bikenauta

Dezembro 01 2013

“Vista assim do alto mais parece um céu no chão, sei lá”.

Precisa ser a noite para ver as luzes brilhando no asfalto como as estrelas do céu. Mas era dia, nublado, chuvoso, e pior estava sozinho com minha bike e queria subir um ponto alto no Rio.

Mas não podia dar mole.

Estava no final do Leblon quando vi a comunidade agarrada a encosta do Corcovado.

- Lá é o quê, irmão.

- Moro lá, é o Vidigal.

- Vou subir o Vidigal.

O samba de Paulinho da Viola fala de Mangueira, mas no Vidigal é idêntico.

“a poesia

 Num sobe-desce constante

 Anda descalça ensinando

 Um modo novo da gente viver

 De pensar e sonhar, de sofrer”.

Todo mundo se conhece. A rua é uma só e todo mundo sobe ou desce passando pela casa dos vizinhos. A maioria uso o serviço de moto-taxi. Elas passam roncando pela gente o tempo todo.

Agarrado ao barrange da bike forcejava subindo sem parar. Mexia com um e com outra, todos replicavam. É um modo legal de viver.

Mas tinha de subir numa lage e “seu” Antônio que está morro há 50 anos desde que veio do Ceará, me deu a chave e disse: vai lá olhar, não repara a bagunça, teve um forró com um monte de gringo.

A praia do Leblon faz uma curva linda lá embaixo.

Pra descer abaixei o selim pra ficar mais perto do chão, caso caísse. Chovia o tempo todo e os paralelepípedos estavam um quiabo.

- Onde se come bem aqui em cima, colega?

- Vai no Paladar Nordestino, você vai  gostar.

Gostei, a sardinha estava fresquinha e sem gordura.

Acabei de descer para o asfalto. Olhei pra cima e pensei: é bacana viver numa comunidade. Fui.

Na Lagoa passei pelo velho campo do Flamengo e tirei uma foto em frente ao Ônibus de cores tão bonitas.

     

publicado por joseadal às 22:50

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