Às 5:30 da matina deste domingo ainda estava escuro, caia uma garoa fininha. Mas não tinha jeito, botei o capacete e montei na bike. Chamei a turma para um pedal até São José do Barreiro, e se aparece alguém no local de encontro? E eu que me preparei todo, foquei a cabeça nesse Longo Passeio? Fui.
Lá estava o colega Sidnei esperando. O tempo firmou, o céu clareou e fomos. Íamos fazer um caminho novo pra nós, não por Bananal e Arapeí, mas por Bulhões e Resende. Corremos pela Dutra com vontade de sair logo dessa pista barulhenta que foi feita para veículos movidos a motores, não para nós que usamos só a força de nosso corpo.
A empolgação era tanta que não aceitamos só tomar um café, andamos mais e fomos tomar Ovomaltine em Floriano.
Chega de asfalto que venha a estrada de chão com seus buracos, costelinhas que fazem os dentes chacoalhar, poças de água lamacenta, mas com suas casas de arquitetura antiga e simples, com flores na cerca e ar tranquilo. É isso o que buscamos quando andamos de bicicleta.
Bem que avisaram: o caminho de Resende para Formoso não tem subida, é só girar. Foi uma beleza. Adeus às subidas entre Bananal e São José do Barreiro. Às 11 horas estávamos chegando lá. O céu pesado de nuvens escuras não espantou só nossos colegas, acabou com um passeio ciclístico da cidade. Mas fomos ao almoço: um salmão com creme de leite espetacular.
Por que um pedal tão longo, afinal 150 km é chão? Li hoje um folheto publicado pelo laboratório farmacêutico Aché: “A atividade aeróbica – aquela que usa o consumo de oxigênio no processo de geração de energia dos músculos – melhora a autoestima e o nível de concentração do cérebro, além de deixar os reflexos mais rápidos e a memória mais apurada”. Não é um bom motivo para nos exercitarmos bastante? E tem mais:
“Testes neuropsicológicos e de neuroimagem mostraram que o volume do hipocampo aumentou em 16% nos indivíduos saudáveis, o que foi relacionado à melhora nos testes de memória, de funções cerebrais como o raciocínio lógico”. Tudo isso e ainda se divertindo e relaxando é ótimo.
O livro O Egípcio diz: “A vida humana é como uma ampulheta, a areia se esvai como os acontecimentos que vivemos. Um dia bem vivido contém um volume tão denso de situações, deixa em nossa lembrança uma marca tão profunda que pode parecer mais longo do que um ano de trabalho monótono. É bom, quando na velhice a existência se esvai rumo à monotonia, ter dias assim para lembrar”. Esse Longo Passeio é um desses marcos na vida da gente.
Com o estomago leve voltamos, repetimos o trajeto. E a chuva? Não vimos uma gota.