bikenauta

Julho 08 2012

“Vocês pegaram muito chuva pelo caminho, Pedrão?”

“Tinha muita lama, João Bosco?”

“E as subidas, tiveram de empurrar muito, Alex e Cristina?”

Nossos quatro amigos que fizeram o Caminho da Fé, desde Água da Prata até Aparecida,
escutam essas perguntas com uma expressão de incompreensão nas faces. Dão
um sorriso tímido e respondem na lata: Foi tudo bom demais! (fotos de João Bosco)

Hoje compreendi plenamente esta atitude deles na leitura da Bíblia que faço todos os
dias com Lili. Ela declamava o Salmo 84, A Alegria do Peregrino:

“Como eu amo o teu Templo, ó SENHOR Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali!”

Este desejo e vontade é o que faz de um simples mortal um peregrino. Ele tem um objetivo
sempre ligado ao Criador, geralmente buscar um templo de Deus.

Quando estão no caminho não notam as dificuldades que eu e você, na pachorra da nossa casa,
imaginamos, mas longe de passar por elas. Pelo contrário. Estando imbuídos de um espírito
vivificante veem tudo com  boa emoção:

“Felizes são os que caminham para tua casa, sempre cantando louvores a ti! Felizes são
aqueles que de ti recebem forças e que desejam andar pelas estradas que levam
ao Teu santo monte! Quando eles passam pelo Vale das Lágrimas, ele fica cheio de fontes de água e belas matas”.

João Bosco contou que passavam pelo alto dos morros vendo de um lado e outro as plantações
que aqueles que trabalham a terra conseguem vencendo a luta com a Natureza. As
subidas nas quais eu e você entregaríamos os pontos logo na metade eles sobem carregando
os alforjes pesados. Lá do alto as pequenas cidades que os esperam são maquetes de Deus.

- Mas, Zé, eles contaram que no primeiro dia pegaram uma chuva que não parava.

Cobertos com as capas finas que escorriam água fria, o chão de
barro bom para a plantação virando barro que agarrava nos pneus, eles sentiam
como cantou o salmista:   

“As primeiras chuvas nos cobrem de bênçãos”.

Foram seis dias de pedalada por uma região linda e montanhosa. Três varões e uma mulher.
Pensa que estavam muito cansados, ela com as forças esgotada? Não, eles se sentiam assim:

“Enquanto vão indo, a força deles vai aumentando. Escuta a minha oração, ó SENHOR, Deus Todo-Poderoso!”

Cidades e mais cidades desdobravam-se pelo Caminho da Fé. A hospitalidade dos moradores era outro
estímulo para os peregrinos. Eles lhes diziam: antes de ser criado este Caminho de
Fé, quase não víamos visitantes, agora a cada dia chega gente nova cheia de
esperança, boas maneiras e fé.

Estes são um dos muitos testemunhos de prontidão,
exemplo de força e determinação que os peregrinos passam para nós, os que ainda não se determinaram a fazer um empenho por sua espiritualidade.

O salmista termina anunciando feliz: "Ó SENHOR Todo-Poderoso, como são felizes aqueles que confiam em ti!”

publicado por joseadal às 18:44

Junho 12 2012

O livro Lugares Místicos conta que em 1922, Alfred Atkins,  arqueólogo amador e caminhante contumaz ,
lançou o livro Trilhas Primitivas da Grã-Bretanha onde dizia: “Essas estradas
que não se sabe quem abriu têm uma corrente encantada que se estende até onde a
vista não alcança e que liga antigos monumentos e sepulcros pré-históricos”.

Assim surgiram estradas místicas como O Caminho de San Tiago
de Compostela, rota escolhida pelos cristãos europeus para visitar o túmulo do
amado apóstolo Tiago, o irmão de João Evangelista e o pescador que com Pedro e
André formavam os quatro mais íntimos discípulos do Mestre.

Aqui no Brasil não foi diferente e romeiros começaram a trilhar
estirões para devoção. Oswaldo Buzzo, caminhante de tantas vias fala assim do
Caminho da Fé: “Faz parte dos objetivos do Caminho: proporcionar às pessoas que
se dispuserem a percorrê-lo, momentos de reflexão e fé, saúde física e
psicológica, e um passeio turístico ecológico”.

Pergunte aos cinco participantes do Clube Bike Adventure que
percorreram de bicicleta os 200km do Caminho da Paz o que eles aprenderam
naquele circuito e eles te dirão da fé que ficou mais forte, da compreensão que
aumentou e da devoção ao nosso maltratado planeta que recrudesceu.

De novo dou a palavra a Oswaldo: “O Caminho passa por 19
municípios através de estradas vicinais de terra, trilhas, bosques, pastagens e
asfalto, e foi criado para dar estrutura e suporte às pessoas que fizerem
peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os
imprescindíveis pontos de apoio”. Fazer o Caminho da Fé precisa ser mais do que
um pedal legal. É importante para o homem e mulher que pedalam sentir que estão
fazendo uma peregrinação ao Santuário de N. S. Aparecida. Aí, você pode dizer:
ah, então não é para um ciclista evangélico! Peço que se lembre do que um
enviado do próprio Senhor do universo disse, Gabriel falou o que Deus Lhe mandou
dizer: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre
as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. Todo cristão devia
pensar como Deus.

Mas se religiões separam a fé e o amor unem. E o romeiro
diz mais: “Em seu caminhar, seguindo sempre as setas amarelas, o peregrino vai
reforçando sua fé, observando a natureza privilegiada, superando as
dificuldades do Caminho que é a síntese da própria vida. Aprende que o pouco
que necessita cabe na mochila, e vai despojando-se do supérfluo”.

Os ciclistas de nosso clube que ensejarão esta epopeia esperam
por este momento pelo qual passou Oswaldo: “Finalmente, após dias de expectativa e preparação, embarquei
num ônibus com destino à Tambaú, a fim de iniciar minha peregrinação.  Dirigi-me ao quiosque turístico erigido num
calçadão ao lado da praça central. Ali preenchi a ficha de inscrição, paguei
uma taxa e recebi minha credencial de peregrino”. Aí, vai ser só pedalar com o
coração cheio de paixão.

- Ei Zé, não tem foto, não?

Quando terminar o Caminho eu as coloco.

publicado por joseadal às 03:25

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