bikenauta

Dezembro 14 2013

“Que comunhão tem a luz com as trevas”?

Desconsiderando o valor desta pergunta retórica juntei-me com uma tribo diferente de ciclistas.


Os que praticam o downhill são os que amam as descidas radicais: um trilho que desce vertiginoso por uma encosta da serra ou um caminho com forte declive cheio de pedras e buracos. Descem a 80 km/h sem triscar os dedos nos freios. Para se proteger de uma queda com graves consequências, vestem uma couraça de crocodilo. Fui com eles.


Passava das 16 h, as trevas já se aproximavam, ainda mais que a tarde estava carregada de nuvens que descansavam no alto da serra de N. Sra. Do Amparo, que os ciclistas chamam de subida do Robertão.


As bikes de downhill não são feitas para subir, tem uma só coroa e suas marchas são 7. Assim, eles empurram morro acima para descer voando. Com minhas 27 marchas escalei a serra na frente deles.


O visual é lindo, tanto para cima, os picos, quanto para os vales lá embaixo.

- Ora, que graça há em subir uma serra só para descer?

Como lhe explicar? É indescritível a sensação de ver os cumes pedindo para chegarmos lá. É visceral ter uma ladeira por diante, feito um paredão, e você, sem nenhuma ajuda, se não as forças de seus braços e pernas, ir galgando-a metro a metro. O terreno bem molhado fazia os pneus, ainda que bem frisados, derraparem dificultando o avanço. Mas cheguei no caminho da cachoeira de cima, enquanto eles continuaram a subida para descer pela encosta.


Só no meio dos vales encimados pelos picos sente-se uma paz e uma confiança superlativa. Nada é difícil e o coração bate acelerado. Enquanto empurrava a bike encosta acima eles passaram voando para o vale.


E por caminhos diferentes descemos a montanha. Não foi mau andar com amigos de preferência tão diferente da minha.    

publicado por joseadal às 22:30

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