bikenauta

Junho 07 2012

Passeios ciclísticos, como este ao Rio, tanto geram alegrias e reforçam amizades como acabam por criar algum mau-estar e pequenas ofensas, por isto os mais precavidos costumam dizer na despedida: desculpe por qualquer coisa.

(na praça XV no pier da Marinha com uma réplica da nau de Cabral)

Assim foi que depois de almoçar e pedalar um pouco pela Barra me despedi da turma e com João2010 fomos caçar jeito de chegar a rodoviária Novo Rio.

- Porque, Zé Adal, você não foi com o grupo até o Pontal, como estava tratado?!

(João2010 ao lado de Dom João VI e seu cavalo)

 

Deixe-me explicar. Primeiro: o combinado era voltar até a van que ia esperar perto do aeroporto Santos Dumout. Mas como alguns colegas ficariam cansados deram um pouco mais de grana ao motorista e ele foi para o Recreio pegá-los. Coube a cada um decidir: tenho pernas para voltar? Ou, vou ficar satisfeito só com a ida? Respondi para mim mesmo sim a primeira e não a segunda.Mas a decisão da maioria prevaleceu.

Segundo: voltar toda a orla só com o colega João2010 era perigoso. Assim, já que estávamos perto do terminal de ônibus Alvorada deixamos a turma. Não foi sem um grande pesar.

Pescadores na lagoa de Marapendi, nós pedalávamos sobre a ponte)

 

Quando comecei a fazer mointain bike realizei dois sonhos, pedalar vendo desenrolar a meu lado paisagens novas e... imitar um cowboy.

- Mas Zé, com esta provecta idade você ainda quer brincar de índio e mocinho?!

O que se há de fazer? Quando vi Clint Eastwood no filme Os Imperdoáveis, aquele vaqueiro aposentado, já coroa, voltando a galopar, me senti na pele dele. Entre todas as peripécias do cawboy, sabe qual me cala mais fundo? É vê-lo sobre o cavalo atravessando a imensa pradaria! Andando toda vida. pocotó-pocotó-pocotó.

(na pria de Joatinga, eu e o azul do mar e do céu)

 

Porém, a maioria dos ciclistas prefere um corte rápido nesta cena e quer ver logo o mocinho entrando na cidade da fronteira. Hoje muita gente é assim, igual a Adlar Sander no filme Click. Ele ganhou um comando para pular para frente as coisas monótonas. Um almoço com a parentada - um saco! - aperta um botão e já estava em casa na frente da TV vendo um jogo. Da mesma forma no filme de Eastwood. Numa cena o cowboy monta em seu cavalo, em outra ele aparece vencendo uma subida a trote, em mais outra...

- Já chega, Zé, corta para outra cena, uma bem movimentada, ele entrando no saloom com seu chapéu suado e tome tiro, socos e pontapés.

Está vendo? Eu tô fora, prefiro ficar cavalgando a manhã e a tarde toda sobre meu cavalo, sobre minha bike, subindo encostas ou descendo vertiginoso uma forte ladeira. Eu sobre, minha bike.

 

Por todo o exposto é que deixei a turma seguir e saí sentado no selim e escutando o pocotó-pocotó-pocotó do meu...

- Ih cara, você está misturando tudo!

É pessoal, desculpe qualquer coisa.   

PS. - pedalando e curtindo é que a gente vê e registra cenas como esta. Entre lençóis macios talvez não exista tanto amor e cumplicidade como a deste casal dormindo sob a marquise de uma avenida no centro do Rio.

Me perdoa também, Senhor!

publicado por joseadal às 13:45

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