bikenauta

Julho 31 2012

Não se pode julgar algo ou alguém só por sua presença. Ali está ela (ou ele, depende do gosto) em sua frente, linda e maravilhosa, mas como é ela no íntimo? É facinha? Será difícil de conquistar? Que tortuosos caminhos tem em seu interior? Nunca fui dos que se satisfazem só com a aparência, preciso conhecer a alma. Mas não estou falando de uma linda mulher, estou me referindo a uma magnífica montanha.

A Bocaina é linda de se ver, linda mesmo. Mas sua postura também inspira respeito. Mas não fique imaginando ser ela apenas "aquilo tudo" na sua frente. Mais do que "muita areia pro nosso caminhãozinho" (mas aí, como diz XUXU: sempre tem jeito de fazer duas viagens) ela tem profundida. Depois de se vencer a subida e virar a serra, entra-se em seu interior, o planalto. E ali em cima, com o ar mais leve, a vegetação diversa daqui de baixo, seus riachos, paisagens e mil belezas, ela se mostra em toda sua boniteza e imponência. E a gente dá graças por ter tido coragem e disposição de "chegar junto".

Diferente de certas mulheres a Bocaina diz: vem ni mim, mas não sou facinha!

Domingo, 05/08, nós vamos lá, com a proteção divina.

publicado por joseadal às 12:06

Julho 01 2012

Ela é majestosa e misteriosa, a serra da Bocaina. Suas
encostas são forjadas em inúmeras vertentes e o homem, incansável conquistador,
rasgou vários caminhos em suas encostas. Neste sábado, 30/06/2012, subimos a
serra para pedalar por algumas dessas trilhas sombreadas.  

Mas a montanha não aceitou resignadamente esta intervenção do minúsculo ser que veio para dominar
e subjugar o planeta. Com forças dinâmicas que a Natureza usa para desmantelar
a ordem das construções humanas os caminhos sobre a serra ficam quase
intransitáveis. Usando o vento, a chuva torrencial, as plantas, o calor do Sol
e a ação dos animais, em especial dos insetos, a serra como que quer sacudir de
seu lombo tudo o que o homem constrói nela. É o Caos lutando com a Ordem. A bicicleta
- híbrido de máquina e de humano, ferragens forjadas e um motor de carne, impulsionado
por uma energia da mente – vence, ultrapassa, todos os efeitos do embate do ser
humano com a montanha.

Saímos de carro quando ainda estava escuro. Correndo pela
antiga estrada dos Tropeiros assistimos a luz empurrar as trevas para o Hades,
a claridade vencendo a escuridão. Chegamos em São José do Barreiro que ainda
dormitava, tiramos as bikes dos carros e fomos para um café repleto de coisas
gostosa, ali mesmo junto a praça. Muita conversa animada de colegas de longa
data que se encontravam depois de algum tempo sem se ver. A expectativa da
aventura, a antecipação do esforço desmedido que teríamos de usar, aumenta a
adrenalina e faz todo mundo agitado e falante.

Logo os 26 ciclistas se põe a subir o caminho bem cuidado que
leva a Bocaina. Os adultos jovens e experientes ciclistas de competição logo
nos deixam para trás. A bela cidade histórica vai ficando cada vez menor a cada
volta que corta os morros. Estes são como cortezões que cercam o soberano em
sua sala do trono. São 27 km até a entrada do Parque Nacional da Bocaina, só os
últimos cinco quilômetros são lá em cima, já no platô.

Um colega que veio do Rio para pedalar com a gente vê no computador da bike que estamos numa inclinação em que se sobe 12 m a cada 100 m
percorridos. Passa a primeira hora e chegamos propriamente ao trono do Senhor
Tectônico. O caminho tem muitas rochas metamórficas (sedimentos comprimidos e
refundidos em rochas novamente) aflorando, o que torna maior o esforço. Além de
estar levando a bike num plano bem inclinado ainda se tem de ultrapassar essas
rochas que sobressaem do leito da estrada.

Começamos a subida às 7:30 e só às 10 h passamos pelo
quilômetro 15. O visual a nossa direita é maravilhoso. O vale do rio Paraíba do
Sul com sua calha engrossada pela barragem do Funil rebrilha com o sol. Do
outro lado, defrontando a Bocaina, a Mantiqueira fecha nossa região, uma das
mais belas e variadas para a prática do trekking e do ciclismo de mountain bike.

 

Nesses 15 km subimos dos 400 m do nível do mar para 1.300 m. A serra é
implacável, não dá planos longos para se recuperar o fôlego. É subir e subir ou
parar para descansar, fotografar, beber água, comer um biscoito ou uma barra de
cereal. Mas no nosso universo de quatro dimensões o Tempo é uma ampulheta em
que cada minuto escorre irrefreável. E há tanta coisa bela pra se ver, como este cogumelo

que parece um doce ou um efeito de desenho animado.

Ultrapassamos a última crista. O céu é de um azul muito
intenso. O ar está frio, seco e puro. Cada célula do corpo do ciclista é, por
fim, alimentada com a mistura certa para a vida. Os gases, Nitrogênio,
Hidrogênio, Oxigênio e outros não carregam partículas (talvez raríssimas)
partículas fabricadas pelo homem e cujos átomos estranhos ao nosso organismo,
apressam o envelhecimento, modificam o DNA e causam cânceres. O ar puro e frio
vai a cada alvéolo dos pulmões e sai carregando impurezas e nos deixando mais limpos.

  

Os guardas  florestais examinam nossos documentos e nos fazem assinar uma declaração de que não vamos
poluir, incendiar ou mexer com a ecologia do parque. E nos perder nem pensar!
Eles querem cumprir seu dia de trabalho burocraticamente e sem necessidade de
sair com o jeep aos solavancos procurando por malucos descuidados. (foto do amigo Fabiano66)

Para entrar, pernoitar em alguma pousada ou atravessar o Parque é preciso telefonar ou
passar email com nome, CPF, Identidade e a intenção da visita. Mas este canto do mundo

merece uma visita, porque é lindo.

Dali do portal do Parque até a pousada Bocaina onde fomos
almoçar foram mais vinte longos quilômetros. Teve muita descida cheia de
obstáculos: pedras soltas, regatos, buracos feitos por animais, valetas e lama.
Ladeiras pelo trajeto eram inevitáveis. Saímos do Portal às 11:30 e só chegamos
na casa perdida no meio do nada às 14:00. Bikes descansavam junto ao varandão
ou encostadas aos bancos de madeira onde almocei com o prato na mão preferindo
o sol que aquentava pouco ao ambiente gelado da sala de refeições. A mata
cercava tudo. Um cachorrinho brincava com os ciclistas esgotados.

(foto de Fabiano66 porque minha máquina caiu comigo dentro de um riacho)

 

Saímos dali às 15 h para descer, mas pensando numa subida
forte de 5 km que ainda teríamos de vencer e preocupados com a noite que
infalivelmente enfrentaríamos. Descer a ladeira interminável, esburacada e
cheia de pedras soltas na escuridão foi uma outra aventura. (entardecer na lente artística de Fabiano66)

As lanternas presas ao guidão jogavam um facho a nossa frente, mas Zédestrambelhado preferiu descer
com muita atenção, instinto de morcego e agradecido com o farto luar que tudo
clareava com a cor da prata. Quando, finalmente, depois de uma curva, já no pé
da serra, demos com as luzes dos postes de rua em Arapeí, gritamos feito doidos,
de alegria e de alívio. A serra, invisível em seu manto de escuridão,
provavelmente, sorria por ter nos dado tantos momentos de perigo e de auto
superação nos tornando Filhos de Deus mais plenos.

publicado por joseadal às 14:28

Março 27 2012

O rio Mimoso sai mansamente da mata e forma um remanso delicioso de se banhar.

O lugar se assemelha a um quarto de banho com uma enorme banheira empedrada e com um janelão imenso na cobertura do maior prédio jamais construido. O córrego deslisa por sobre o beiral e cai. Não há qualquer ruido, talvez abafado pelas nuvens que invadem o local de banho dando um ar de fantasia. Porém a quietude é causada pela altura, estamos a 1.800 m de altitude em cima da serra do Mar e a corredeira só explode nas pedras lá embaixo. Pela ampla abertura na mata nós quatro devíamos estar extasiados vendo o imenso mar azul até onde a vista alcansasse, mas não se vê absolutamente nada, só o branco leitoso das nuvens.

Neste domingo, 25/03/2012, subimos a serra da Bocaina por uma estrada asfalta que serpenteia pela encosta rochosa onde árvores e arbustos teimam em se agarrar. Virando a serra descemos para o planalto em cima da serrania. A altitude e o esforço despertaram a fome e tivemos sorte de encontrar um grupo de Porto Real que fora ali pescar. Amavelmente nos convidaram a tomar bebidas geladas e degustar o churrasco. Ficamos ali por meia hora e nos despedimos, nosso objetivo era atravessar os 20 km do altiplano até a pousada do rio Mimoso e ver lá de cima o mar de Angra dos Reis.

Tao perto de uma grande população poucos se aventuram a sair da mesmice de suas vidas e ver e sentir a beleza mágica da terra das araucárias. O ar é mais leve, a vegetaçao é parecida com a da Europa e o tempo passa de-va-gar.

 

Ah dormir na pousada Brejal e acordar com um gostoso café da manha ou passear de mãos dadas, ao entardecer com a pessoa amada, é uma experiencia para jamais se esquecer.

 

Almoçamos no restaurante Chez Bruna, mas fizemos mais que isso. Descansamos o corpo cansado sentados no varandão deixando a vista passear pelo jardim de mil cores e vadiamos descalços pelo gramado. Você quer saber se no passeio a rio Mimoso foi bom? Quando rezamos juntos por duas vezes gritamos de coração: OBRIGADO MEU DEUS!

 

publicado por joseadal às 00:15

Junho 12 2011

Voltar as 7 Quedas é um desafio e uma bela aventura. Quando ainda estamos longe, a uns 30 km, ela aparece majestosa como uma anfitriã aguardando os convidados.

Visitar as 7 Quedas não é como ir a um lugar só para ver as belezas do local, todo caminho revela um visual magnífico e grandioso. A cachoeira despencando lá de cima da serra, quando ainda nem começamos a subida, já é um espetáculo.

Então começa a subida forte porque de Bananal, a 600 m do nível do mar, até lá em cima, a 1600 m de altura se sobe 500 m a cada quilômetro. Sobe-se um prédio de 20 andares a cada 1000 m de aclive. De bicicleta, rodando com a própria força do corpo, é um exercício formidável que dá ao ciclista um orgulho de super-homem. A estrada vai dando voltas e a cada curva o panorama vai ficando mais vasto. Chegamos ao quilômetro 12 com sua bica d’água que no verão é um refrigério, mas neste outono frio só dá pra se admirar. O vale vai ficando cada vez mais lá embaixo e o caminho pelo qual passamos ainda a pouco é uma linha fina serpenteando entre a vegetação. Acima o céu costuma estar de um azul muito intenso. Olhe para cima, a serra continua imensa e nosso destino parece inalcançável.

Chegamos ao km 17, aqui a estrada se bifurca. O asfalto continua para o largo do Brastel com seu lago, pousada e uma encruzilhada de caminhos que varam o alto da serra. Mas nós tomamos o caminho da esquerda, chão de terra com muitas pedras soltas. Esta é a senda para a Estação Ecológica e para 7 Quedas. A inclinação é mais forte. O mundo fica lá embaixo e parecemos gigantes. Finalmente alcançamos o ponto mais alto do caminho apesar das encostas continuarem para muito além. Mas vamos descer e já dá para escutar o rumorejar do rio.

A vegetação é diferente, aqui ainda é o reino das araucárias. As sombras do bosque ao estilo suíço tornam a temperatura enregelante. Então, as placas indicam que chegamos. Descemos das bikes e as empurramos por um trilho até a margem da primeira queda, um remanso tranquilo e dourado e a primeira pedra que é um tobogã muito divertido.

O outro remanso é bom de nadar e termina numa beira de pedra natural que represa a água que cai para o terceiro remanso onde o barato é a ducha forte e estimulante. Mas não neste frio. O remanso raso só serve para ficar estirado quando é verão e o sol ainda está a pino. Da beirada se avista a terceira, quarta e quinta queda. A sexta se perde na mata.

Para se ver a sétima é preciso voltar às bikes e descer até a Estação Ecológica. Nos fundos dela, numa mata de contos de fada, com um caminho onde se pisa no musgo verde, chega-se ao pequeno lago formado pela sétima queda. É tudo obra da Natureza com um pouco de organização do homem, o senhor da ordem e da desordem.

 

Subir de novo até a virada é penoso, mas a descida de vinte e tantos quilômetros com o ar frio fustigando o rosto e congelando a ponta do nariz e os dedos das mãos, e a paisagem passando céere ao nosso lado é outro prêmio para quem tem coragem de subir às 7 Quedas.

publicado por joseadal às 13:59

mais sobre mim
Abril 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
11

13
14
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

26
27
28
29
30


pesquisar
 
Tags

todas as tags

blogs SAPO