bikenauta

Novembro 12 2012

Quando se decide alcançar um objetivo, dizem os estudiosos que diversas conexões são formadas para nos ajudar. São forças quânticas e anjos, poderes da mente e fé, seres espirituais amigos e o Espírito de Deus; pode-se acreditar na razão que melhor nos convier. O fato é que uma força além da nossa nos impulsiona. Foi assim com a colega Elizângela, a amiga Chuchu.

Ciclista esforçada numa cidade que não tem muitas mulheres que pedalam, ela consegue acompanhar homens nos passeios de Mountain bike. Mas a amiga Chuchu tinha um desejo desde que viu um colega levantar bem alto sua bicicleta depois de ter subido a serra da Bocaina. Quando soube que iríamos lá ela pediu para nos acompanhar. É uma missão que exige muita força das pernas, determinação na hora que todos os músculos doem e confiança e desejo de chegar ao alto, a 1.700 metros.

Quando saímos de carro para Bananal o tempo estava fechado e a montanha se vestia de pesadas nuvens. Diferente da colega nosso objetivo era mais duro: atravessar os 30 km sobre as serras, romper por uma trilha a pé e chegar a cacheira do rio Bracuy que despenca lá de cima bem em frente ao famoso condomínio, no município de Angra dos Reis. (na foto não aparece Eduardo e os dois colegas da direita voltaram por uma quebra na bike) 

Elizângela nos confessou que tinha absoluta certeza de que ia empurrar a bike, não conseguiria subir e subir forçando cada giro do pedal; não tinha preparo físico, com certeza. Mas aquela mulher entre quatro ciclistas resistentes não desanimou. Quem a acompanhou assistiu Elizângela fazer cada volta da encosta com aclives acentuados, sem se queixar e com um sorriso feliz no rosto. Ainda brincava: Minha filha me disse ontem, a senhora fala em subir uma serrona com esse ar de felicidade na boca. E Ela conseguiu alcançar seu objetivo. (foto tirada pela máquina dela)

Logo acima chegamos ao alto o asfalto termina e o caminho se dobra numa vertiginosa descida de chão com muita pedra. Agora era a vez dos rapazes chegarem ao objetivo deles, ver o mar do outro lado da serra. E a colega decidiu tentar o feito. Parando umas duas vezes para descansar e nos hidratar fomos até o fim da estrada, a pousado do rio Mimoso, atualmente fechada. Perto do casarão entramos à esquerda e continuamos pedalando por um trilho estreito no meio da mata, até onde deu. Chuchu na nossa cola.

Não dava mais para ir de bike e começou 30 minutos de forte caminhada pela mata Atlântica. Árvores caídas, riachos de águas transparentes, bromélias de todas as formas e cores, pássaros cantando em toda volta, cipós e arbustos tentando fechar o caminho aos seres humanos que tinham a ousadia de invadir a mata virgem e o canto parecendo um martelo batendo na bigorna das arapongas, por todos os lados.

(na foto a colega driblando uma árvore enquanto Eduardo assisti com um sorriso no rosto)

Depois de muito andar o barulho das águas encachoeiradas foi aumentando até que saímos nas pedras da cachoeira.

(Velasco acabando de chegar com Chuchu)

Lá embaixo, lindo, lindo, lindo, as enseadas e baias de Angra dos Reis. O mais jovem de nós, Eduardo, levantou as mãos e gritou: obrigado meu Deus por poder ver uma coisa tão linda. Lindo, indescritível. Foi um momento de devoção e de paz para nós cinco.

Contado assim parece ter sido fácil chegar lá, mas o terreno acidentado em cima da Bocaina faz o ciclista se esforçar muito. A serra do Mar tem 70 milhões de anos, formou-se com o grande cataclismo da separação do supercontinente Godwana. Mas rochas que se elevaram àqueles píncaros, magma solidificado, tem mais de 600 milhões de anos. E em todo este tempo as intempéries trabalharam formando um terreno caótico e muito acidentado. Andar de bicicleta lá em cima não é como pedalar numa rua asfaltada. É enfrentar as forças tectônicas da Natureza. E conseguimos, o Criador, em volta de nós em tudo o que víamos, nos auxiliou.

Depois, veio o almoço maravilhoso no belo restaurante Chez Bruna. Ficamos gratos de poder descansar o corpo nos bancos em um terreno todo gramado com o barulho de água escorrendo ininterruptamente de muitas duchas. As meninas que trabalham ali foram magníficas em nos servir tão bem e tão rapidamente. A salada com ingredientes variados e um molho feito com mel e mostarda foi uma entrada espetacular.

Os pratos quentes foram feitos com capricho e as trutas grelhadas acompanhadas de molho com alcaparras e molho com champignon estavam deliciosas. Conversamos muito enquanto nos deliciávamos com a comida saborosa. Depois vou contar uma coisa muito instutiva que discutimos ali. A presença do amigo Reginaldo num pedal é certeza de conversa edificante e muita camaradagem.

Então foi voltar. O céu encoberto falava de chuvas, mas não sobre nós, em outros pontos da serra. Fomos protegidos o tempo todo. A tarde caia e olhávamos o mesmo terreno de um outro ponto de vista, a volta. Sobe-se por quase uma hora até sair do platô da Bocaina. Então a subida desgastante transforma-se numa descida que enche o coração e a mente de pura adrenalina, especialmente com o asfalto molhado da chuva que caíra até pouco antes da nossa chegada ao alto. Quando nos abraçamos, as bicicletas já presas aos carros, só conseguíamos dizer: obrigado, o dia foi maravilhoso.

   

publicado por joseadal às 23:39

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