lugar simples, tranquilo e aquecedor. É uma hospedagem para os que fazem o longo percurso do Caminho da Fé e, por condescendência, para alguns desportistas.
Depois do jantar, agasalhados, saímos para visitar Capivari, o centro turístico e nobre. Ficamos na calçada, em um restaurante, saboreando uma bebida e trocando ideias com o conforto dos aquecedores.
A temperatura caia rapidamente, fazia 8 graus. Voltamos a pé para o hotel contando histórias e curtindo o frio.
Deitados no mesmo quarto, bem aquecidos, descansamos os corpos cansados agradecendo a Deus por ter-nos dado força e, como desejou a santinha: “já será bem bom que não nos percamos”, ainda mais que estavam andando comigo!