Há uma beleza expectante quando se está ao pé de uma montanha. Ela antiga, formada há milhões de anos num encontro ou desencontro de placas tectônicas, e nós, seres passageiros, nascidos há 30, 50 ou 67 anos, só. Diante de sua massa gigante não nos curvamos temerosos, mas avançamos corajosos em cima de nossas bikes.
Há uma beleza triunfante quando olhamos cansados e apoiados em nossas "magrelas" lá de cima e vemos os morros se estendendo lá embaixo como ondas de um mar que se move, mas com movimentos tão lentos que não chegamos a perceber. Nos sentimos satisfeitos de ter subido a serra.
Há uma beleza alegre quando pedalamos por cima da serra vendo seus riachos de águas límpidas rebrilhando ao sol e respiramos o ar mais leve e limpo que o montanhoso e majestoso monte nos oferece. Pedalar no planalto serrano dá uma emoção esfuziante.
Há uma beleza nervosa em descer de bicicleta pelos flancos da serra, em especial quando fugimos do caminho aberto pelo homem e nos despencamos por um trilho rasgado pela chuva e por animais, selvagem. O perigo da queda é constante e a adrenalina nos deixa eufóricos.
E, finalmente, há uma beleza tranquila quando chegamos de volta ao pé da serra e se gira os pedais sentindo como se ela nos observasse com respeito. Nós tão pequenos, mas senhores da Terra.