bikenauta

Outubro 07 2011

O personagem de um livro, parado no meio de uma catedral gótica altíssima que parece construída não para abrigar uma congregação religiosa mas o próprio Deus, diz: "É a primeira vez que me sinto feliz dentro de uma igreja". O narrador do romance que o conhece bem explica que a admiração dele não é pelo templo em si. No início do protestantismo aquela cidade e seu príncipe se converteram a nova fé e esvaziaram a catedral do altar, das imagens e das pinturas, ela estava vazia a não ser pelos bancos. Era a impressão do imenso prédio vazio que tocava em um desejo profundo que ele não conseguia realizar: tirar de sua vida tudo que a atravancava, deixando-a bem leve e calma.

 - Ô Zé, desculpe interromper, mas já me intrometendo. Esta bela exposição não está no blog errado não? Este aqui é onde você fala de ciclismo!

Mas é aí que eu quero chegar!

Quando se saí a pedalar o coração fica tão leve e alegre, a língua tão solta pra falar que ele nem refleti no motivo. Julga que seja porque seus olhos se enchem do azul do céu ou do rebrilhar da água de um córrego limpinho, ou ainda porque os ouvidos são afagados pelo canto dos pássaros e do farfalhar das folhas pelo vento. Mas o que realmente mexe com o ciclista é o que estas belezas que impressiona seus sentidos acordam no mais íntimo dele: somos donos de todo este vasto mundo. Cala dentro de cada um de nós a convicção que nascemos para usar todas estas maravilhas e não para mourejar de sol a sol, pagando contas e comprando o que nos convencem de que precisamos. Sobre a bike é ele e todo este mundo lindo. Sente-se como se estivesse entrando com sua magrela no paraíso e Deus dizendo: Bem vindo filho, que bom você ter voltado.        

Isto é que lhe dá tanta alegria!   

publicado por joseadal às 22:43

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