Uma antiga cantiga de roda, diz:
“Se esta rua fosse minha,
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas e brilhantes
Para ver meu bem passar”.
Pois é, Alguém que nos quer bem calçou com granitos e mármores os caminhos que passamos acelerados com nossas bikes e nem nos damos conta. O ciclismo é uma atividade que se distingue dos outros esportes porque nos coloca no meio da natureza e se soubermos ver a diversidade do calçamento dos caminhos pelos quais passamos e compreender um pouco como foram feitos, nosso passeio se torna muito mais feliz.
Geologia é a ciência maravilhosa que abre nossos olhos para ver estas belezas sob nossos pneus e formando lindas esculturas a beira da estrada.
- Ora, estudar pedras! Francamente Zé, você está pirando!
Não, escuta só. O chão em que pisamos, a crosta da Terra, é denominada de Litosfera pelos geólogos. Ela é composta de sedimentos e rochas. Tudo veio do endurecimento do manto que cobre o núcleo líquido e quentíssimo de nosso planeta.
- Até aí tudo bem. Mas de onde vem a terra, o barro e a argila?
Tudo isto foi rocha que se desgastou com o calor, o frio, o vento e a chuva. Esses grãos pequenos, sedimentos, propiciam os meios de guardar os elementos dos corpos vivos que se decompõe com a morte formando a terra fértil que produz as plantas. Tudo está sempre em movimento como vemos quando pedalamos logo após grandes trombas d’água. Os morros vão sendo nivelados.
- E as serras que a gente sobe botando a língua pra fora?
São denominados Batólitos quando a cadeia de serras tem mais de100 km de extensão. Elas são formadas por vulcanismo. Quando o magma atravessa rachaduras na crosta e chega à superfície ou pouco abaixo dela acumulando lava sobre lava e erguendo a crosta. Mas também surgem quando placas tectônicas se separam bruscamente dividindo um supercontinente ou quando ao contrário chocam-se com violência. São tão imponentes que fazem o ciclista parar admirado.
- Mas e quando a gente passa correndo. Nem dá pra ver.
Dá se você for sensível ao que passa a sua volta e se conhecer alguma coisa sobre geologia vai perceber mais coisas. Seus sentidos avisados darão o alarme. Esses dias, vinha descendo o Morro Grande, entre Vila da Fumaça e Quatis, aqui no estado do Rio de Janeiro. Estava a uns 50 km/h, quando vi e na hora freei a bike tirando esta bela foto deste afloramento – quando a rocha aparece. E esta mostrava torções do choque que juntou a África com a América no supercontinente Pangéia há 250 milhões de anos.
Assim, quando você em sua bike estiver no pé de uma serra se preparando mentalmente para a subida por uma trilha difícil e muito inclinada, pense que este grande desafio foi preparado para você usando tremendas forças naturais.
E agradeça pela subida.