A volta. Esta palavra carrega um travo de cansaço e obrigação. Não se presta mais atenção a paisagem, só se quer chegar.
(saíndo da pousada em Sta. Antônio do Rio Grande, MG)
Mas não foi assim que aconteceu em nossa volta de Santo Antônio do Rio Grande. Primeiro porque escolhemos um caminho todo diferente e depois porque o percurso é lindo demais. Então, parava-se a toda hora que víamos um panorama bonito, para fotografar.
(catando morangos silvestres depois do café da manhã reforçado)
O que quer dizer que não estávamos focado em correr de volta, olhando para o chão e voando em nossas bikes. Não, de jeito nenhum. Rodávamos aproveitando tudo que a natureza fez para enfeitar o mundo.
Por um bom tempo a Pedra Selada foi o motivo de nossas fotos. Desde lá de cima da serra de Mirantão, quase da altura da Pedra, até junto ao rio Preto que corria manso ao nosso lado. E tudo era verde, mas a roupagem mudava a todo instante. Ora era um caminho cercado e sombreado de pinheiros, ora uma subida vestida de um capim sedoso e luminoso.
E não era só parar, fotografar e rodar. No alto da serra, ainda sem ver sinal de mirantão, lembrei - da outra vez que por ali passei - de um ponto na encosta da estrada de onde se tem uma bela vista da Pedra Selada e tiramos fotos. Achei o local, largamos as bikes e subimos para registrar. Tudo parecia estar nos mesmo lugares, mas é um ledo engano, pois tudo vai mudando o tempo todo.
Depois foi a descida vertiginosa até a pequena Mirantão, de casas pequenas e bem cuidadas, com trepadeiras de flores nas fachadas.
Pegamos, então, o vale do rio Preto, de terreno plano e arenoso, gostoso de ouvir os pneus chiando na estradinha. Saímos na estrada para Visconde de Mauá que está sendo alargada, drenada e será asfaltada ligando Minas àquele belo lugar. Sentimos que nosso governo não está de braços cruzados e muito está sendo feito por este país tão grande.
É uma estrada com um visual lindo que merece ser percorrida de carro quando estiver pronta. Daí, saímos na estrada Resende-Bocaina, bem na ponte do Souza. (nesse lugar fomos atacados por um disco-voador que lançou raios-laser contra nós, mas eram ruins de mira)
Entramos por um caminho que nunca havíamos passado, Jacuba-Fumaça. Foi um sobe e desce constante, mas com as águas límpidas do rio Preto refletindo o sol em miríades de pontos prateados.
Encontramos um local lindo. Um restaurante com um belo gramado e uma praia de areia nas águas doces do rio.
Depois de um descidão chegamos a cachoeira da Fumaça, e como disse João: Era pra se ficar aqui curtindo essa beleza. Trepamos pelas pedras com toda segurança cercados por uma grade protetora. O ronco da água despejando em cascata e as gotículas voando como fumaça é um visual espetacular. E tão perto das cidades grandes!
Chegamos ao lugarejo da Fumaça e almoçamos uma comida simples mais gostosa, descansamos e seguimos devagar. Fazendo a digestão. Seguimos para morro Grande e nos revigoramos com longa descida que deixava ver Porto Real e suas indústrias, lá no vale do rio Paraíba do Sul. Em baixo, tocamos para Quatis, bebemos bastante líquido e, como o amigo Nilson não queria pedalar pela Dutra, entramos na estradinha da cachoeira do Cicí. Caminho tantas vezes percorrido por mim passou sem prestrarmos muita atenção a nossa volta. A noite vinha chegando com um entardecer muito bonito.
Depois de uma boa descida chegamos em Barra Mansa e rodando no meio dos carros seguimos para nossas casas, ainda com o gosto bom de dois dias de pedalada na Mantiqueira em nossos corações.