bikenauta

Dezembro 03 2012

Um esporte aeróbico e de resistência como o mountain bike leva o praticante àquele ponto em que os músculos ficam extenuados e ele sente que está chegando a seus limites. Neste domingo, 02/12/2012, um grupo de 17 ciclistas, com a participação da potiguar Cláudia, decidiu ir até as ruínas de São João Marcos, 130 km de percurso. Todo mundo sabia que ia ser um uma parada dura.

Quando deu meio-dia, já tendo pedalado 75 km sob um sol inclemente, quase todos estavam esgotados. Por sorte o barzinho da estrada Rio Claro-Mangaratiba estava perto. Se estivéssemos numa academia era hora de parar e ir pra casa, mas para quem faz ciclismo de longas distâncias simplesmente não dá, estávamos muito longe de casa.

 

Seis colegas decidiram voltar dali e o restante tocou a subir para chegar ao sítio arqueológico. Existiu ali uma bela cidadezinha no fim do século 19, mas quando os engenheiros da Light dinamitaram tudo dizendo que a água da represa invadiria as casas, São João Marcos estava em acelerado processo de abandono. Tiramos fotos, bebemos bastante água gelada e iniciamos a volta. A respiração saía opressa da maioria de nós, idosos os jovens.

É preciso tirar da mente os pontos difíceis que ainda restam ser vencidos. Com o cansaço vencendo cada um é preciso pensar em coisas boas, assuntos leves. A dezena de subidas a ser ultrapassadas precisavam ser esquecidas. Com cada músculo pedindo descanso a mente tem de desviar seu foco para o banho quente e a poltrona macia, a chegada em casa. Como um celular com a bateria quase descarregada o atleta amador tem que deixar sem uso quase tudo para ainda ter energia de prosseguir.

Enquanto ainda de manhã e com o corpo cheio de vitalidade, aproveitávamos o visual, é mesmo uma parte vital neste esporte, a volta, restringindo ao máximo nossa capacidade ao básico, vencer os últimos quilômetros, parece feita num túnel, toda paisagem fica como que enrolada num tubo sem cores e profundidades. Num raro desviar dos olhos presos a faixa na beira do asfalto da estrada que vem de Rio Claro ainda se consegue vislumbrar uma nesga de um ribeirão onde o gado gordo do inverno chuvoso pasta ao final da tarde. Mas a atenção não pode se desviar, os carros passam perto na rodovia sem bom acostamento. 

A pouca segurança está na fila indiana que fazemos pedalando com toda força. Coisa admirável é o que o ciclismo faz no caráter dos atletas. Jovens que poderiam se distanciar facilmente formam uma proteção em torno do velho ciclista. Fechando a marcha ou a frente formando um vácuo que ajuda a manter a velocidade esses homens de brio e grande beleza interior, são uma alegria para o coração que bate acelerado com o esforço de não atrasá-los mais ainda.

A tarde cai, no chão a água da trovoada ainda rola e os pneus levantam uma chuva de pingos sujos. Incrível que a trovoada nos cercou por todos os lados, mas não tomamos uma gota da tempestade.

Por tudo o passeio a São João Marcos, cidade que desapareceu como todos nós desapareceremos um dia, foi uma presente de Deus, uma benção neste dia do Senhor.      

publicado por joseadal às 22:28

Julho 18 2011

Eram 12:30 quando acabamos de vencer a segunda subida no asfalto para Mangaratiba e descemos para entrar no parque arquológico de São João Marcos. Qual não foi nossa surpresa encontrarmos uma alegre e cansada patrulha de escoteiros de Volta Redonda se preparando para descer a estradinha antiga para as ruínas da cidade. O lema dos escoteiros é Sempre alerta e seguindo este preceito corri os olhos pelos rostos jovens procurando o amigo Cacá. Lá estava ele! E foi com prazer que gritei seu nome e fui lhe dar um abraço. (as fotos são do amigo Rogério) tatu)

Conheci Cacá ao levar reciclados à Apae. Depois de muitos anos sendo tratado pelas abnegadas mulheres que tão bem cuidam dos excepionais, ele se tornou funcionário da casa. Como porteiro é o primeiro a ouvir os gritos alegres de Malu quando vou lá, seja levando um edredom à lavanderia seja indo comprar verduras cultivadas organicamente pelo colaborador Ronaldo.

Voltando à visita ao recanto histórico ouvimos, bem alertas, as explicações da orientadora Tereza que muito dedicada nos mostrava, na enorme maquete do belo Centro de Informações: onde era o teatro e a grande casa comercial de 7 portas do comerciante Deco. Lá estavam, tanto a igreja do Rosário dos pretos no fim de uma rua quanto a magnífica catedral na praça central dedicada ao padroeiro, hoje apenas um monturo de pedras. E saber que ali já moraram 20 mil almas! Vale uma visita. O parque funciona de 4ª feira a domingo.

Mas não pudemos nos demorar mais e os 6 ciclista galgaram a subida pro asfalto e correram para Rio Claro, não sem antes comer uns salgados e tomar bastante líquido (você sabe a qual me refiro).  Depois, tanto correndo para Getulândia quanto na estradinha do Roma pedalamos sempre alertas com a quantidade de carros que voltavam de Angra dos Reis.

Ora, mesmo estando alerta para contar tudo do pedal de 120 km, deixei para trás os 75 km desde a praça Brasil, que se preparava para um dia festivo. Mas volto agora ao princípio do belo pedal. Numa gloriosa manhã de inverno passamos pela Melequinha que nem merece mais este nome tão bem cuidada está, tomamos um reforçado café na padaria do Francisco, em Arrozal, e tomamos o caminho da fazenda da Grama: nessa altura eramos 9.

Mas ali, despedimo-nos com muitos votos de felicidades de dois aniversariantes e um colega deles e tocamos para a tranquila Passa Três. Depois de outro lanche encetamos a subida da serra até chegar ao ponto em que se descortina a represa de águas brilhantes. Então, depois de uma longa descida onde nos despencamos a mais de 50 km/h, mas sempre alertas, chegamos a estrada de Mangaratiba.

O restante da história você já sabe, se estiver bem alerta.          

publicado por joseadal às 23:13

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